quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

SOBRE O EDITORIAL DOS PORTA-RETRATOS

Os porta-retratos aparentemente são uma parada muito legal. Podemos expor lá as fotos de ótimos momentos que vivemos pros outros verem. Mostrar pra todo mundo como nossa vida é boa e feliz! Umas fotos bem bonitas com gente sorrindo em lugares bacanas e paradisíacos. Tudo é lindo nos porta-retratos. Todo mundo rindo, abraçado, fazendo turismo em outros países, na praia ou na neve. Mas a nossa vida é isso mesmo?

Na minha casa tinham uns porta-retratos também. Tudo era bacana, bonito e alegre neles, mas só que a realidade da minha família não era 100% como lá. Neguinho ficava puto, brigava, discutia todos os dias da semana que continham a palavra “feira”. Nos sábados e domingos ainda ficavam emburrados sem falar uns com os outros. Minha família inventou o "gritálogo", depois aperfeiçoou ele pro "berrálogo". Meu pai trabalhava numa pedreira e os seus chefes pediram pra ele falar mais baixo porque ele estava deixando os colegas meio surdos. É claro que tínhamos muitos bons momentos, éramos uma família normal. Ninguém queria matar ninguém (exceto a dupla: meu pai versus a mãe da minha mãe e vice-versa), mas não era essa história de "Somos MUITO felizes o tempo todo" como sempre é mostrado nos porta-retratos.

Sério, a vida não é como está lá. Se fossemos menos idealistas e fugíssemos menos da realidade teríamos em todas as casas fotos com gente simplesmente olhando séria pra câmera, entediada, dormindo, sentada na privada cagando, prostrada na cama com gripe com aquela cara amassada, discutindo, de saco cheio, lendo, lavando prato ou simplesmente vendo novela. Mas não. Não vemos essas poses nos porta-retratos. Insistimos em fingir que nossa vida é como aquele verão na praia... Mas que merda...

E por que, na maioria das casas onde há fotos com gente na praia, na verdade, é gente que mora em cidades longe do litoral? Sabe o que parece? Que só se é feliz na praia, ou seja, longe dali, daquela vida sem mar e areia. A pessoa tá dizendo: “Olha como aqui é legal, gente!" Aí nego vê essa foto de você no mar rindo que nem um pateta e sabe que tá no interior de Mato Grosso com você... Aí rola uma ansiedade, certo? Por que não botar uma foto de você andando na praçinha fudida da sua cidade, de baixo de um sol de lascar? Pô, mas sua vida não é essa? Seria mais realista e criaria menos idealizações.

Os porta-retratos acabam sendo uma projeção da nossa ilusão, de uma quimera idílica idealizada da felicidade perfeita. Eles são a materialização da vida para a maioria das pessoas que têm porta-retratos. As fotos do cara que se enfiou no laboratório e descobriu a penicilina e ajudou milhões de pessoas a não morrer ninguém quer pôr lá, né? Isso sim é mais realista e digno de menção! Eu preferiria ter uma foto dele na minha casa trabalhando até as 2 da manhã e chorando de dor de cabeça e de fome. Seria mais verdadeiro e inspirador, na boa! Nada de pôr na sala a foto do mendigo sujo e sofrido que dorme na esquina da sua rua porque é triste. Mas aquele coitado tá lá todos os dias se fudendo, mas ninguém quer lembrar dele.  Mas ele ta lá, velho! Ele tá lá!!! E assim vamos escondendo os problemas que realmente importam por trás de fotos da gente numa montanha-russa na Disney rindo como um drogado e com um boné do Pluto na cabeça.

Os porta-retratos modernos são agora as páginas das redes sociais como o Facebook. Lá tudo é festa, viagens e amigos. Pô, não tem a foto de ninguém de saco cheio olhando pro teto no trabalho? Garanto que tem mais gente enfastiada no escritório do que felizão nas ruas da Argentina! Se você olhar a página de todo mundo vai achar que a sua vida é uma merda pois lá só tem gente em festas, casamentos, estações de esqui, etc.. Mas você também põe lá só as fotos das suas viagens, casamentos e agitos e assim a farsa da eterna felicidade nunca termina...

Você olha pros porta-retratos e vê que a sua vida é totalmente diferente daquilo que está ali e o pior: aqueles momentos de felicidade são só 0,0001% da sua realidade. Ou você pode ir para praia ou pra Europa toda hora que dá vontade?

A verdade é que a vida nos porta-retratos é totalmente editada...


Adolar Gangorra, tem 72 anos, é editor do blog http://adolargangorra.blogspot.com/ e foi lambe-lambe muitos anos até resolver se meter a besta e fazer uma foto pra um outdoor...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

HORRORÓSCOPO

Horóscopo é uma parada muito séria para ficar sendo publicada todo dia em jornais e revistas. Mas a gente sempre vê um monte de coisas legais ou que não querem dizer absolutamente nada nessas previsões do zodíaco diárias que são feitas só pra o leitor se sentir bem e voltar a ler de novo as mesmas baboseiras no dia seguinte. A verdade é que também acontecem coisas ruins na vida de todo mundo o tempo todo! Então nós contratamos um astrólogo macho de verdade - Adolar Gangorra - que não vai ficar pisando em ovos pra te dizer a verdade, beleza?

Ah, você gosta de horóscopo de jornal mesmo assim, né? Então toma...


CAPRICÓRNIO - HÁ HÁ HÁ HÁ! Que patética essa sua vidinha...

AQUÁRIO - Até agora a culpa é exclusivamente SUA por tudo o que já te aconteceu...

PEIXES - Tem certeza que você quer saber?

ÁRIES - Você vai receber uma herança, vai mudar para um emprego melhor e vai se apaixonar! Bem, na verdade não vai acontecer nada disso. É mentira. Você vai continuar como está: mais fudido do que puta na chuva!

TOURO - Você vai morrer um dia, sabia?

GÊMEOS - As coisas não estão boas nem pra você, nem pro seu irmão...

CÂNCER - Já que você tocou no assunto...

LEÃO - Esse é o pior ano de sua vida toda, tá bom? Então nem perca mais tempo lendo o horóscopo, ok?

VIRGEM - Você vai continuar assim!

ESCORPIÃO - Desculpe, mas você tá muito fudido, brother...

LIBRA - É melhor você ficar em casa pelos próximos 6 meses. Vá lá... 8 meses...

SAGITÁRIO - Nada de "novo amor", nada de "sucesso no trabalho", nada de “dinheiro”, nada de nada mesmo...


Adolar Gangorra tem 68 anos, é editor do blog Adolar Gangorra é do signo de Unicórnio!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O PERIGO DAS CANTIGAS DE RODA!


O PERIGO DAS CANTIGAS DE RODA!

Os pais de hoje em dia vivem reclamando da violência a que seus filhos são expostos na mídia. E com toneladas de razão. Há uma série de abominações inomináveis em videogames, programas de TV, internet, filmes, paredes de banheiros públicos e na constituição brasileira (sendo as últimas duas a mesma coisa).

        Esses mesmos genitores sonham que seus filhos larguem aquele joguinho eletrônico sanguinolento para brincarem livres nas ruas. Entretanto, não se lembram que lá suas crianças irão entrar em contato com a ameaça mais perversa de todas. Um tipo de violência maior e mais escabrosa que está presente nas famosas e aparentemente inocentes cantigas de roda. Sim, amigos! Há gerações essas cançõezinhas contaminam nossos filhos com mensagens explícitas de uma violência medieval. A letras incutem na garotada crueldade, tragédias, bullying, desilusão, tristeza, comprazimento da desgraça alheia, etc. Também violência física e emocional e, basicamente, só contam histórias de tragédias sem sentido e sem nenhuma sensibilidade. E os pais ainda acham tudo lindo e saudável. Que equívoco mais miserável esse...

        Tudo isso acompanhado geralmente de coreografias circulares, a famosa brincadeira inútil de ficar girando sem parar, o que, convenhamos, não passa de uma idiotice sem tamanho. As crianças (ou adultos debiloides...) dão as mãos e cantam essas melodias simples, tonais, com âmbito geralmente de uma oitava, sem modulações e tão arrastadas e deprimentes que fazem a Marcha Fúnebre parecer um hit do Black Eyed Peas.

         O fato é que essas músicas, infelizmente, fazem parte do folclore brasileiro. De origem europeia, incorporaram elementos indígenas e africanos, além das brutais culturas portuguesa e espanhola. Assim sendo, não poderiam dar em outra coisa, senão em merda da grossa, né?

        Entre as cantigas mais conhecidas, estão títulos constrangedores e bizarros, como “Escravos de Jó”, “O Cravo e a Rosa”, “Ciranda, Cirandinha” e “Atirei o Pau no Gato”.

        Comecemos pela mais famosa e infame de todas...

ATIREI O PAU NO GATO

Atirei o pau no gato, tô
Mas o gato, tô
Não morreu, reu, reu

Dona Chica, cá
‘Dmirou-se, se
Do berrô, do berrô
Que o gato deu
Miau!

        Sem dúvida, “Atirei” não passa de um clássico de brutalidade extrema e selvageria para com os animais.

       Já começa muito mal, com a confissão de uma tentativa de assassinato. O criminoso revela friamente a maldade que fez - tacou um pedação de pau na cara de um inocente gatinho de rua! Em primeira pessoa, o selvagem descreve tranquilamente o ato vil que cometeu: Atirei o pau no gato, tô. Puta que pariu! Que covardia do cacete! Isso é uma cantilena inocente ou o relato de uma tentativa de gaticídio com requintes de crueldade? Isso, por acaso, é conteúdo para brincadeira de criança?

