sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

MEU FILHO MACONHEIRO

        Nunca pensei que isto aconteceria na minha família. Foi um choque! Achei a tal da maconha no quarto do meu filho Tiago. Fiquei assustadíssima! Lá estava ela jogada no chão, desafiadora, olhando para mim. Reconheci-a imediatamente, pois já a tinha visto no "Cidade Alerta". A famosa maconha, aquele pó branco, perfumado e com aspecto familiar. Basta aspirar uma vez e pronto! Você estará viciado para sempre!

         Olhei melhor e percebi que Tiaguinho a escondia num frasco de talco. Gelei na hora. Meu Deus! Ele também estaria traficando a tal da maconha? Agora tudo fazia sentido. Lembro-me do dia em que vi, pela fresta da porta do quarto, Tiago sacudir seu tênis antes de sair. Era lá que ele escondia a droga para vender nas ruas. Nervosa, comecei a procurar a maconha nos seus outros pares de tênis. Cheirei um por um para ver se encontrava algum resto ali. Acordei do desmaio ao lado da poça de vômito. A maconha, quando estocada, fica um cheiro desgraçado de feto de urubu molhado! Aquilo não estava acontecendo!!! Quem diria... logo o meu Tiago, um garoto exemplar de 13 anos, excelente aluno, tinha se tornado um viciado mercador da morte!

         Após me acalmar um pouco, decidi enfrentar o problema. Certa feita, vi no programa da Hebe um psicólogo falando que os pais deveriam conhecer os efeitos da droga para poderem identificar um possível usuário na família. O que fiz então? Resolvi eu mesma fumar a famosa erva do diabo! Peguei um cachimbo velho do meu marido Anselmo, enchi-o com o pozinho da maldita e acendi. Traguei o quanto pude. Tossi muito, engasgando várias vezes. De repente, uma nuvem branca surgiu do nada. Sentia tudo girar! Vários pensamentos esquisitos foram aparecendo na minha mente...

         Agora estava claro que eu odiava cozinhar quiabo para o Anselmo, aquele sacana! Quiabo na panela antiaderente de teflon. Nada gruda numa panela dessas, eles dizem. Pois sim! Se nada gruda nessa panela, como é que eles fizeram para grudar o teflon nela, porra? Eu vou é grudar uma panela de teflon antiaderente na cara do Anselmo, aquele filho de uma puta aderente! Aderente à calcinha, eles dizem! Pois sim! Nunca mais vou usar a merda do O.B.! O.B.? O.B. - Obstrutor de Buceta! Não é mole enfiar aquele troço não, meu chapa! Eu queria ver o Anselmo socar um maço inteiro de quiabo no cu. Quiabo cru! Fala rápido: quiabo cru! Quiabo cru! Quiabro o cu! Abro porra nenhuma, rapaz!

         Que horror! Estava em transe e não tinha notado. Que droga mais poderosa aquela! Eu, mãe, esposa e dona de casa, em apenas 15 minutos havia me tornado uma maconheira profissional. Pronto, estava viciada para sempre! A transviada do 502! Que vergonha, o que os outros iriam dizer? Não, aquele seria o meu segredo. Ninguém poderia ficar sabendo. Devido ao efeito da erva maldita, minha língua ficou branca e com um gosto miserável de talco. Para não dar na vista, resolvi que não abriria a boca, não falaria nada com Tiago. Apenas torceria para que o meu pequeno traficante deixasse cair mais da tal da maconha no seu quarto para que eu pudesse sustentar esse meu vício eternamente...



Adolar Gangorra, 66 anos, é editor do blog Adolar Gangorra e não usa drogas apesar de dirigir um Lada 92 montado na Guatemala.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"ATENÇÃO! SENTIDO! ORDINÁRIO, MARCHE! VAI COMEÇAR O ESPETÁCULO!"

Ao longo do século 21 e 22, todas as formas de governo conhecidas foram apresentando sinais de fadiga. Apesar das várias adaptações feitas, os modos como as nações eram conduzidas revelaram-se ineptos e anacrônicos. Tanto democracias corruptas como ditaduras bossa-novas só conseguiram gerar revoltas e descontentamento na população mundial. Guerras sem fim começaram.

