Ao desenvolver os primórdios da linguagem verbal, o homem iniciou o processo natural de dar nomes para todo o universo que então o cercava. Com o tempo, mais e mais palavras foram sendo criadas até constituírem um elevado grau de variedade lexical, que hoje pode ser encontrado na maioria das línguas. Por exemplo, é sabido que os esquimós utilizam mais de dez palavras diferentes para designar determinados tipos da cor branca, devido à grande interação com o meio em que vivem. Os norte-americanos têm no inglês, várias palavras diferentes para se referirem a dinheiro. Não faltam termos para designar quaisquer coisas em Portugal (contanto que estejam todos absolutamente errados, é claro). E assim por diante, cada povo acaba desenvolvendo vocábulos específicos para identificar o que contém grande relevância para sua cultura.
E o brasileiro? Qual seria o objeto ou conceito abstrato que teria mais sinônimos em seu idioma? Engana-se quem acha que Carnaval, mulher e futebol sejam os campeões. Uma das entidades com mais nomes distintos identificados na Língua Portuguesa é o famosíssimo O.S.M., ou seja, o Órgão Sexual Masculino. Quem não é capaz de lembrar, pelo menos, de uns vinte nomes diferentes? Pipi? Ok, você pensou moderadamente. Mas é muito pouco. Pense, por exemplo, em um baile de Carnaval: pinto! Muito bem. Melhorou mas não é suficiente ainda. Agora pense na sua tia pulando nesse mesmo baile de carnaval: caralho, piroca, rôla, vara, pau, mandjôla, caceta, peru, etc. Parabéns, agora você entendeu!
Atualmente, dentro do extenso cabedal da Língua Portuguesa, podemos identificar nove termos mais populares para tipos de O.S.M.s.. São eles: Pênis, Pinto, Pica, Piroca, Peru, Pau, Caralho, Rôla e Caceta. São os nove grandes, o G-9 do sexo masculino. É bom esclarecer que nesta triagem foram excluídos nomes de cunho regional, afetivo-sentimentais e de menor expressão como Jeba, Bililiu, Documento, Pirulito, Estrovenga, Pé de Mesa, Cajado, Peia, Jeripoca, Vara, Impávido Colosso, Meronga, Canetão, Bilaurête, Dedo sem Osso Cuspidor, Mandioca, Roto-Rooter, Badalo, Ding-Ling, Cobra Caôlha, Kojak, Picolé da Maldade, Trôlha, Capitão Carequinha, Papacu Rasteiro da Cabeça Vermelha, Bastão da Alegria, Flautinha de Carne, Dr. Pancrácio Talarico Matsubara Júnior, entre outros.
Entretanto, engana-se quem pensa que todos esses significantes remetam ao mesmo significado. Por acaso, um pipi seria igual a um caralho? Qual dos dois aparenta ser maior? Ou melhor, qual dos dois você preferiria que lhe enfiassem no ouvido? O pipi, é claro! Inconscientemente, ele é menor do que o caralho, mais fino que a rôla e mais mole que a pica. Cada um deste nove nomes é utilizado de forma extremamente específica. Para cada caso, utiliza-se um termo adequado. Por exemplo, quando uma mãe auxilia seu filho pequeno a urinar, ela, por acaso, diz: "Vamos, Valtencir, bote o pirocaço para fora e faça xixi, meu filho"? Não, ela usa um termo mais apropriado como "pintinho" ou "pipiu" ou ainda "Zezinho". Ninguém diz: "Pai, Cleovandson, o porteiro, quer que eu esfregue geléia de mocotó no mastruço dele!"? Claro que não! O certo seria dizer "no pau dele!" Quando vamos ao médico, é normal ele pedir "Por favor, queira abaixar as calças para que eu possa examinar melhor sua rôla"? Óbvio que não. Ele usará o prosaico termo "pênis". E assim vai; para cada caso, existe uma referência pirocal-nominativa apropriada, que é utilizada de maneira totalmente inconsciente pela população.