        Temos nessa letra imunda a prova cabal que a ação descrita pode ser enquadrada em crime doloso. Ou seja, com a intenção premeditada de matar: Atirei o pau no gato, tô / MAS o gato não morreu. Aí, a satânica e maliciosa conjunção MAS revela o intuito macabro de assassinar o bichano, lamentando insensivelmente o fracasso da empreitada.

        O coitado do gato levou uma traulitada no meio da fuça e saiu moribundo, se arrastando por um beco sujo e cagando sangue. O bicho sofreu uma volumosa hemorragia interna e vagabundo acha isso uma coisa legal pras criancinhas cantarem alegres no meio da rua? Que exemplo mais desprezível para nossa juventude...

        E que porra a tal Dona Francisca, aí claramente cúmplice da tentativa de gatassinato, ainda se admira do BERRO que o felino soltou. Dona Chica, cá / ‘Dmirou-se, se / Do berrô, do berrô / Que o gato deu / Miaauuu!. Na verdade, a Dona Francisca é uma ignorante inconseqüente do caralho, pois se mostra surpresa com o urro de dor do coitado do felídeo. Ela acha o quê? Que o bicho leva uma ripada no meio do beiço e ainda tem que dizer baixinho: “Muito obrigado por vocês, criancinhas traquinas e levadas da breca, terem tentado me trucidar. Não doeu nada, sabiam?”. Dona Francisca, sua sacana insensível.

         Notem que não foi uma miadinha leve ou um gritinho de susto, não. Foi muito pior. Foi um BERRO! Na boa, velho, nunca vi gato berrar. Gato mia, pô! Quem berra é gente sendo torturada e o meu tio bêbado na ceia de Natal. Isso só revela a contundência da porretada quase mortal que o miau levou. Pelo grito, devem ter atirado uma trave de futebol nas costelas do bichano, que dobrou feito um canivete de
pelo. O pobre felino é simplesmente um sobrevivente heroico de uma tentativa de execução por motivos fúteis. Com essa paulada covarde gastou tranquilamente seis das sete vidas que ele tem.

        E, não obstante, para fazer galhofaria barata com o ato de selvageria com o pobre animal, temos um “eco” cretino nas últimas sílabas de cada estrofe: ô, ô, / eu, eu / se, se. E ainda puseram um "MIAU" muito escroto no final, caricaturando e fazendo uma graçola com o bramido lancinante do gatinho. Cacete, é muita sacanagem com o bicho...

       Mesmo sendo uma escabrosidade inaceitável, essa canção acabou ganhando recentemente uma versão politicamente correta germinada por algum imbecil caga-regra com o título “NÃO ATIRE o Pau no Gato”:
Não atire o pau no gato (tô) / Porque isso (ssô) / Não se faz (faz, faz) / O gatinho (nhô) / É nosso amigo (go) / Não devemos maltratar os animais / Miau!
        Convenhamos, essa nova a-versão é de uma estupidez e uma histeria muito maior do que a agressivíssima letra original...


CIRANDA, CIRANDINHA

Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar

O anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou

Por isso Dona Rosa
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá se embora


        Muito confuso para as crianças. Primeiro, a música manda dar MEIA volta. Depois ordena o contrário? ZERO em didática, hein? Por que MEIA volta e não uma volta inteira? É claro que eu e você (espero...) entendemos que esse termo é uma expressão de linguagem, mas ninguém de cinco anos sabe isso!

        Também ninguém explica o que seja “cirandar”. Mas que “legal”, não? Os pequeninos não têm a menor obrigação de saber o que quer dizer “ciranda”, que, na verdade, é um substantivo feminino que designa uma cantiga de roda infantil, provavelmente de origem portuguesa. O termo ciranda aplica-se também à dança de roda para adultos (retardados), muito popular no Nordeste brasileiro. Ou ainda pode significar aquele que vem de Cirene, na África antiga, ou até mesmo o termo "peneira", também conhecido como "joeira", que é um plano inclinado de madeira com fundo de ralo para limpar areia e cal do cascalho que traz junto. Ufa! Tenho eu que fazer aqui o que esses vagabundos se omitiram de explicitar ao criarem essa letra fere
incognoscível e mal-ajambrada do cacete.

        Depois temos: O anel que tu me deste / Era vidro e se quebrou / O amor que tu me tinhas / Era pouco e se acabou. Essa canção insensível incute nos infantes a tristeza e a desilusão amorosa exclusiva da vida dos ADULTOS... O amor que tu me tinhas / Era pouco e se acabou. Parece ser um conceito deveras complicado sobre um amor finito para a gurizada ficar repetindo lobotomicamente no meio da rua, não? Mais inadequado para os pequenos, impossível. É muita desilusão e mágoa para os inocentes petizes terem que lidar... Na boa, essas cantigas deveriam ter classificação indicativa também.

        “Anel de VIDRO”??? Essa cantiguinha bisonha ensina tudo errado! Pô, qualquer idiota sabe que anel é de metal. MAS É LÓGICO que a porra de uma argola de vidro vai quebrar. E ainda fazem um dramalhão do caralho por causa de um objeto que foi feito burramente para se esmigalhar. Francamente... letra mais cretina do cacete...


CAI, CAI, BALÃO

Cai, cai balão, cai, cai, balão
Aqui na minha mão
Não vou lá, não vou lá, não vou lá
Tenho medo de apanhar!

Cai, cai, balão, cai, cai, balão
Na rua do sabão
Não cai não, não cai não, não cai não
Cai aqui na minha mão!


        Outra historieta reles e desgraçada. Começa com um pedido, no mínimo estúpido, pra um balão cair na mão da própria pessoa. Como todo mundo sabe (menos o intelectualmente desafiado que escreveu esses versos absurdos...), balões, em geral, carregam FOGO em seu bojo. Mesmo assim, o demente quer que ele caia na MÃO dele! Idiota do cacete. Fazer o quê? Tem energúmeno pra tudo nesse mundo. Essa canção escabrosa estimula o criminoso uso de balões entre os pueris. O próprio título já é um pedido para que uma tragédia aconteça.

         Depois temos: Não vou lá, não vou lá, não vou lá / Tenho medo de apanhar! Lá A-ON-DE? Na boa, esse é um dos versos mais doentes que existem... apanhar de quem, PORRA? Não faz sentido. Mais uma canção irresponsável que insere a fobia irracional desde cedo no universo psicológico infantil. Essa cantilena deplorável é a trilha sonora perfeita para a Síndrome do Pânico.

        E, por último, convenhamos: “Rua do SABÃO” é um nome muito do escroto. Deve ser um lugar horroroso que faz a Vila do Chavez parecer alto astral...


PAI FRANCISCO

Pai Francisco entrou na roda
Tocando o seu violão
Bi-rim-bim-bão, bão, bão, bi-rim-bim-bão, bão, bão!

Vem de lá Seu Delegado
E Pai Francisco foi pra prisão.
Como ele vem todo requebrado
Parece um boneco desengonçado


          De longe, a cantiga mais deprimente e miserável de todas. É também um primor de abuso de autoridade, injustiça social, ignorância e também de “bi-rim-bim-bão, bão, bão” (ah, você achou que eu soubesse o que essa porra significa, né? Pois é... nem eu, nem ninguém, malandro...)

         Primeiro: quem é PAI Francisco? É um Pai de Santo? É um pai solteiro? Ele, por acaso, é o pai do autor da letra? Então, por que “PAI”? Que merda é essa? A música não explica absolutamente nada. Sabe-se somente que havia uma roda de vagabundos no meio da rua e que o Chiquinho quis entrar nela de idiota, pra tocar sua violinha fudida. Tava
a fim apenas se entrosar, fazer amigos, ser gente fina, talvez fumar um tchoize com os maloqueiros do lugar. Porém uma arbitrariedade horrorosa acontece: Vem de lá Seu Delegado / E Pai Francisco foi pra prisão. Que exemplo mais ameaçador e deprimente esse... Do nada, aparece um delegado ignorante que leva em cana o cara. O único crime que o pai parece ter cometido foi o de tocar mal seu violãozinho. É que para fazer “BI-RIM-BIM BÃO, BÃO, BÃO, BI-RIM-BIM BÃO, BÃO, BÃO”, o sujeito tem mesmo que ser um acéfalo sem talento. Ok, isso não é motivo para ele ir parar na cadeia, certo? Bom, talvez seja sim...

         E após perder sua liberdade por um motivo fútil, o tal Genitor Francisco é sacaneado selvagemente pelos
fdps que ficaram assistindo alegremente ao seu sofrimento: Como ele vem todo requebrado / Parece um boneco desengonçado. Coitado do Pai... se fudeu de verde e amarelo. “Parece um boneco desengonçado”... Nossa, é muita truculência para se apresentar aos pirralhos. Com cantigas absurdas como essa, criaremos uma legião de autômatos reptilianos no futuro.


A CANOA VIROU

A canoa virou
Pois deixaram ela virar
Foi por causa de Maria
Que não soube remar

Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar
Eu tirava Maria
Do fundo do mar

Siri pra cá,
Siri pra lá
Maria é bela
E quer casar


         Mais uma catástrofe funesta disfarçada de cantilena inocente. Tragédia, fofoca, delação e, provavelmente, injúria. Começa com um naufrágio com vítima fatal. Percebe-se logo o infortúnio ocorrido, pois a Maria se lascou toda. Morreu afogada e ainda foi acusada de causar o acidente náutico. Ou seja, a letra alardeia um desastre e, logo depois, uma acusação grave sobre a autoria da merda feita post mortem, sem direito à defesa. Na boa, isso não é coisa pra criança...