Com a falência generalizada dos governos, as forças armadas de todos os países conspiraram secretamente e se mobilizaram até formarem uma "Nação Militar Mundial" e acabaram por dominar todo o planeta. Esse controle, obviamente, começou no governo, depois se deu na economia, política, indústria, comércio e acabou por penetrar até nas mais simples atividades cotidianas. Por exemplo, no Brasil, ao Exército, coube administrar áreas como engenharia, segurança, impacto ambiental, venda de seguros até chegar a setores extremamente específicos que se revelaram mais um transtorno do que uma satisfação. O Teatro foi uma delas...

Em primeiro lugar, havia um problema básico: os militares não entendiam porquê ainda havia Teatro no mundo se o Cinema já tinha sido inventado há séculos! Mesmo assim, tiveram a boa vontade de pesquisar a Arte Dramática como um todo, para organizar e coordenar essa mui útil atividade cultural em prol, digamos, do... do... aí, realmente eles não sabiam bem o porquê...

Os oficiais encarregados dessa árdua tarefa se identificaram muito com uma linha teatral denominada "Teatro do Absurdo", desenvolvida pelo dramaturgo irlandês do século 20, Samuel Beckett, por acharem que toda forma de Teatro já é um absurdo por si só. Quando perceberam seu equívoco, mandaram alguns suboficiais pagarem algumas flexões e ficou tudo por isso mesmo.

Depois de um metódico estudo histórico para saberem do que se tratava o tal Teatro, os militares estipularam certas normas básicas de funcionamento para que essa atividade transcorresse na mais pura ordem, disciplina, pujança, orgulho pátrio, fervor varonil, mais valia da destreza e do raciocínio lógico em vez da desabalada carreira para a toca do lobo mau, etc., etc., etc. Abaixo, as leis mais famosas:


1ª Lei - Foi determinada a obrigatoriedade da execução do hino nacional juntamente com o hasteamento do pavilhão nacional antes da apresentação de qualquer espetáculo teatral. A platéia também estava convocada a se juntar à companhia de teatro para entoar o hino. Quem se recusasse, tinha que mostrar atestado médico, usar óculos fundo de garrafa ou ter um tio General.


2 ª Lei - Foi decretado que todas as manifestações teatrais no Brasil teriam obrigatoriamente um caráter histórico-cultural. Para isso, foi elaborada uma lista ÚNICA de peças que podiam ser encenadas. A saber:

- As Alegrias da Guerra do Paraguai

- General Osório: Deus ou Semideus?

- Farda Não é Fardo, Seu Molenga!

- O Menor Zoológico do Mundo

- As Trapalhadas do Coronel Hastinphilo e o Batalhão Bate-Cabeça!

- Lenda Verde-Oliva: Um Pedaço da História Militar Sul-Americana em Torno da Batalha dos Ardauzes ou de Passo do Arroio, na Guerra de 1727 a 1735, entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio Wiederspahn

- Inteligência Militar (peça infantil)

Montagens famosas da nossa dramaturgia foram alteradas. "Vestido de Noiva" passou a se chamar "Poncho Camuflado Para Núpcias". "Dois Perdidos Numa Noite Suja" virou "Dois Recrutas na Folga". "Arena Conta Zumbi" foi rebatizada de "Arena Contra Zumbi" e "É" virou "Sim, Senhor!". Clássicos estrangeiros também tiveram que se adaptar à nova realidade. "Romeu e Julieta" ganhou o nome de "A Sanguinolenta Batalha Entre as Famílias Montecchio e Capuleto". "A Morte do Caixeiro Viajante" se tornou "Baixa de Guerra" e "Um Bonde Chamado Desejo" virou "Como Eu Quero Esse Urutu!"

3 ª Lei - Todos os diretores de teatro foram substituídos sumariamente por sargentos aos quais incumbiram-se as tarefas de coordenar as atividades afins de cada grupo teatral. O sargento-diretor tinha como atribuições escolher os atores entre civis e militares. Para que não houvesse injustiças, o critério criado foi uma prova simples que consistia em uma corrida de 10 mil metros em menos de 45 minutos, 3.000 flexões em menos de 20 minutos, 450 polichinelos em exatos 450 segundos e a desmontagem, limpeza e remontagem de um fuzil FAO, de olhos vendados, em cima de uma corda bamba em chamas.