O que pouca gente percebe é que cada um destes diferentes nomes designa tipos distintos de órgãos, cada qual com seu próprio tamanho, tipo físico, personalidade, estilo de vida, medos, anseios e aspirações na vida. Após uma miserável e nojenta pesquisa, pôde-se estruturar um breve dossiê a respeito dos nove maiores membros do O.S.M. (desculpem o trocadilho):
O PÊNIS: O pênis é uma tentativa dúbia da sociedade para conferir uma certa dignidade ao sexo masculino. Quando se tem que falar "caralho" na imprensa, usa-se pênis e tudo bem. Em nenhum livro de medicina que preste estará escrito "cacete" e sim pênis. É o relações públicas do O.S.M.. Com o tempo, todos irão se tornar um pênis (com exceção, é claro, da rôla). Se você tem mais de 50 anos, você tem um pênis. O pênis urina mais do que ejacula. Gosta de cuecas samba-canção folgadas, poltronas macias e ar condicionado. É igual a gato de armazém: deita no saco e dorme a noite toda. Não tem Viagra que dê jeito. O pênis é assim mesmo: suave, tranqüilo, circunspecto e invariavelmente... macio.
Portadores - Senhores acima de 50 anos de idade e Papai Noel (apesar do sacão vermelho).
O PINTO: O pinto ocorre somente e tão somente em menininhos. Fora destes, é apenas mais um erro clássico de nomenclatura. Não se engane. É muito comum ouvir as pessoas usarem o nome "pinto" em casos onde o verdadeiro protagonista foi a piroca, o caralho ou até mesmo a caceta. Isso é devido ao falso moralismo reinante ou a um conceito estético eufêmico, ou seja, absurdamente, acham que é mais bonitinho falar "pintinho" do que "pirocuçu"! Todas as garotas e namoradas do mundo adoram usar este termo: "Nem te conto, menina. Ontem à noite, quase engasguei com o pinto do Mário." Todo mundo sabe que ninguém engasga com um simples pintinho. A jovem gulosa quase morreu, na verdade, com a inescrupulosa, enorme e indigesta caralha do nosso amigo Mário, isso sim! O pinto é pequeno, alvo e de aparência inocente, lembrando o dedo mindinho do pé de um anão albino.
Portadores - Crianças de até 11 anos de idade e Gugu Liberato.
A PICA: Extremamente agitada e elétrica, a pica costuma passar a impressão de possuir um excelente desempenho sexual. Tudo mentira... Com estocadas curtas e nervosas, costuma apresentar ejaculação precoce. Diz que faz e acontece mas, na verdade, não resolve o problema de ninguém. Muitas vezes, a pica costuma agir como uma criança metidinha (literalmente), devido ao seu tamanho infantilóide e a sua baixa penetrabilidade. Acha que é enorme, porém só ganha do pinto em comprimento. A pica está sempre em estado de alerta, pronta para fazer escândalo à toa, crente que vai se dar bem, porém, todos os dias, acaba sendo repreendida manualmente por seu dono em casa, na hora do banho ou do cocô.
Portadores - Escoteiros, administradores de empresa, integrantes da UNE, jogadores de RPG, chatos da Amway e Oswaldo Montenegro.
A PIROCA: A piroca é própria irresponsabilidade em forma de falo. É o id do sexo masculino. Porra louca por natureza, ocorre em adolescentes e outros tipos de idiotas. A piroca não tem a menor noção do que está fazendo. Abaixar as calças e se mostrar para o sargento? É a piroca. Tatuar a cara do Padre Marcelo em si própria? É com ela mesma. Tentar comer o cu de uma jaguatirica com hepatite? Não precisa chamar duas vezes. Se besuntar de Leite Moça e dar par um cegueta chupar dizendo que é um churro? Por que não? Em qualquer situação absurda e com altas chances de se fuder redondo, lá estará ela, excitadíssima, achando tudo ótimo. A piroca é razoavelmente grande, porém já passou do tamanho de fazer o este tipo de coisas...
Portadores - Adolescentes em geral e Sérgio Mallandro.
O PERU: O peru, por definição, é um indeciso. Nunca sabe o que fazer. É meio mole, meio duro, anda sempre de cabeça baixa e tem a pele enrugada. Volta e meia fica preso no zíper da calça e é mestre em mijar fora da privada. Não tem uma identidade definida. É confundido com ave, país e até uma defesa fácil para o goleiro que virou gol. Só ganha um pouco de confiança na época do Natal, quando acha que todos estão lhe enfiando na boca.