         Em seguida, temos mais uma cretinice imbecilizante nonsense: Se eu fosse um peixinho / E soubesse nadar / Eu tirava Maria / Do fundo do mar. MAS É ÓBVIO que todo peixe sabe nadar! Como assim “Se eu fosse um peixinho / E SOUBESSE NADAR” ??? E emenda: Eu tirava Maria / Do fundo do mar. Tirava porra nenhuma, porque tu acabou de admitir que tu é um peixe inútil que não sabe nem nadar. Tá falando merda, isso sim!

         Para finalizar, temos um despautério inaceitável sem absolutamente NENHUM sentido narrativo. No começo, afirma-se tragicamente que Maria morreu afogada: Siri pra cá, Siri pra lá / Maria é bela / E quer casar. Nã, nã, nã! Maria não quer casar mais não, moçada. Ela virou comida de peixe e quer, no máximo, ser enterrada decentemente. De bela, agora, não tem mais nada. E o que quiseram dizer com “Siri pra lá, siri pra cá”? A letra apresenta um detalhe escatológico de mau gosto supino. Como se sabe, siris são crustáceos necrófagos. Então, fica claro que eles devoraram freneticamente o cadáver de Maria, no “fundo do mar”, de “cá pra lá, de lá pra cá”. Sério, que asqueroso... Menino nenhum deveria ter contato com uma nojeira como essa...


O CRAVO E A ROSA

O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada

O cravo ficou doente
E a rosa foi visitar
O cravo teve um desmaio
E a rosa pôs-se a chorar

A rosa fez serenata
O cravo foi espiar
E as flores fizeram festa
Porque eles vão se casar


        Essa é uma das mais revoltantes cantigas de roda já escritas! Conflito, violência e doença. É basicamente o lead de uma manchete desses
tabloides sanguinolentos que vemos nas bancas de jornais. Vamos lá: quem? O cravo. O que ele fez? Brigou com a rosa. Onde? Debaixo de uma sacada. Como aconteceu? O cravo saiu ferido / E a rosa, despedaçada. DES-PE-DA-ÇA-DA!!! Isso é coisa que criança tenha que ficar gritando no meio da rua? É muita violência doméstica. O cara trucidou a própria companheira, malandro! É o novo Crime da Mala do mundo das flores.

         Após essa série de tribulações hemorrágicas, temos mais um rol de calamidades que fariam qualquer autor de novela mexicana morrer deprimido: O cravo ficou doente / E a rosa foi visitar (sic). O certo seria “visitá-LO”. Erro grosseiro de Português apresentado para os infantis. Que vergonha... Depois, segue-se O cravo teve um desmaio / E a rosa pôs-se a chorar. Peraí: o marginal do cravo quase matou a coitada da rosa de porrada e depois DESMAIOU??? Como assim? Só pode ser bicha, então.

 
SAMBA LELÊ

Samba Lelê tá doente
Está com a cabeça quebrada
Samba Lelê precisava
De umas dezoito lambadas

Samba, samba, samba, ô Lelê
Pisa na barra da saia ô lá, lá
Pisa na barra da saia ô lá, lá
Ó morena bonita


        Outra narrativa macabra que relata a fria tentativa de assassinato de uma enferma indefesa, da forma mais cruel, pusilânime e covarde possível. Vejamos: quem é “Samba Lelê”? E que nome escroto é esse, “LE-LÊ”?
A primeira estrofe dessa canção odiosa já nos comunica uma miséria: que a tal Lelê está doente. Muito “adequado” para os pequeninos, sem dúvida... Em seguida, temos a extensão gore da história: Tá com a cabeça QUEBRADA. Deixem-me explicar uma coisa: Lelezona não tá doente coisa nenhuma. Ela tá na MORRENDO, isso sim! Essa trova imunda só revela a ignorância do populacho brasileiro. Cabeça quebrada = doença! Ah, tá ok então...

          Aí, algum “gênio” ainda sugere: Samba Lelê precisava / De umas dezoito lambadas. Que sádico abjeto! Depois de constatarem que a muchacha tá agonizando com o crânio rachado, algum marginal vota animadamente para chicotearem o pobre coitada. Isso é maldade pura, minha gente! No ápice da barbárie, aconselham aplicar 18 LAMBADAS na fudida. QUÊ QUE É ISSO? Querem açoitar um quase cadáver indefeso? Que nojento... E por que 18 e não 15 ou 20? Esse é o número mágico das chicotadas? Era a quantidade que fazia a Escrava Isaura ficar quietinha? Caralho, é pra arrasar a cabeça das criancinhas mesmo...

         Por fim, temos uma continuação ridícula e sem sentido: Samba, samba, samba ô Lelê / Pisa na barra da saia, ô lá, lá / Pisa na barra da saia ô lá, lá / Ó morena bonita. “Ó morena bonita”... What the fuck???


ESCRAVOS DE JÓ

Escravos de Jó
Jogavam caxangá
Tira, bota
Deixa o Zé Pereira ficar

Guerreiros com guerreiros
Fazem zigue, zigue, zá
Guerreiros com guerreiros
Fazem zigue, zigue, zá

        Mais uma musiquinha bisonha, detestável e, acima de tudo, confusa.
        Numa rápida pesquisa sobre o obscuro termo “caxangá”, temos:

1 - Um determinado chapéu militar.

2 - Um
tipo de crustáceo.

3 - Bairro da cidade do Recife, Pernambuco.

4 - Nome da maior avenida em linha reta do Brasil.

5 - Nome de uma fazenda localizada na cidade de Ouro Branco, no Rio Grande do Norte (estado que fica no NORDESTE...), mais conhecida pelo ridículo termo de Sítio Jerimum.

6 - Um
nome escroto apenas.

         Por último: quem é ZÉ PEREIRA e ele quer ficar ONDE, velho? Ah, quer saber? Deixa pra lá...

         Infelizmente, temos muitas outras cantigas de roda famosas como "Fui no Tororó", "Marré de Si", “Sapo Cururu”, "Marcha Soldado”, que não passam de um corolário torpe e desditoso de descalabros sem sentido. Todas desfilam aberrações sociais e psicológicas e foram projetadas para meninos e meninas ficarem repetindo-as que nem um papagaio cocainômano. A verdade é que essas cantilenas deprimentes e violentas voltaram recentemente à moda porque se achou que era um “resgate da cultura brasileira”, essas merdas. Supostamente elas serviriam como um antídoto para os “perigos da modernidade”... Hahahaha, mais equivocado do que isso só o Felipão e seu 7 a 1. O perigo presente nessas toadas execráveis é muito maior do que qualquer internet da vida.

        Caros pais
pseudoconscientes: deixem seus filhos jogarem Call of Duty, GTA e Mortal Kombat nº 740 e assistirem a séries violentas como Dexter e The Walking Dead ou a bosta do Faustão (pensando bem... Faustão, não deixem não... é demais!). Garanto que eles sofrerão menos ameaças a suas psiques ainda em formação do que se ficarem na rua berrando - e internalizando - essas ladainhas aparentemente inocentes, que pregam atirar pedaços de paus em gatinhos. A não ser que seja pra fazer um churrasquinho delicioso ou um tamborim de primeira linha, é óbvio.


 Adolar Gangorra tem 78 anos, é editor do log http://adolargangorra.blogspot.com/, e quando criança ouviu falar nos nomes de brincadeiras de rua como “Queimada”, “Carniça”, “Polícia e Ladrão” e rapidamente preferiu ficar em casa e aprender a jogar xadrez.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

MÔNICA E EDUARDO

O falecido Renato Russo era, sem dúvida, um ótimo músico e um excelente letrista. Escreveu verdadeiras obras de arte cheias de originalidade e sentimento. Como artista engajado que era, defendia os pontos de vista nos quais acreditava em suas letras. E por isto mesmo, talvez alguns deles excedam a lógica e o bom senso. Como no caso da música "Eduardo e Monica", do álbum "Dois" da Legião Urbana, de 1986, onde a figura masculina (Eduardo) é tratada sempre como alienada e inconsciente enquanto a feminina (Monica) é a portadora de uma sabedoria e um estilo de vida evoluidíssimos.

Analisemos o que diz a letra. Logo na segunda estrofe, o autor insinua que Eduardo seja preguiçoso e indolente (Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar: Ficou deitado e viu que horas eram) ao mesmo tempo em que tenta dar uma imagem forte e charmosa à Monica (enquanto Monica tomava um conhaque, Noutro canto da cidade, Como eles disseram.). Ora, se esta cena tiver se passado de manhã como é provável, Eduardo só estaria fazendo sua obrigação: acordar. Já, Mônica, revelaria-se uma cachaceira profissional, pois virar um conhaque antes do almoço é só para quem conhece muito bem o ofício.

Mais à frente, vemos Russo desenhar injustamente a personalidade de Eduardo de maneira frágil e imatura (Festa estranha, com gente esquisita). Bom, "Festa estranha" significa uma reunião de porra-loucas atrás de qualquer bagulho para poderem fugir da realidade com a desculpa esfarrapada que são contra o sistema. "Gente esquisita" é basicamente, um bando de sujeitinhos que tem o hábito gozado de dar a bunda após cinco minutos de conversa. Também são as garotas mais horrorosas da Via-Láctea. Enfim, esta a tal "festa legal" em que Eduardo estava. O que mais ele podia fazer? Teve que encher a cara para poder suportar aquele pesadelo, como veremos a seguir.

Assim temos: (-Eu não estou legal Não agüento mais birita.) Percebe-se que o jovem Eduardo não está familiarizado com a rotina traiçoeira do álcool. É ainda um garoto puro e inocente, com a mente e o corpo sadios. Bem ao contrário de Mônica, uma notória bêbada sem vergonha do underground.