Mesmo assim, alguns civis conseguiram "penetrar nas fileiras inimigas" e continuaram insistindo em fazer teatro, só que não como gostariam os militares, devido à dificuldade da maioria em misturar concreto, carregar tijolo, bater prego. Aos antigos diretores de teatro substituídos, couberam tarefas frugais e lúdicas como escovação de cavalos, limpeza de latrinas e engraxamento dos jipes da pequenina frota do Exército.

O sargento-diretor tinha também a função de passar o texto a ser decorado pelos atores no ensaio. Caso o ator errasse alguma fala, um demérito lhe seria retirado numa escala de 1 a 10. Se continuasse a errar, seria obrigado a pagar 50 flexões na frente do grupo por cada gaguejada que cometesse. Se o ator se enrolasse feio durante a apresentação, seria detido em prisão especial, enfrentaria a Corte Marcial e teria que ficar duas semanas em posição de sentido com um balde de alumínio na cabeça, gritando ininterruptamente a frase: "SOU UM IDIOTA! SOU UM IDIOTA!"

Um código de disciplina mínimo foi criado para que a comunicação fluísse tranqüilamente entre o diretor e os atores. Esses deveriam se dirigir ao seu superior hierárquico imediato, o sargento-diretor, somente por meio das seguintes expressões: "SIM, SENHOR!", "NÃO, SENHOR!" e "NÃO, NÃO POSSUO MACONHA NENHUMA, SENHOR!"

4 ª Lei - Na divulgação das montagens para a imprensa, o ator, no caso, o soldado-ator, deveria responder todas as perguntas pronta, objetiva e destemidamente.
Eis uma matéria feita por uma repórter de televisão da época:

REPÓRTER - Oi pessoal! Estamos aqui com o Cabo Praxedes, do 1º Grupamento de Produção de Entretenimento Teatral Garra Auriverde, que interpreta o personagem-título no clássico de William Shakespeare, Macbeth, na peça que agora passou a se chamar "General Macbeth". Cabo, pra você, como é interpretar o Macbeth, é fácil?

CABO - Afirmativo. É só decorar o texto e depois repeti-lo na hora do espetáculo, SENHOR!.

REPÓRTER - Senhor? Eu sou uma mulher! Hum..."descansar", Cabo, há, há! Não precisa ficar em posição de sentido a entrevista inteira... Então, como você sente o Macbeth?

CABO - Não entendi a pergunta, SENHOR!

REPÓRTER - Como o é Macbeth pra você? O que ele passa pra você em matéria de emoção?

CABO - Veja bem, o personagem Macbeth não existe na realidade. É apenas um produto da imaginação do autor. É uma história escrita em um papel. E ele não "passa" absolutamente nada. Quem tem que receber o texto perfeitamente decorado é o sargento-diretor que dirige o nosso Grupamento, SENHOR!

REPÓRTER - Ok, mas quanto à emoção, a energia da platéia durante o espetáculo, os aplausos, o olhar da crítica...?

CABO - A única emoção é a satisfação do dever cumprido, SENHOR! Quanto mais suarmos no treinamento, menos sangraremos no combate! GARRA AURIVERDE! BRASIL!

Em seu levantamento, os militares se interessaram em descobrir quem seriam os grandes teatrólogos brasileiros do passado. Ficaram perplexos com alguns fatos históricos. Por exemplo: no ano de 2003, um diretor de teatro chamado Gerald Thomas, exibiu suas nádegas para a platéia e teve que responder legalmente por esse gesto. Não há militar que entenda esse ato exceto como falta disciplinar grave, mesmo deduzindo, ao lerem os comentários da imprensa da época, que o sr. Thomas poderia, talvez, estar querendo mesmo era "dar a bunda pra galera", prática essa bastante comum em ambos os meios, tanto o militar como o teatral.