Portadores - Colunistas sociais e Itamar Franco
O PAU: A quintessência da dureza. Assim pode ser definido o pau. Por mais paradoxal que seja, o pau é duro que nem pedra. De tamanho variável mas de dureza constante, o pau é capaz de entrar em qualquer lugar. Onde houver um orifício renitente e aparentemente inexpugnável, chamem o pau e lá estará ele em ação, como uma verdadeira broca de carne. O pau é constantemente agarrado, chutado, mordido e chacoalhado com veemência, duas a três vezes por dia, na hora do banho ou do cocô, mas nunca se abate. Pelo contrário, isto só torna-o mais duro. Indicado para hímen complacente, boca de namorada reclamona e cu de gato.
Portadores - Homens da caverna e o namorado da sua irmã.
O CARALHO: Maior expressão de popularidade do sexo masculino, o caralho é naturalmente grande e grosso. O próprio som do seu nome é uma afronta: ka-rá-li-o. Se você pronunciar "peru" em alto e bom som, ninguém notará. Agora, experimente dizer "caralho" bem baixinho. Viu, todo mundo percebe! Quem se depara com um pela frente (ou por trás) logo o reconhece, dizendo: "Caralho!" Em 99% dos filmes de sacanagem, lá está ele, lustroso que nem um galã de novela, ou melhor, um vulcão trepidante e cuspindo para tudo que é lado. Aquele que você está vendo em movimentos repetidos e ritmados, tal qual um pistão incansável de uma locomotiva da Revolução Industrial, é o próprio. Quem tem um caralho é homem por natureza. É basicamente um atestado de macheza pura e não há nada no mundo que se possa fazer para mudar isso.
Portadores - Travestis.
A RÔLA: Oriunda das obscuras profundezas do reino do mal, a rôla é a mais perigosa dos tipos de órgãos. A rôla é suja, ensebada e cheia de más intenções e veias disformes. É tão má que gosta de enrabar galinhas só para poder quebrar a casca do ovo e meter na bunda do pobre pintinho! Pequenina, porém grossa como uma lata de pastilha Valda, a rôla não tem princípios, moral ou piedade. Come qualquer coisa: sogra, travesti, cachorro, ralo de piscina, corretores de seguro, bola de boliche e cu de bêbado quando sóbrio. Só não come a bunda do próprio dono porque não alcança. Somente por isso.
Portadores - Choferes de táxi e Jece Valadão.
A CACETA: A caceta é a grande baleia branca dos O.S.M. Por causa do seu tamanho descomunal, ganha de todos os outros em extensão. Não tem veias, tem dutos. Não tem saco, tem reservatório. Não tem espermatozóides, tem girinos. Não tem cabeça, vive esquecendo as chaves de casa! Quando em estado de ereção, seu dono fica imediatamente tonto, pois ¾ do sangue do seu corpo fluem para dentro da dela. É lerda, pesada e muito, muito graaaaaaaande! Pode ser usada como limpador de pára-brisas de ônibus, âncora de navio e corda do Círio de Nazaré. Não se aconselha um manuseamento exagerado da caceta pois ela pode matar seu portador por um desagradável afogamento na hora do banho ou do cocô.
Portadores - Eu.
Adolar Gangorra, 89 anos, é editor do site www.adolargangorra.com.br e nunca matou cobra nenhuma para não ter que... dar explicações.
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4 comentários:
Adolar Gangorra!!! quanto tempo! Simplesmente sensacional esse texto. Se não me engano já o havia visto... O mais sensacional é que é engraçado, bem redigido e faz sentido! rs estava pensando em colocá-lo no Estrada de Maria, o que acha?
abraço!
Balanga o meu drops!
kkkkkk esse eu ainda não tinha lido um dos seus melhores mas fas um tempo que eu não vejo publicações suas porque você não lança um livro eu compraria
Adolar, fazer gozação e não atropelar a gramática! Uma de suas facetas... :) Parabéns por mais um texto hilário e inteligente!!!
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