Adiante, ficamos conhecendo o momento em que os dois protagonistas se encontraram (E a Monica riu e quis saber um pouco mais sobre o boyzinho que tentava impressionar). Vamos por partes: em "E a Monica riu", nota-se uma atitude de pseudo-superioridade desumana de Monica para com Eduardo. Ela ri de um bêbado inexperiente! A diante, é bom esclarecer o que o autor preferiu maquiar. Onde se lê "quis saber um pouco mais" leia-se "quis dar para"! É inaceitável tentar passar uma imagem sofisticada da tal Monica. A verdade é que ela se sentiu bastante atraída pelo "boyzinho que tentava impressionar"! Há um certo preconceito em se referir ao singelo Eduardo como "boyzinho". Não é verdade. Caso fosse realmente um playboy, ele não teria ido se encontrar com Monica de bicicleta, como consta na quarta estrofe (Se encontraram então no parque da cidade. A Monica de moto e o Eduardo de camelo.) Se alguém aí age como boy, esta seria Monica, que vai ao encontro pilotando uma ameaçadora motocicleta. Como é sabido, aos dezesseis anos (Ela era de Leão e ele tinha dezesseis.) todo boyzinho já costuma roubar o carro do pai, principalmente para impressionar uma maria-gasolina como Monica. E tem mais: se Eduardo fosse mesmo um playboy, teria penetrado com sua galera na tal festa, quebraria tudo e ia encher de porrada o esquisitão mais fraquinho de todos na frente de todo mundo, valeu?

Na ocasião de seu primeiro encontro, vemos Monica impor suas preferências, uma constante durante toda a letra, em oposição a humilde proposta do afável Eduardo (O Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Monica queria ver o filme do Godard.). Atitude esta, nada democrática para quem se julga uma liberal. Na verdade, Monica é o que convencionou chamar de P.l.M.B.A. (Pseudo lntelectual Metida à Besta Associado, ou seja, intelectuerdas, alternativos e esquisitões vestidos de preto em geral), que acham todo filme americano é ruim e o que é bom mesmo é filme europeu, de preferência francês, preto e branco, arrastado pra caralho, e com bastantes cenas de baitolagem.

Em seguida, Russo utiliza o eufemismo "menina" para se referir suavemente à Monica. (O Eduardo achou estranho e melhor não comentar Mas a menina tinha tinta no cabelo.). Menina? Pudim de cachaça seria mais adequado. À pouco vimos Monica virar um Dreher na goela logo no café da manhã e ele ainda a chama de menina? Além disto, se Monica pinta o cabelo é porque é uma balzaca querendo fisgar um garotão viril ou porque é uma baranga safada impregnada de luxúria.

O autor insiste em retratar Monica como uma gênia sem par (Ela fazia Medicina e falava alemão) e Eduardo como um idiota retardado (E ele ainda nas aulinhas de inglês.). Note a comparação de intelecto entre o casal: ela domina o idioma germânico, sabidamente de difícil aprendizado, já tendo superado o vestibular altamente concorrido para medicina. Ele, miseravelmente, tem que tomar aulas para poder balbuciar "iéis", "nou" e "mai neime is Eduardo"! Incomoda a forma como são usadas as palavras "ainda" e "aulinhas", para refletir idéias de atraso intelectual e coisa sem valor, respectivamente. Coitado do Eduardo, é um jumento mesmo...

Na seqüência, ficamos a par das opções culturais dos dois (Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, De Van Gogh e dos Mutantes, De Caetano e de Rimbaud). Temos nesta lista um desfile de ícones dos P.l.M.B.A.s, muito usados por quem acha que pertence a uma falsa elite cultural. Por exemplo, é tamanha uma pretensa intimidade com o poeta Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, que usou-se a expressão "do Bandeira". Francamente, "Bandeira" é aquele juiz que fica apitando impedimento na lateral do campo. A saber: o sujeito mais normal dessa moçada aí, cortou a orelha fora por causa de uma sirigaita qualquer. Já viu o nível, né? Só porra-louca de primeira.

Mais uma vez insinua-se que Eduardo seja um imbecil acéfalo (E o Eduardo gostava de novela) e crianção (e jogava futebol de botão com seu avô.). A bem da verdade, Eduardo é um exemplo. Que adolescente de hoje costuma dar atenção a um idoso? Ele poderia estar jogando videogame com garotos de sua idade ou tentando espiar a empregada tomar banho pelo buraco da fechadura, mas não. Preferia a companhia do avô em um prosaico jogo de botões! É de tocar o coração! E como esse gesto magnânimo foi usado na letra? Foi só para passar a imagem de Eduardo como um paspalho energúmeno. É óbvio, para o autor, o homem não sabe de nada. Mulher, sim, é maturidade pura!

Continuando, temos (Ela falava coisas sobre o Planalto Central, Também magia e meditação.). Falava merda, isto sim! Nesses assuntos esotéricos é onde se escondem os maiores picaretas do mundo. Qualquer chimpanzé lobotomizado pode grunhir qualquer absurdo que ninguém vai contestar. Por que? Porque não se pode provar absolutamente nada. Vale tudo! É o samba do crioulo doido. E quem foi cair nessa conversa mole jogada por Monica? Eduardo, é claro, o bem intencionado de plantão. E ainda temos mais um achincalhe ao garoto (E o Eduardo ainda estava no esquema "escola-cinema-clube-televisão".). O que o sr. Russo queria? Que o esquema fosse "bar da esquina - terreiro de macumba - roda de capoeira - delegacia" ? E qual é o problema de se ir a escola, caralho?

Em seguida, já se nota que Eduardo está dominado pela cultura imposta por Mônica (Eduardo e Monica fizeram natação, fotografia, Teatro e artesanato e foram viajar.). Por ordem: 1) Teatro e artesanato não costumam pagar muito imposto. 2) Teatro e artesanato não são lá as coisas mais úteis do mundo. 3) Natação e fotografia? Porque os dois não foram estudar para o concurso do Banco do Brasil? Vagabundos...

Agora temos os versos mais cretinos de toda a letra (a Monica explicava p\'ro Eduardo Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar:). Mais uma vez, aquela lengalenga esotérica que não leva a lugar nenhum. Vejamos: a Monica trabalha na previsão do tempo? Não. Monica é geóloga? Não. Monica é professora de química? Não. Monica é alguma aviadora? Também não. Então o que diabos uma motoqueira transviada pode ensinar sobre céu, terra, água e mar que uma muriçoca não saiba? Novamente, Eduardo é tratado como um debilóide pueril capaz de comprar alegremente a torre Eiffel, após ser convencido deste grande negócio pelo caô mais furado do mundo. Santa inocência...

Ainda em, (Ele aprendeu a beber,), não precisa ser muito esperto para sacar com quem... é claro, com Monica, a campeã do alambique! Eduardo poderia ter aprendido coisas mais úteis como o código Morse ou as capitais da Europa, mas não. Acharam melhor ensinar para o rapaz como encher a cara de pinga. Muito bem, Monica! Grande contribuição! Depois temos (deixou o cabelo crescer). Pobre Eduardo! Àquela altura, estava crente que deixar crescer o cabelo o diferenciaria dos outros na sociedade. lsso sim é que é ativismo pessoal. Já dá pra ver aí o estrago causado por Monica na cabeça do iludido Eduardo.

Sempre à frente em tudo, Monica se forma quando Eduardo, o eterno micróbio, consegue entrar na universidade (E ela se formou no mesmo mês Em que ele passou no vestibular.). Por esse ritmo, quando Eduardo conseguir o diploma, Monica deverá estar ganhando o seu oitavo prêmio Nobel. Outra prova da parcialidade do autor está em (porque o filhinho do Eduardo \'tá de recuperação.). É interessante notar que é o filho do Eduardo e não de Monica, que ficou de segunda época. Em suma, puxou ao pai e é burro que nem uma porta.

O que realmente impressiona nesta letra é a presença constante de um sexismo estereotipado. O homem é retratado como sendo um simplório alienado que só é salvo de uma vida medíocre e previsível graças a uma mulher naturalmente evoluída e oriunda de uma cultura alternativa redentora. Nesta visão está incutida a idéia absurda de que o feminino é superior e o masculino, inferior. É sabido que em todas culturas e povos existentes, o homem sempre oprimiu a mulher. Porém isso não significa, em hipótese alguma, que estas sejam superiores do que os homens. São apenas diferentes. Se desde o começo dos tempos o sexo feminino fosse o dominador e o masculino o subjugado, vários erros também teriam sido cometidos de uma maneira ou de outra. Por que ? Ora, por que tanto homens, mulheres e colunistas sociais fazem parte da famigerada raça humana. E, como se sabe muito bem, é aí que sempre morou o perigo. Não importa quem seja: Monica ou Eduardo!

Adolar Gangorra tem 71 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não perde um show sequer dos "The Fevers" e do "Benito de Paula Cover".

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

RPG ACTION!

Ei você, rapazola malandro, que adora jogar RPG! Você agora está desafiado a viver uma aventura espetacular na pele de um perigoso e charmoso agente secreto. Sim, essa mirabolante trama de RPG moderno foi elaborada especialmente para você que é inteligente, audaz e tem nove graus de miopia.

Prepare-se agora para o excitante...

CASO DO CASAQUINHO LARANJA!

Sua b... ficha:

Nome: Roger Pierce Connery

Altura: 2 metros

Peso: 100 quilos

Características: Frio, misterioso, cínico e bebê-chorão. Especialista em karatê, esgrima e Donkey Kong 1. Fala fluentemente inglês, francês e a língua do P.