Esse fato bizarro despertou para a questão da possibilidade da presença de homossexuais nas fileiras do Teatro Militar. Logo, o Exército decretou a proibição dos mesmos em qualquer atividade ligada a esse universo dramático. Assim, após a promulgação desse ato, essa atividade cultural cessou imediatamente de existir em nosso país por falta absoluta de contingente.


Adolar Gangorra tem 71 anos, é editor do site www.adolargangorra.com.br e nunca acreditou nessa conversa mole que o nome Rambo tenha sido inspirado no nome Rimbaud, apesar de ter visto todos os filmes de ação do poeta francês e ter lido toda a singela poesia do boina-verde norte-americano!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Peça de Teatro do "véio" Adolar Gangorra em Brasília!

ANÁLISE COMPORTAMENTAL E CRÍTICA DA MÚSICA EDUARDO E MONICA



ONDE:
Teatro ESPAÇO CENA - 205 Norte - Bloco C - Loja 25
Brasília

QUANDO:
1/10 (sexta - 20 horas)
2/10 (sábado - 20 horas e 21 horas)
3/10 (domingo - 20 horas)
8/10 (sexta - 20 horas)
9/10 (sábado - 20 horas e 21 horas)
10/10 (domingo - 20 horas)


Ficha Técnica:

Elenco: Fábio Espósito, Pablo Perosa, Fernanada D'Umbra e Mariana Cordeiro Serra
Adaptação, direção, sonoplastia e iluminação: Fernanda D´Umbra
Texto: Adolar Gangorra
Produção: Sergio Machado
Assessoria de Imprensa: Rodrigo Martins
Ingressos: 10 e 20 reais
Informações : (61) 3349-3937

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A SUBESTIMADA E MUI IMPORTANTE ARTE DE CAGAR NAS CALÇAS

O ser humano e seus antepassados vêm vivendo em sociedade antes mesmo destes últimos descerem das árvores e daqueles primeiros subirem pro apartamento. E, por isso talvez tenham criado certos tabus incompreensíveis para o pensamento racional puro como, por exemplo, a proibição do empalamento das sogras, da poligamia obrigatória entre machos brasileiros e atrizes de filmes adultos da Suécia e o mais impensado de todos: o infeliz fato de não se poder cagar nas próprias calças. Sim, amigos, a chamada “Auto-Defecação in Vestis” é relativamente nova: foi criada há algum tempo, há exatos 14 segundos (desde que você começou a ler o começo desse parágrafo), mas já pode ser considerada como uma das posturas filosófico-sociais mais sérias e revolucionárias dos últimos séculos!

Primeiramente, não dá pra ignorar que cagar é um ato vital para nossa espécie e inúmeras outras. O fabuloso e trepidante escritor e filósofo social, Adolar Gangorra, já teceu um brilhante comentário sobre esse importantíssimo assunto em seu sensacional texto “Solidão da Vida Privada”. Mesmo sofrendo de males terríveis como priapismo e megalofalia, esse bravo pensador conseguiu presentear o mundo com um tratado primordial, brilhante e já clássico sobre um tema tão fundamental para a nossa sociedade.

Infelizmente o cagar nas calças foi logo visto de modo injusto como um terrível crime social! Os pais que comemoram quando seus filhos aprendem a fazer cocô na privada e largar as fraldas não têm idéia do equívoco que estão cometendo. É genético! Nós, seres humanos, já nascemos programados para excrementar na roupa sem a menor preocupação. Os bebês e crianças pequenas fazem isso com a maior naturalidade e inocência! Se não fosse este um processo natural e evolucionista, a natureza com sua incomensurável sabedoria teria cuidado disso há muito tempo!

Depois, lamentavelmente, fomos treinados a reprimir esse instinto natural ao só defecarmos, ora vejam só... na água! O ser humano, neurótico por natureza, usou ardilosamente de sua inteligência para tentar omitir esse ato o mais rápido possível: logo foram criadas as terríveis privadas que com o truque sujo da água que impede que o cheiro da merda se manifeste com sua toda sua expressão e contundência natural e, acima de tudo, de forma realista e esclarecedora da nossa própria natureza. Todos os dias, ao defecarmos em vasos cheios de H2O ajudamos a perpetrar uma mentira: que merda não fede tanto! Quanta hipocrisia, minha gente!

A água impede que o cheiro aviltante, porém real dos toletes de bosta se espalhem com toda sua força, agressividade e, o mais importante: com a veracidade que lhes é característica. Ficamos acostumados a achar que um rolete de cocô seria, por assim dizer, um gatinho domesticado inócuo enquanto, na verdade, possui a força e selvageria de um tigre asiático! Não acredita? Cague numa folha de jornal amanhã de manhã para ver! É foda, brother! Neguinho surta na hora, maluco!

E que maldade com a natureza! Bilhões e bilhões de litros desse líquido tão precioso já foram corrompidos porque alguém achou feio defecarmos num pano qualquer! Que prego! Entretanto, esses mesmos ambientalistas que não cansam que pregar que a água doce está acabando no planeta, não gostam de cagar nas calças, os filhas das putas, para salvar a tão falada água potável!

Que auto-sabotagem mais sensacional, nós humanos, fomos capazes de pespegar em nós mesmos, não é? Aí vemos o começo de uma hipocrisia inaceitável que distorceu uma das mais sinceras formas de expressão do ser humano e, principalmente, uma de suas essências primais que é “fazer merda”, por assim dizer. A vida é muito mais séria e ameaçadora do que cagar numa aguinha todos os dias pra depois esfregar um papel macio no cu ou tacar um jatão forte de água na toba.

Uma parte bem importante dos processos de auto-conhecimento é o belo fato de cagar na própria roupa. A quebra desse tabu horroroso traria inúmeros benefícios à humanidade. Essa é uma ação importante pois vira uma declaração de negação da vaidade, de pseudo-poder, anti-materialista e anti-excesso de controle. É brilhante, original, contestadora, poderosa e revolucionária por natureza! A verdade é que empastelar as calças com uma nutela quente e mal cheirosa é um ato extremamente libertador. É também um gesto consciente de profundo cunho espiritual e filosófico: “Cago na calça, logo SINTO que existo mesmo! Puta que pariu!” O que pode ser mais racionalista do que encher a cueca de cocô? Essa ação pode ser vista como um experimento de auto-análise corajosa e acaba com aquelas baboseiras do tipo: “Estamos mesmo aqui ou é uma ilusão apenas?” ou “E se isso tudo não passar de um sonho de um cachorro?” Se você melar a bunda e a calça com merda todos os dias, não há elucubração pseudo-filosófica (vulgo: conversa mole) que resista.

Problemas psicológicos sérios como egocentrismo, impessoalidade e a famosa freudiana retenção anal e até mesmo o tédio podem ser combatidos com a auto-defecação regular. Imaginemos um sujeito como Roberto Justus cagando na sua calcinha bacana todos os dias antes de gravar seu “agradável” programa de tv. Seria um sujeitinho menos “posudo”, para dizer adjetivá-lo de maneira deveras suave, dentre outros inúmeros possíveis, não é mesmo?

A aceitação de si mesmo como ser físico finito que vai inexoravelmente esticar as canelas e vai ficar fedendo 30 vezes mais do que o meio quilo de merda que fazemos todo dia dentro de um caixote de madeira, embaixo da terra é uma das posturas de vida mais sábias que podemos assumir depois de parar de assistir o Big Brother ou esfregar uma peça de carne crua no pescoço da sua sogra e soltar um rotweiller em cima da véia imunda na hora.

A verdade é que aquele cheiro acre e inaceitável de merda que invade com virulência nossos narizes com a força de um coice de cavalo é uma lembrança de como somos na real. A consistência pegajosa e grudenta da bosta a roupa só nos ajudaria a destruir as famosas auto-ilusões que todos seres humanos, por mais humildes que sejam, têm aos milhões sobre si mesmos. Essa essência natural e interna, que a nossa sociedade doente resolveu fingir que não existe e que resolveu classificá-la de obscura estará mais presente a cada pastelada de cocô que fizermos em nossa calcinha nova de grife! É fato inegável que a merda faz parte de nós. Você está fazendo merda nesse exatamente nesse momento pelo seu constante processo digestivo ou também se estiver votando no PT ou se estiver acreditando mesmo que seu namoradinho bacana, romântico e com cara de bom moço não quer comer sua empregada que tem aquele bundão apesar de ela ser mais feia do que bater na mãe.