Principais inimigos: Dr. Mordecai, Lord Warlock e Dudu, o Coelho Traquinas.

Principais amigos:

Ponto forte: sabe todos os diálogos de trás pra frente de todos os nove filmes do Guerra nas Estrelas na língua dos Ewoks e do Jar-Jar-Bicha.

Ponto fraco: medo de mulher.

Hábitos: Dar o cu nos dias da semana que têm a palavra "feira"!


RESUMO DO JOGO:

Nessa sensacional aventura você vai viver um papel cheio de desafios e mistérios, diferente de tudo que você conhece: o de homem! Você também foi escolhido para proteger as joias da Coroa Britânica em sua 1ª Exposição Mundial. Porém, antes de sair da casa, você resolveu vestir o casaquinho laranja dado pela sua mamãe para você ficar bem discreto e agasalhadinho na viagem. Na pressa, você tropeçou e bateu com a cabeça na pia do banheiro, ficando inconsciente. Nisso, Clodervandson, o porteiro do seu prédio, oriundo do trepidante estado da Paraíba, vai ao seu apartamento consertar a privada conforme você tinha implorado para ele há uns cinco meses. Ao encontrar a porta destrancada, ele se depara com você desacordado, de barriga pra baixo e com o casaquinho laranja ainda pela cabeça. Rapidamente, Clodervandson toma uma providência: corre para o telefone e avisa a portaria que ele vai comprar cigarro e por isso vai ter que faltar o resto do expediente. E assim vai poder enrabar você até o talo tranquilamente a noite toda...


MORAL DA HISTÓRIA:

Viu no que dá ficar brincando de mocinho e bandido depois de velho, seu nerd magrelo bicha fila da puta quatro olho?


Adolar Gangorra, tem 68 anos, é editor do blog http://adolargangorra.blogspot.com/ e acha que "Senhor dos Anéis" é título de filme de sacanagem.





segunda-feira, 15 de agosto de 2011

OS FILÓSOFOS MAIS GATOS DO PEDAÇO!

Kelly Patricia Cristina tem 24 anos e foi demitida recentemente de seu emprego onde trabalhava como redatora de uma revista para adolescentes.
A mãe de Kelly está ameaçando Adolar Gangorra com um teste de DNA de paternidade. Então, nosso responsável editor mandou dar uma página inteira do nosso site pra garota. Nós sugerimos uma pauta moleza pra ela: Os Grandes Filósofos! Aí a desgraçada foi e fez essa matéria abaixo:


“Hummmm, jente! Esses filósofos são d+!!!’

OS FILÓSOFOS MAIS GATOS DO PEDAÇO!

René Descartes

Super gaaaaaaaaaato! Descartes é conçiderado o pai da filozofia moderna e o pai da matemática moderna e um gato selvajem moderno também! É pegador forte também pois como vocês tão vendo o cara já é pai, jente! Um dos pençadores mais importantes e influentes da história do pençamento pençante do pensar ocidental, René inspirou contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores, tipo assim: ele era com um Backstreet Boys da filozofia! Além de gato, ele é tudo de bom, garotas!
Parece que ele escreveu um livro shôu de bola chamado "Discurso do Método" que é a obra fundamental sobre quais os melhores métodos usar para azarar as gatinhas na night! Ele falou alguma coisa tipo assim, ó: "Penso, logo desisto”. Demais, né? Ei, minha mãe vivia falando algo parecido pra mim: "Não penso, logo, sou adolescente! "
Dizem que ele fez uma boa contribuição à epistemologia! Muito legau, seja lá o que isso seja!
Bom, o que importa é o Dezcartas é filósofo, físico, matemático e francês. Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionario na filosofia e na Siência, mas também obteve reconhecimento matemático por sujerir a fusão da áugebra com a jeometria - fato que gerou a jeometria analítica e o sistema de coordenadas que oje leva o seu nome: o Sistema Renesiano! Por fim, não entendi nada, mas parece que o esse gato é sexy, lindo, cabeção e um JÊNIO mesmo!
Os matemáticos comsideram o René muito inportante por sua descoberta da geometria analítica. Não sei bein, mas ele deve ter sido amigo do Paulo Alvez Cabrau pra ter descoberto esse paíz (eu nem sabia que ele andava de navio...)
Além de bonito, é inteligente igual ao Jô Suaris porque aprendeu a falar francêis, álgebra e geometria também. Emsuma: Esse Descarte não é pra se descartar não, meninas! É pra casar!!!

Sócrates

Sócrates é um gatinho grego e também um filózofo ateniense cabeção e um dos mais importantis ícones da tradição filosófica ocidentau do ocidente. Esse deuz grego da beleza (ui!) é um dos fundadores da atual Filosofia Ocidentau e meu pai disse também que ele batia um bolão no Coríntiaz também!
Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos - que peninha - mas apontava o belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo. Eu tanbém gosto do belo, apezar dele ele ter ido em cana por traficagem de tóchico. Sócrates também se dedicava-se ao parto das idéias dos cidadões de Antenas, mas era indiferente em relação a seus própios filhos. Ajudava os outros a nascer, mas deixava os filhos pedindo ismola no sinau! Puxa, que feio, Sócrates! Nada a ver, velho, di boa...!
As fontes mais quemtes sobre a vida desse gato tudo de bom são seu amigos Pratão, Xenofonte, Aristóteles e a Seleção Brasileira. Alguns istoriadores afirmam que só se poder falar de Sócrates como um personagem de Patrão, por ele nunca ter deichado nada escrito de sua própia autoria, nem mesmo uma pixação de banheiro. Detalhes sobre a vida de Sócrates derivam de trêis fontes contemporâneas: os diálogos de Pratão as peças de Aristófanes (ou Ari Istóteles, não sei bein...) e os diálogos de Elefante. Não há evidência de que Çócrates tenha ele mesmo publicado auguma obra pois ele não tinha nem internet, o coitado. As obras de Ari Istófanes retratam Sócrates como um perçonagem cômico e sua reprezentação não deve ser levada ao pé-da-letra, pois Sócrates era porra louca, mas não era um zé ruela, sacaram?
Sócrates casou-se com Xantipa que era bem mais joven que ele e que tem um nome parecido com um charope pra tosse e teve três filhos com a piranha: Lamprócles, Sophroniscus e Menexenus, o que deve corresponder a Zé, Chico e Tião. Seu amigo Críton criticou-o por ter abandonado seus filhos quando ele se recusou a tentar escapar antes de sua ezecussão. Ou seja, Críton queria dizer que Sócrates era um filho de uma puta rampeira, mas Sócrates pedia sempre pra Críton definir epsitemologicamente os conceitos de "Filho", "Puta" e "Dança do Maxixe", coisa que fazia Críton sempre sair roendo as unhas de raiva e acabava não falando nada...
Se algo pode ser dito sobre as idéias de Çócrates, é que ele foi moraumente, intelectualmente e filosoficamente diferente de seus contemporâneos ateniençes. Quando estava sendo julgado por herezia e por corromper a juventude, como a Avril Lavigne, o grupo mexicano Rebelde e o High School Musical fazem hoje, usou seu método de elenchos para demonstrar as crenças herrôneas de seus julgadores. Como ninguém entende nada de elenchos até hoje, ficou tudo por isso meismo. Sócrates acredita na imortalidade da alma e na defesa do logos apolíneo (puta que paril, véi!!!) "Conhece-te a ti mesmo", que significa tipo "vá ao ginecologista de vez em quando", como minha mãe sempre me diz.
Sócrates dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria inguinorância (“Só sei que nada çei”.). Eu também sempre digo que "Só não çei nada mesmo e não çei nada de nada mesmo, véi".
Ele acreditava que os atos herrados eram conseqüências da própia inguinorância. A intenção de Sócratiz era levar as peçoas a se sentirem iguinorantes de tanto perguntar, tipo como fazem os caras no Show do Milhão quando chamam os Universitários de fraque. De tanto questionar, principalmente os sábios, Çócrates começou arranjar inimigos que mandaram ele beber um copo de Tubaína com Fanta Maçã Verde, o que, lójico, matou o coitado! Mas eu acho que isso é memtira e que ele ainda tá vivo pegando gerau as gatas de Antenas, na Itálha.