Eu cago regularmente nas calças de 20 em 20 dias para profundo desgosto da alienada da minha empregada, Dona Vacilene. Ela não entende que esse é um ato filosófico-espiritual de negação do nosso ego e uma singela atitude protesto contra meu próprio ser e todos os defeitos inerentes a ele. A auto-defecação faz com que o ser humano fique mais humilde, além de ser consciente do seu organismo e o mais importante: menos chocado com os malditos banheiros de rodoviária, seguramente as ante-salas do inferno no planeta Terra.

Já defequei num terno meu Armani novinho e me senti livre e leve como uma pluma! Foi extremamente libertador. Me senti como um monge asceta livre da poderosa escravidão materialista que nos oprime hoje em dia também quando dei o terno de presente para o porteiro do meu prédio pois aquela merda ficou imprestável depois desse meu grandioso gesto de abnegação digestivo-filosófico! Hoje, quando vejo Seu Querjinaldo usando aquela roupa tão maravilhosa me sinto orgulhoso pelo meu ato! Ele é o porteiro mais bem vestido que eu já vi, mesmo com aquele cheirão de feto de urubu molhado que grudou na roupa. Me congratulo mentalmente emocionado toda vez que subo pelo elevador, confesso...

Estraguei também um lindo costume Ermenegildo Zegna, mas como essa maravilhosa peça de roupa era de um primo meu e o fiz quando o próprio estava usando ela em seu casamento, isso fez com que ele cortasse relações comigo injustamente. A verdade é que é dura e incompreendida a vida dos que enxergam muito além do que nossa sociedade obtusa consegue visualizar.

A desculpa patética que a sujar a roupa seria um impedimento para a auto-defecação é ridícula. Na poeira que trazemos para casa grudada em nossas vestes há milhares de bactérias também. Lógico que aquela massaroca marrom pegajosa e nojenta com um milho grudado tem suas vicissitudes, mas é exatamente isso: quebrar a ordem expressa da sociedade que só se pode cagar em alguma privadinha de louça branca. É muita neurose para um ato que é uma necessidade biológica de primeira qualidade para a nossa saúde! Ah, não é? Experimente ficar sem deixar a moréia sair da toca por mais de um dia e você ficará deverasmente "enfezado", meu chapa, sacou? Sacou a parada, malandro? Sacou o porquê de "em-fezes-ado", doidão?

Cagar na calça é deveras importante para vários extratos sociais. Por exemplo, estudantes de medicina - os caras fazem anatomia e ficam mexendo em CADÁVERES um semestre! Qual é problema então em encher a cueca de bosta um dia? Médicos, enfermeiros, babás, psicólogos, psiquiatras e juízes de futebol (estes últimos mais como conseqüência do trabalho e não pela causa...), são exemplos de profissões onde esse importante ato de auto-conhecimento pode ajudar a tornar esses profissionais bem melhores e bem mais compreensivos com o próximo.

Um campo em que a auto-defecação é extremamente eficaz é o ativismo social e político. Pode parecer muito inteligente sair por aí usando uma camisetinha fudida do Che Guevara para se projetar como engajado, mas se o pretenso ativista pensasse um pouco, iria para as passeatas com um pastel de cocô prensado na cueca e assim poderia deixar bem claro a todos que não concorda com a sociedade. Mas, não: o bobo alegre prefere ficar gritando roboticamente: “O povo unido jamais será vencido! O povo unido jamais será vencido!” e ficar ouvindo aquelas músicas “alegronas” do Gonzaguinha ou aquela do irmão do Enfia, sei lá... Na boa, isso já saiu de moda há um tempão! Mas mal sabe o baderneiro, digo, o militante, que “O povo, cagado, jamais será ignorado!” Estou bem certo, não é? Imaginem uma passeata com centenas de participantes marchando com as calças cheias de merda! Não há Imprensa, tropa de choque e Congresso, por exemplo, hum, vejamos...o do Brasil, por mais cínico e insensível aos apelos do povo que resista! Uma passeata com apenas 30 ativistas cagados conseguiria MUITO mais atenção do uma com cem com o cuzão limpinho! Ninguém fica alheio à merda de verdade! Ninguém ia esquecer da passeata porque o cheiro é tão inesquecível quanto intimidador! Se isso não é mais óbvio do que a falta de caráter dos nossos políticos, não sei mais o que seria...