Kierkegaard

Søren Aabye Kierkegaard é um gatíssimo alto e loiro vindo de um dos chamados países-afro, a Dinamarca. É o filósofo que é conhecido por ser o "pai do existencialismo", enbora ele tenha pedido o teste de dna para a piranha que está ameaçando ele, coitado!!
Filosoficamente, ele fez a ponte entre a filosofia hegeliana e aquilo que se tornaria o ezistencialismo (além de filósofo, era pedreiro também!) Isso é que ser pau pra toda obra, né, gente? E por falar em pau, o Kirk é muuuuuuuuuuito popular entre as gatas nórdicas, tanto que uma biscate nada a ver chamada Regine Olsen agarrou esse partidão. Infelizmente pra nós, ele ficou noivo déssa modela, manequim, atris de teatro infantíu e vagabunda de plantão. A partir daí seus textos tornaram-se mais profumdos e seu pensamento mais voltado às questões religiosas como "De onde viemos?", "Pra onde vamos?"e "Jacaré anda no seco?"
Em vez de pai de família, Kierkegaard escolheu a solidão (que lindo!) Ele axava que não podia dar pra tal Regina todo amor que ela merece. Esta angústia o acompanha desde que conheceu a piranha, apezar de as revistas de fofocas afirmarem que ela só queria dar o famozo gólpe do baú existencialista. Uma novela do SBT foi influenciada por esse triste romance e se xamou "Os Chorões Também são Ricos". O anúncio da novela que ia no ar era açim: “A crise vivida por um omem que, ao optar pelo compromisso radicau com a transcendência, descobre a neçessidade da solidão e do distanciamento mundano, comprovada em sua produção metafísico-filosófica!" É claro que essa novela foi um fracasso total, né, pois tudo mundo não conseguia entender absolutamente NADA do que se falava!
A obra de Kierkegaard é de difíciu interpretação, uma vez que ele escreveu a maioria de seus testos sob vários pseudônimo como Sidney Sheldon, Danielle Steel e J. J. Bunito. E muitas vezes esses pseudo-autores comentam os trabálios de pseudo-autores anteriores, o que é de deichar qualquer um maluco, né? E os livro nem figura tinha!
Sétimo filho e irmão mais novo de 6 irmãos, ele era o escolhido para seguir a carreira de pastor caso não ouvesse se revelado um istudante indisciplinado. Era Chicleteiro de carteirinha! Trocou a Universidade de Copenhague - famosa por seu chocolate - onde devia estudar filosofia e teologia, pela vida sociau, teatros e cafés da sidade e a onde acabou estudando filosofia e teologia assim mesmo, não sendo muito chamado pra festas e xurrascos.
Com a morte do pai e com o relacionamento com a tal sirigaita Olsen, Kirk-gato tocou o terror! Publicou "A Alternativa", texto metafísico sobre fazer concurso da Poliça Federal, "Temor e Tremor", clássico sobre masturbação e "A Repetição", relato fiel sobre a programação do SBT. Depois saiu "Migalhas Filosóficas" e "O Conceito de Angústia", duas alegres comédias! A maior parte desses testos constitui uma temtativa de explicar a Regina e a ele mesmo, os paradóquiços da existência religiosa que o impediram de despozá-la. Regina entendeu tudo perfeitamente e foi dar para um político rico.

Sartre

Limdo! É a primeira coisa que vem a cabessa quando se fala de Jean-Paul Sartre! "Jean" para quem não sabe significa "José", "Paul", como está na cara, é "Pedro" e Sartre" significa "Gaaaaaaaaaato Selvagem!"Nossa, jente, ele é lindo demais! Além de modelo e sínbolo sexual, Sartre é um filósofo existencialista francês que nasceu na França. Ele fala direto que a existência vem antes da essência, o que paresse ser uma coiza, tipo assim... bem legau! Desde o filósofo e glutão grego Pratão, quando temos o nacimento da linguajem filosófica, a preocupação da galera é o universáu em detrimento do particular. (Nota: perguntar pra alguém o que significa "detrimento") E, agora, com o Sartre, que é tudo de bom, a existência toma seu lugar na dizcussão filosófica, partindo de questões cotidianas do dia-adia e caminhando em direção à universalidade. U-huuuuuuuuuuu! Tão profundo e emocionante que parece uma música da Ivete, né?
Êli escreveu um livro massa dimais chamado "O Ser e o Nada", que parece ser sobre o cunhado parasita que ele tinha que ficava dormindo no sofá da caza na hora do Faustão, só de camizeta do Vasco e bermuda e com uma das bolas pendurada do lado de fora. Tem um bando de neguinho por aí que diz que esse é um ençaio de ontologia fenomenológica, o que eu acho nada há ver, saca? Pelo que eu soube ele nunca foi um dentista fenomenal! Era apenas bom porque asseitava plano de saúde, saca? A prova do que eu tô falando é verdade é que em 1971 ele publicou um livro xamado "O Idiota da Família"! Viu? Não falei? É sempre sobre o mala do cunhado!
Sartre tinha uma amante meio putinha chamada Simone de Beauvoir. Os trêis não formavam um cazal comum de acordo com padrões e tavam sempre nas colunas sociais e revistas de fofoca. Ambos possuíam amantes e partilhavam confidências sobre suas relações com outros parceiros e por causa disso foram convidados para iscrever várias novelas das 7 da Globo.
Sartre é tão inteljente que escreve em françês (!!!), então em sua segunda obra filosófica de grande porte, "A Crítica da Razão Dialética ", eli apresenta uma versão auterada do existencialismo que ele julgava resolver as contradições entre as duas iscolas e também fala como é difícil ser diabético e criticado por todo mumdo. Ninguém merece, né?
Considerado por muitos o símbolo do intelequituáu engajado, Sartre é mais sexy ainda por isso e volta e meia vai na Hebe pra trocar uma idéia de igual pra igual com a loira!
Em 1938 publicou um outro livro xamado "A Náusea", un romance que é uma espéssie de estudo de caso existencialista e que aprezenta, em forma de romance, algumas das idéias que ele posteriormente desenvolveria em sua hobra filosófica e sobre o escroto do cunhado.
Em 1964 , ele foi campião invictu do prêmio Nobel de Literatúra, que ele recuzou pois, segundo ele, " Nenhum iscritor pode ser transformado em instituição", menos o Médico Legal que era um médico hipergente fina! Que dimais, hein? Ele fez igual alguns poucos atores de Hollywood que também recusaram o prêmio. Isso é que perçonalidade! Além de bonito por dentro, Sartre tem um corpinho sarado e o rosto de deus grego... hummmm


Tiririca

Considerado o maior intelectual e filósofo da atualidade, Tiririca é apontado como a única mente renascentista dos dias de hoje. Gênio por excelência, revolucionou a filosofia clássica atual com seu intelecto superior e mente poderosa e inquisitiva.
Aos oito anos começou a trabalhar em circo na cidade natal, Itapipoca - berço do pensamento cartesiano do Sertão brasileiro - onde atuava como palhaço, mesmo não tendo a conciência que exercia esse papel. Nessa época, após avaliar o impacto metafísico e, principalmente, físico da flor que esguicha água na cara do outro, do tapão na cara e do aperto de mão que dá choque na galera, ele foi obrigado a expor seu pensamento filosófico em forma de versos e música.
Nesta época, lecionava peri e pateticamente em barracas de feiras em e em pequenos circos. Devido ao grande sucesso alcançado nesses espetáculos, os barraqueiros da região se cotizaram e pagaram as primeiras mil cópias do seu cd de estréia e também como uma surra em Tiririca, pois ninguém agüentava ouvir mais a canção “Florentina” mais de 700 vezes por dia. Nessa obra seminal, Tiririca inseriu o contexto metafísico de "Boto seus dente pá dentu", o que assombrou pensamento hegeliano pós-estruturalista de toda uma geração sobre a dialética da experiência ontológica e sobre a “muquema nos beiço”. Tiririca apareceu em vários programas televisivos também para explicar a sutileza de sua segunda obra “Eu sou Chifrudo”.
Assim como Deleuze, Saussurre e Noam Chomsky , Tiririca pesquisou e reestruturou o conceito de filosofia lingüística revolucionando os conceitos de significante/significado nos conceitos do "Pusquê" (o Porque), "Odílio" (Odeio) e "Rabiga" (???)
Em 1997, gravou o segundo CD com seus pensamentos - “Tiririca”, com destaque para as canções “Ele é Corno Mas é Meu Amigo”, onde em seu trabalho mais espetacular e origi-anal, redefiniu o conceito de dualidade na frase “É baitôla, mas é meu amigo. Queima a ruela mas é meu amigo.” Nessa época foi acusado de racismo, mas após o juiz ver uma foto sua, arquivou o caso.
Após de um breve afastamento da cátedra motivado por problemas pessoais, talvez por processos de paternidade de mais ou menos 19 filhos, entre eles, dois de seus herdeiros intelectuais, Tiririquinha e Tirulipa Jr., ressurge em 1999 com o lançamento de sua importante obra – “Dança da Rapadura”.
Realizando uma série de palestras, seminários e participações no “Passa ou Repassa”, no mesmo ano ingressou na Universidade Católica Rede Record onde fez parte do corpo docente do seminário semanal “Escolinha do Barulho”, abandonando temporariamente a atividade musical. Posteriormente transferiu-se para o SBT - Sistema Brasileiro de Tautomeria, onde tinha um quadro fixo no clássico programa de debates intelectuais “A Praça é Nossa”. Retornou à Record onde participa do programa “Show do Tom” apresentado pelo também filósofo Tom Cavalcante, sendo este um dos inúmeros programas da tv brasileira a ser apresentado por um paciente de lobotomia severa.
Em 2010, interessado no bem público e longe de querer arranjar emprego bem pago e sem trabalho para si e para seus centenas de parentes, Tiririca se lançou candidato a Deputado alcançando a maior votação da história criando assim um paradoxo: ou o povo brasileiro é o mais consciente politicamente do mundo e consegue fazer um sofisticado voto de protesto ou é o mais estúpido da história da democracia por eleger um sacana analfabeto de calça apertada, peruca e bigodinho de porteiro a um custo de mais de 100 mil reais por mês.
Entretanto seu maior legado foi ter influenciado para sempre a filosofia moderna, além de todos os palhaços de sinal que, por causa dele, falam com voz de criança ou como débeis mentais até hoje.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

DO MESTRE, SEM CARINHO...

Em 1945, em Genebra, Suíça, foi organizado secretamente o 1º Congresso Mundial de Pedagogia por um obscuro professor austríaco conhecido como Mordecai Sacknulsen. Esse encontro teve como único objetivo a formulação de um mecanismo de coerção verbal-psicológica para ser usado contra alunos dos cursos primários e secundários de todo o mundo.

Sacknulsen reuniu pedagogos, psiquiatras, publicitários, atores, camelôs, políticos, titiriteiros, bruxos, policiais, agiotas, charlatões, militares travestis (puxa, faltou a vírgula!) e corretores imobiliários. Ali foram definidas e distribuídas 7 frases capitais para professores e diretores das mais renomadas instituições de ensino do mundo. Logo estas frases seriam incorporadas ao currículo de todos os cursos de pedagogia daí em diante.