A auto-defecação também serve para evitar frustrações e a falta de comunicação. Levou um pezão na bunda da namorada? Está magoadinho? Cague na calça e vá discutir a relação com ela imediatamente depois! Tomou um esporro do chefe? Borre as calças com cimento marrom e vá trabalhar no dia seguinte! Não tem dinheiro pra ter uma tv por assinatura e tem que ficar em casa assistindo o programa do Luciano Huck no sábado à tarde? (Bom, essa aí é mais jogo você pular dentro num vulcão, brother...). Deixe o mundo saber que você não está feliz e satisfeito da forma mais natural possível! E não há lei no nosso “brilhante” e “atualíssimo” Código Penal que puna a auto-defecação! É legal!!! (Nos dois sentidos!)

E pode ser bem divertido e útil também! Você pode planejar um ato de auto-defecação para o dia do aniversário da sua sogra e ficar lá quietinho no sofá dela, comendo um bolo no pratinho enquanto aquele cheiro de merda nojento vai se espalhando pelo apartamento daquela jararaca filha da puta ou então até para aquelas festinhas de criança tão “excitantes” que sua mulher obriga a você ir, às quais você só conhece exatamente duas pessoas: sua mulher e seu filho! Mais ninguém! “Legal”, né? E o mais bacana é que todos vão achar que o “trabalho” foi feito por alguma das 50 crianças pequeninas que estão lá, às quais estão bastante familiarizadas em empestear suas fraldinhas e roupinhas de boutique que a vovó dá! Mais uma comprovação da enorme sabedoria, pureza e falta de ego das crianças!

Já que agora você é um entusiasmado adepto da fabulosa Auto-Defecação in Vestis, há receitas infalíveis para se esvair na própria indumentária sem fazer esforço algum. Por exemplo: comer duas fatias de bolo de coco (calma, é esse aí é sem acento mesmo...) com um copinho de yogurte de ameixa com fibras a cada 3 horas é meio infalível! Eu garanto, malandro: VOCÊ VAI CAGAR NA CALÇA COM CERTEZA!!! Siga essa receita às 9 da manhã e lá pelas 5 da tarde um curioso fenômeno ocorrerá no seu organismo: os dois hemisférios do seu cérebro soltarão coordenadamente uma única e categórica ordem: “CAGUE AGORA!!!” Em 10 segundos, queira ou não, você já estará carregando 1 quilo de merda recém espalhada na bunda e nas pernas. Traçar um Big Mac logo depois de um carneiro com molho de tâmaras também é um tiro certeiro. Se você traçar essa parada por volta das 9 da manhã é líquido e certo (e bota líquido nisso!) que um spray de merda INCONTROLÁVEL sairá do olho do seu cu contra sua vontade à partir do meio-dia que continuará de meia em meia hora até o dia seguinte.

Agora que você já sabe o que é, porque é e como é a importante e mui subestimada arte da Auto-Defecação In Vestis, ou seja, a popularmente conhecida cagar nas calças, mãos à barriga e prove que você não é mais um cretino na multidão! Mostre quem você realmente é de verdade nessa sociedade hipócrita na qual vivemos! Cague para tudo e todos na sua roupinha e, principalmente, por você mesmo e por uma vida mais digna, acima de tudo!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

MEU NOME É HOMEM

Meu nome é Homem. Meus pais preferiram não me dar nome específico nenhum. Quando nasci fui apelidado de “Bebê”, depois, quando fui crescendo, de “Criança”, depois de “Adolescente” e hoje, de "Adulto". Logo, logo, serei chamado de “Velho”. Tenho uma irmã mais nova que se chama Mulher, mas seu apelido atualmente é “Menina”. Mas não tenho um nome que signifique algo em especial devido à época, moda, homenagens, classe social, idolatria, credo político ou religioso, falta de bom senso e gostos específicos.

Meu nome é Homem.