O "Heptálogo do Controle Discente", como ficaram conhecidos esses motes, é decorado, desde então, por normalistas e educadores com o objetivo de ameaçar, manipular, desestabilizar, confundir, humilhar, ludibriar e sacanear escrotamente milhões de estudantes indefesos. Todos futuros professores sabem de cor essas locuções e eles as usam covardemente quando começam a perder o controle disciplinar de suas turmas. Assim, não importa onde você estude, em um determinado momento, vai ouvir as mesmas frases ameaçadoras de seus mestres. O aluno acha que é exclusivamente para ele quando ouve do professor tais ameaças, mas, na mesma hora, em Kuala Lumpur, um outro professor está berrando para seus pupilos: "Vocês não sentam assim na casa de vocês!!!" ou coisa parecida.

Eis então as 7 maquiavélicas frases compiladas pelo professor Sacknulsen:


1 - " VOCÊS ESTÃO CONFUNDINDO LIBERDADE COM LIBERTINAGEM... "

Em tom de ameaça, o professor usa essa popularíssima frase para desorientar os incautos estudantes e neles instalar uma culpa atroz. Traz em seu bojo um termo de baixíssimo calão - libertinagem - atribuindo injustamente essa qualidade aos pobres alunos. Aliás, garoto nenhum de 13 anos sabe o que significa a palavra "libertinagem"... a única chance de alguém confundir "liberdade" com "libertinagem" seria, por exemplo, um escravo fugir da senzala pra um quilombo e, na pressa, se atrapalhar e entrar num puteiro no meio do mato e acabar fazendo uma suruba com três piranhas e um sósia albino do Tiririca. Isso que é confundir "liberdade" com "libertinagem", rapaz!
Como um meninote de tão tenra idade pode ser um libertino? Nem o jovem Bocage o era! Ah, tá... então temos uma sala com 30 crianças depravadas? Até no Centro de Ensino Integrado nº 5 de Sodoma e Gomorra não rolava uma parada dessas! Que termo mais escabroso! O professor está ofendendo mancebos inocentes chamando-os de devassos, lascivos, sensuais, depravados ou até de partidários da seita dos Anabatistas que fazia oposição a Calvino (duvido que algum deles saiba essa última!).
O pai paga caro o colégio para o sacana do tutor ainda xingar o filho... e são esses são os "educadores" que nós temos...


2 - " A 6ª SÉRIE B É A PIOR TURMA DO COLÉGIO! "

Clássico da chantagem sentimental, essa frase visa mexer com os brios da turma. O professor acha que ao proferir esse dramático anúncio, a classe toda enrubescerá de vergonha, prenderá as lágrimas e parará imediatamente com a partida de porradobol que está em andamento junto com a aula de análise sintática. Ledo engano... ele não se lembra, mas a média de idade de todas as 6ªs séries é de 12 anos, período no qual o pré-adolescente, digamos assim, pouco se fode, para tudo que não seja a mais absoluta zona!!! O tempo médio de retenção de qualquer informação no cérebro de um garoto dessa idade é de aproximadamente 7,4 segundos. Após isso, ele já estará pensando em atirar um pesado dicionário de inglês-português na cara do coleguinha de óculos novo ao seu lado.
É o mesmo que dizer que a 6ª série B é a MELHOR turma do colégio! Não adianta porra nenhuma! Ou seja, não há 6ª série no mundo que vá ser uma turma mais decente após ouvir essa frase...
E é sempre a 6ª série... não importa em que colégio seja e que essa turma tenha ótimos alunos, lotada de futuros prêmios Nobel e monges budistas, sempre a tal 6ª série B é taxada como a pior turma de todo o sistema solar e dali só irão surgir futuros mendigos, assassinos, porra-loucas, colunistas sociais e deputados.
Sacknulsen sempre odiou a 6ª série, pois foi nela em que foi vítima traumatizada de brincadeiras intelectuais como "Corredor Polonês", "Nescau", "Babau" e "Acender o Isqueiro na Bunda do Colega da Frente Para Ver em Quanto Tempo Ele Grita e dá um Pulão". Mais tarde, descobriu-se que ele fôra vítima dessas brincadeiras não em sua época de estudante e sim quando adulto, ao lecionar para essa mesma classe.


3 - " VOCÊS NÃO FAZEM ISSO NA CASA DE VOCÊS! "

Essa afirmação tenta apelar para o mito que os alunos irão se controlar imediatamente ao serem lembrados dos cavalheiros britânicos que na verdade são no âmbito de seus lares... engano crasso... é o mesmo que pedir para um chimpanzé guardar para você um cacho de bananas para devolver depois.
Frase inócua, pois se há uma diferença entre o comportamento no lar e na escola é que em casa, a conduta do garoto, em média, é até um pouco melhor, devido ao fato de os pais poderem descer o cacete na molecada por qualquer indisciplina, enquanto o professor não, o que faz dele um indivíduo frustrado, infeliz, com o olhar perdido, com pressão alta e hemorróidas gigantescas.


4 - " MAIS DO QUE UM PROFESSOR, EU QUERO SER UM AMIGO DE VOCÊS! "

Conversa das mais moles. É mentira. Mentira escrota. O adulto se aproveita da enorme inocência e do coração aberto de adolescentes e pré-adolescentes para ganhar sua confiança e assim conduzir as aulas em um clima dócil e amoroso. Ele não quer ser amigo de ninguém. Ele quer é ser conhecido pela diretoria como um professor boa praça e querido por todos para manter seu emprego, somente isso.
Como um adulto vai poder ser realmente amigo de 60, 120, 240 garotos? Todos nós sabemos que é impossível... nem o Bozo conseguiu isso, apesar de toda a droga que ele botava pra dentro! Se o "fessor" fosse amigo mesmo, não perguntaria quais são os afluentes da margem esquerda do Rio Volga na prova! Porque, amigo mesmo, não tira ponto quando sai uma porradaria normal em sala de aula! Amigo mesmo, não quer conversar com os pais do outro amigo quando vê ele colando na prova. Amigo mesmo, não faz cara de "Quem é esse cara aí?" quando você encontra ele no Shopping e diz "E aí, fessor, beleza?" E amigo nenhum mesmo, está noivo há dois anos!
Se o adulto aí quer se entrosar com a galera, pra começar, viria todos os dias de bermuda, ensinaria pelo menos a 8ª série toda a dirigir no carro dele e contaria um monte de piadas boas, cheia de palavrões, em vez de ficar queimando o filme ao forçar neguinho a decorar porra de tempo verbal.


5 - " NINGUÉM VAI SAIR DAQUI ENQUANTO NÃO APARECER UM CULPADO! "

Tática de tortura psicológica empregada em interrogatórios de criminosos renitentes e que nunca poderia ser usada só para descobrir quem enfiou o pirulito Zorro no cu do cachorro e depois deu para o Fabinho de presente.
Essa frase horrorosa só instiga uma desunião discriminatória entre um grupo em ainda em formação. Reter alunos em sala de aula? Que vergonha! Vim aprender o bê-á-bá e acabei preso! Assim, de aluno a presidiário, é um pulo!
Olhem só: a educação vigente quer produzir delatores! Que ótimo! O professor (geralmente os de Moral e Cívica e de Religião) se compraz ao instituir esse joguete maquiavélico para instigar o ódio e a desconfiança entre meninos de pura alma! Sim, ele quer que os dedinhos de seus pupilos comecem a endurecer que nem granito, numa descontrolada sanha macartista até conseguir arrancar um sofrido "Foi ele, tio!" de, agora, um confuso delator pueril. Aí sim, ele vai poder se sentir um educador de verdade! Esse tipo de coisa nem no Centro de Ensino Joaquim Silvério dos Reis!
Isso tudo por causa de sua incompetência em descobrir quem resolveu usar a caixa d'água do colégio para fazer um viveiro de piranhas amazonenses, alimentadas religiosamente, de dois em dois dias, com algum gato de rua adoentado.


6 - " VOCÊS DOIS AÍ: PRA FORA! "

"Que que eu fiz? Que que eu fiz? Velho, eu só tava rindo... caralho, eu nem conheço direito esse zoneiro filho da puta do Claudio Ricardo! Eu só achei graça quando ele passou super bonder na lente de contato da Juliana! Caralho, eu não fiz nada! Eu só tava rindo! Eu não fiz nada! Velho, isso é injustiça! Essa puta dessa professora não põe moral na turma e eu que acabo me fudendo... se der merda lá em casa por causa dessa ida pra diretoria aí, eu é que não vou mais trazer porra nenhuma de super bonder nunca mais pra ninguém nessa escola, velho..."


7 - " A ESCOLA É A SEGUNDA CASA DE VOCÊS! "

Outra inverdade descarada que apela para o emocional indefeso dos alunos. Os professores falam isso para ver se até o final do ano letivo ninguém derruba uma parede à pesadas ou deixa todas as torneiras abertas do banheiro na sexta-feira no final da tarde... repressores de merda...
Convenhamos: escola nenhuma é segunda casa de ninguém! Se você pegar um mendigo e perguntar para ele se aquela escola recém inaugurada, limpa e cheirando à tinta é tão boa quanto o apertado caixote de papelão molhado no qual ele mora, ele afirmará peremptoriamente: "Nem fudendo!"
Escola é escola, casa é casa! Escola é território inimigo, todo mundo sabe disso! Escola é para destruir; já a casa é só quando nossos pais não estão vendo!
Se a escola é minha segunda casa, cadê o meu segundo videogame? Se a escola é mesmo minha segunda casa, então porque o diretor não anda só de cueca como o meu pai faz? Não tem sentido...