Não nasci nas décadas de 20, 30 e 40 para me chamar Otacílio, Modesto, Azarias ou Hermenegildo.
Não nasci no início da década de 70 para me chamar Marcelo, Ricardo ou Rodrigo.
Não nasci no fim dela pra ter nomes duplos como Paulo César, Carlos Eduardo ou André Luis.
Não nasci na década de 90 para me chamar Iuri, Diogo, Diego ou Enzo.

Meu nome é Homem.

Não sou filho de pais nacionalistas para me chamar Cauã, Aritana ou Ubirajara.
Não sou filho de pais simpatizantes do socialismo para me chamar Andrei, Iuri ou Vladimir.
Não sou filho de artistas para ter nomes pseudo-simples e exóticos como Bento, Moreno ou Quincas.

Meu nome é Homem.

Não sou filho de pais pobres para me chamar Clebonildson, Sandisvalmer ou Fansdiscleiton.
Não sou filho de pais ricos para me chamar Antônio, Francisco ou Joaquim. Eu queria me chamar José, mas meus pais não quiseram que eu virasse um "Zé" qualquer.
Não sou filho de pais crentes para me chamar Adonai, Gedeão ou Manassés.

Meu nome é Homem.

Não sou filhos de pais idólatras que pensam mais no seu gosto do que nos próprios filhos para me chamar Maicon, Alandelon, Bredepite, Valdisnei ou Madeinusa.
Não sou filho de pais que fazem homenagens híbridas aos seus dois genitores de uma vez só para me chamar Paulédison (Paula + Edison), Creuvan (Creuza + Ivan) ou Vialdo (Vivan + Osvaldo ).
Minha irmã não é filha da empregada para se chamar Suellen, Jéssica ou Stéfanny.
Ela não é filha de pais que acham bonitos nomes afrancesados para se chamar Dannyelle, Marianne ou Tatianne.

Meu nome é Homem.

Não sou filho de pais "haribô" para me chamar Krishna, Shiva ou Sidartha.
Não sou filhos de porra loucas para me chamar “Um Dois Três de Oliveira Quatro”, “Comigo É Nove na Garruxa Trouxada”, “Restos Mortais de Catarina” ou “Vaginaldo”.
Não sou filho de pais que viram filmes americanos demais para me chamar Jonatan, "Álan" ou "Bráian" .

Meu nome é Homem.

Não sou filho de pais que usam sobrenomes estrangeiros como prenomes para me chamar Lincoln, Washington, Wellington ou Franklyn.
Não sou filho de pai e neto de avô que repetiu seu próprio nome para ter substantivos como um adendo ao sobrenome como Filho, Neto ou Sobrinho.
Não sou filho de pais que homenagearam os próprios pais para me chamar Otacílio, Modesto, Azarias ou Hermenegildo.

Meus pais não quiserem dizer absolutamente nada por meio do meu nome.

Por isso, meu nome é somente HOMEM.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Na falta de piada melhor...

O fabuloso, competente, trepidante e, acima de tudo, íntegro Senado Federal bolou e o brilhante presidente da república (vai em minúsculas mesmo, vai...) sancionou a importante lei abaixo.
Obs.: Não é spam não, moçada! Viva o Dia Nacional da Baiana de Acarajé!!! Dá-lhe, Brasil!! Na falta de piada melhor (pensando bem, essa é meio imbatível, não?)


SENADO FEDERAL
Subsecretaria de Informações


LEI Nº 12.206, DE 19 DE JANEIRO DE 2010.

Institui o Dia Nacional da Baiana de Acarajé

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Artigo 1º - Fica instituído, no calendário de efemérides nacionais, O DIA NACIONAL DA BAIANA DE ACARAJÉ, a ser comemorado, anualmente, no dia 25 de novembro.

Artigo 2º - Essa Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 19 de janeiro de 2010; 189º da Independência e 122º da República

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Ranulfo Alfredo Manevy de Pereira Mendes

Postagem em destaque

O PERIGO DAS CANTIGAS DE RODA!

O PERIGO DAS CANTIGAS DE RODA! Os pais de hoje em dia vivem reclamando da violência a que seus filhos são expostos na mídia. E com to...