Com o tempo, outras frases derivadas das 7 originais foram surgindo como: " Os inocentes vão pagar pelos pecadores! ", " Eu não pedi para dar aula para vocês! ", " Vocês estão se escondendo atrás do anonimato." , "Vamos parar com essa conversa paralela!" " Vocês estão jogando fora o dinheiro do pai de vocês!", "Eu vou fazer todos vocês cagarem sangue até o final do ano!" e "Quem pode me emprestar 80 reais pra eu comprar um enrolado de salsicha?"

Hoje sabe-se que o professor Sacknulsen começou sua carreira como domador de jacarés em um obscuro circo na Prússia. Depois, foi vendedor ambulante, hipnotizador, curandeiro e vendedor de automóveis. Simpatizante da filosofia de controle de massas de Joseph Goebbles, lecionou anos em uma escola para alunos ligeiramente nervosos. Pedagogo polêmico, lançou livros famosos sobre a reeducação radical de jovens estudantes como "Deixe de Ser Burro", "O Pequeno Cretino", "Guerra Sem Fim: Discentes x Docentes" e o best seller "Cuidado, Repetente!" Foi um dos inventores do marketing político. Fundou uma das primeiras agências de publicidade da Europa e foi grande criador de gado em países do 3º mundo.Terminou seus dias como jurado de televisão de um famoso programa de auditório em Luxemburgo.

Adolar Gangorra, 93 anos, é editor do site www.adolargangorra.com,br e era obrigado a levar uma maçã todo dia para sua professora de arco e flecha.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

GRANDES PILARES DA SOCIEDADE BRASILEIRA!

Hoje, na série GRANDES PILARES DA SOCIEDADE BRASILEIRA temos mais um baluarte da responsabilidade social e do bom senso coletivo do nosso País. O animal (político, é claro!) da vez é um jovem cantor que atende pelo ótimo nome de Michel Teló e nos brinda com uma música que é um primor de romantismo e poesia: "Fugidinha". Aqui, o link para esse pérola do nosso cancioneiro popular: http://www.youtube.com/watch?v=PJkZo-kS6wk



Na letra, o jovem diz coisas aparentemente egocêntricas (lógico que não!) escritas em um Português clássico e erudito, como: "Estou bem na PARADA, Chego na BALADA, Todos param pra me ver, Mas eu TÔ ESPERTO (...), etc.". Depois, ele conclui que “O jeito é dar uma fugida com você, O jeito é dar uma fugidinha com você, Se você quer saber o que vai acontecer, Primeiro a gente foge, depois a gente vê”. No vídeo vemos dezenas de garotas na platéia gritando essa mesma frase. No fim, o rapazola ainda sussura: “FOGE comigo...” Isso mesmo, Teló, “DEPOIS a gente vê”... quanto romantismo, hein?
A princípio esse jogo dúbio de palavras poderia parecer um trocadilho rasteiro entre a terceira pessoa do Presente do verbo fugir ( FOGE ) e um outro termo menos nobre, muito utilizado em brigas de faca no Cais do Porto e em presídios na hora do banho. Essa suposta coincidência suja e boçal que não tem nada a ver com Teló quis dizer de em sua grande letra, não é mesmo, minha gente? Apesar de também parecer aquelas coisas que os meninos da sexta série berram uns para os outros na hora do recreio referindo-se as mães e irmãs uns dos outros e que degenerados escrevem nas paredes de banheiros da rodoviária. Porém esse jovem cantor nunca teria essa mesma intenção, de jeito nenhum. O que Telózinho quer mesmo é fugir por aí em desabalda carreira com sua amada, só isso! Aaaah, é um romântico irrecuperável! ("Irrecuperável" é um bom termo para ele...)
Apesar de a Organização Mundial de Saúde gastar milhões e mais milhões de dólares em campanhas contra gravidez precoce e D.S.T.s, o nosso gênio da música culmina sua cançãozinha com o verso "Primeiro a gente FOGE. DEPOIS A GENTE VÊ”! Quanta consciência e responsabilidade em uma frase só! Nove meses depois a família da coitada vai ver mesmo...
Parabéns Teló, garotão malandro, esperto e acima de tudo, CONSCIENTE. Você agora é mais um membro do seleto clube dos GRANDES PILARES DA SOCIEDADE BRASILEIRA!

Estamos "fugidos" mesmo...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

UM FILME EM UMA FRASE!

O velho Adolar Gangorra vai ao cinema sempre sem cueca para pegar um ar condicionado nas bolas e sempre acaba dormindo. Quando ele acorda já tá no final do filme. Aí o sacana sai por aí contando pra todo mundo só a parte que ele viu... UM FILME EM UMA FRASE!
Veja no Twitter: http://twitter.com/#!/UmFilmEmUmaFras

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O SELETO CLUBE RACIAL DA PUBLICIDADE BRASILEIRA

         Se você é um estudante de Publicidade e Propaganda ou um profissional da área ou até mesmo um consumidor comum, você costuma prestar atenção em peças publicitárias em geral. Não costuma? Pois deveria. Mesmo assim, você deve ter notado que, de alguns anos para cá, há a presença constante, porém não expressiva, de membros da raça negra em anúncios. Entretanto, a maioria dos atores e modelos dessas peças é composta por brancos - onde o indefectível loiro de olhos azuis é presença constante.  Progressivamente, temos visto alguns negros representados em anúncios. Antes, era regra geral haver somente modelos e atores brancos. Negros, mulatos e pardos, nem pensar. Você já imaginou o porquê dessa pequena mudança recente? Não imaginou? Pois deveria.

        Talvez você possa ter pensado que esse fenômeno tenha se originado por um processo justo de inclusão social, de uma conscientização legítima ou até de uma tardia e reparatória representação da verdadeira identidade racial e cultural da composição do nosso povo por parte Publicidade brasileira, etc. Bem, antes desse rol tão escrupuloso de motivos, temos uma outra e verdadeira razão nada nobre: por meio de pesquisas sócio-econômicas de consumo recentes, percebeu-se que há um número crescente de representantes da raça negra com poder aquisitivo razoável e com poder de compra expressivo. Assim, estava homologada pela nossa "conscienciosa" Publicidade a certidão para que esse grupo étnico, de expressividade fundamental em nosso país, pudesse se ver representado pictoricamente no “civilizado” padrão audiovisual dessa indústria. Antes tínhamos, no máximo, o famigerado menino-“fumante” do cigarrinho de Chocolate Pan (se você não sabe o que é isso e ainda se diz publicitário, vá fazer concurso pra carteiro, meu chapa!), estereótipos caricatos como o Sebastian da C&A, o mecânico da DPaschoal ou o famoso operário de construção da Demacol com seu inabalável sentimento de positividade digital. E todos, negros na linha ”Pai Tomáz” (também não sabe, pô?) e não como representantes-espelhos de um consumidor de uma determinada etnia.

        É importante imaginar porque isso acontece. Antes, segundos essas pesquisas, os negros não consumiam de forma suficiente para os padrões ideais de certos produtos. Então, não interessava à indústria publicitária mostrar um representante dessa raça em seus anúncios. Exclusão econômica somente? Se isso fosse verdade, os negros andariam nus, beberiam só água da chuva e teriam uma horta de subsistência em suas casas. O fato é que nem em anúncios de supermercados se via atores ou modelos negros ou mulatos. Os negros não seriam agradáveis para o padrão estético publicitário brasileiro? Haveria um racismo implícito no que a publicidade aponta como modelo do ideal e do belo? Negros, mulatos e pardos foram imitidos do seleto clube da Publicidade brasileira até ser "provado" que tinham condições financeiras de participar, ou seja, antes eram invisíveis. Depois que um poder econômico foi detectado, aí sim, poderiam aparecer pois vão consumir de acordo com os níveis que essa indústria considera relevantes. Antes disso, não existiam. Uma vergonha, para dizer o mínimo...

        E mesmo agora só vemos negros com determinado padrão estético que essa mesma indústria determina: os homens são invariavelmente carecas ou usam um cabelo moderno tipo dread-lock ou o chamado estilo “afro”. Não há negros com cabelos no estilo Pelé ou Milton Gonçalves nos anúncios. Por que? Para a Publicidade, o cabelo natural do negro é feio?

        Talvez uma das explicações para esse fato tão infeliz esteja no ponto de que a “inteligentsia” publicitária brasileira teime em operar em bloco imitando padrões estrangeiros e não de maneira independente e interessada em assimilar a realidade que a cerca (convenhamos: REALIDADE não é forte do universo da publicidade, não é mesmo?)

        Essa tendência atual dos anúncios faz parecer que os negros chegaram ontem no Brasil. Uma omissão ofensiva sustentada outrora por interesses econômicos, porém agora cuidadosamente dosada sempre por esses mesmos interesses que não refletem o que se passa fora do mundo artificial e, muitas vezes, lamentável dos anúncios.

        Tão importante quanto perceber esse fato é desenvolver uma visão crítica capaz de enxergar além dentro das normas e códigos internos da comunicação publicitária. E como um estudante de Publicidade Propaganda ou um profissional da área ou até um consumidor comum, você está desenvolvendo também essa visão. Não está? Pois...


Adolar Gangorra tem 69 anos, é publicitário e editor do site www.adolargangorra.com.br e acha que o saudoso Tião Macalé e seu bordão "Ih! Nojento!" seria o garoto-propaganda perfeito para empresas de telefonia, operadoras de cartão de crédito e empresas de tv a cabo no Brasil.

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