segunda-feira, 6 de abril de 2009

REBELDES SEM CALÇA!

Na chamada aldeia global descrita por Marshall Mcluhan é comum sermos submetidos a produtos de entretenimento com conteúdos e estética duvidosos. Na verdade, lixo audiovisual da pior espécie, por assim dizer. Ou seja, volta e meia nos deparamos com produções nulas em valor intelectual, com exagerado apelo emocional e, acima de tudo, com uma mensagem maquiavelicamente dissimulada para disparar consumos em massa. E assim, com o passar dos anos, fomos nos acostumando com bizarrices como Menudo, Cavaleiros do Zodíaco, Back Street Boys, Xou da Xuxa, etc., achando que esse tipo de loucura é normal.

Entretanto, recentemente, o desprezo pelos neurônios das pessoas comuns foi levado ao extremo por nossos amigos mexicanos - sempre eles - com a germinação de uma dita novela para adolescentes que enganosamente tem o gaiato título de "Rebelde". Antes de qualquer coisa, deixemos bem claro que esse Rebelde aí não tem absolutamente nada de rebeldia! Em forma de entretenimento popular essa novela carrega em seu bojo uma mensagem nada subliminar de conteúdo erótico para seu público-alvo que, pasmem, são as pobres crianças e pré-adolescentes!

Sim, pais distraídos: sexo! Essa coisinha que, se bem inserida dentro de qualquer embalagem mal ajambrada, é capaz de transformar seus filhinhos em zumbis desesperados e vender até porta-aviões! Dessa vez os astecas foram longe demais. Também pudera, tanto se especializaram em cruzar as fronteiras dos outros, que agora esses centro-americanos fãs de tourada passaram mesmo dos limites com essa história de novela sobre sua juventude supostamente não conformista.

O México é um país com uma bela tradição de resistência cultural e política e que tornou famosos para o mundo figuras como Emiliano Zapata, Subcomandante Marcos e Frida Kahlo. Mas o caso agora apresentado parece mais ser de "desistência cultural" mesmo. Eles resolveram incinerar o próprio filme exportando uma produção que alega ter como diferenciação a atitude de seus jovens. Na verdade, Rebelde não passa de uma historieta vagabunda que tece uma trama rasa e sentimentalóide, com aquela lengalenga clássica de romance e intrigas, mas que utiliza um forte apelo sensualista para pré-adolescentes e crianças, mal disfarçado como dramaturgia de boa qualidade. Nada poderia ser tão contrário ao título! É sexualidade latente embalada para vendas e somente isso! "Compre nosso produtos para virar um rebelde também!"

Os mexicanos são conhecidos produtores de excrementos televisivos desde a época da famigerada Gloria Magadan. Suas novelas estapafúrdias brotaram uma ramificação maléfica aqui no Brasil, como é comprovado nos dias de hoje por bizarrices como "Malhação" e inúmeras outras torturas. Já exportaram para cá demências pesadas como "Carrossel", "Chispita", "Os Ricos Também Choram", (eu preferiria "Chisputa" e "Os Chorões Também são Ricos"!) e o famoso Chavez. Hoje está na moda dizer que "Chavez" é legal, mas você sabe muito bem que aquilo é um atestado supino de imbecilidade e idiotia. Mas se você gosta mesmo, parabéns: sua lobotomia foi um sucesso! Ou seja, tem sido um bombardeio sem fim de escabrosidades que mediocrizam cada vez mais a massa ignara de telespectadores, sempre fazendo mais vítimas entre as incautas e inocentes crianças (e um bom número de empregadas domésticas, é claro...)

Autopsiemos esse cadáver mal perfumado em forma de telenovela que é Rebelde. A "história" se passa em uma escola de para ricos no México, a tal Elite Way School, freqüentada por adolescentes interpretados por atores (licença poética) que na verdade são adultos já fisicamente formados. Na boa, eles não parecem alunos de Ensino Médio e sim universitários! É todo mundo meio velho lá! Ou eles são os maiores repetentes da história ou tem hormônio demais no frango do México!

Segundo a sinopse dessa "novelha", lá eles irão "viver conflitos e paixões, superar desafios e aprender a lidar com valores como respeito, sinceridade, egoísmo, orgulho, amor é ódio." Conversa fiada. Se você assistir 1 segundo de Rebelde vai sacar na hora que eles estão lá basicamente para trepar uns com os outros e pronto! Isso fica muito claro só pelos uniformes sumaríssimos das alunas que fariam corar uma stripper! Saias curtas, camisas abertas e gravatas soltas? Pelo uniforme já dá pra ver que essa parece ser a escola mais liberal do mundo! É o sonho de todo hippie! As mulheres usam mini-saias mais curtas do que muitos cintos! Rebeldes sem causa? Rebeldes sem calça, isso sim! Que diabo de ESCOLA é essa? Ninguém estuda naquela merda! Fazem a Escolinha do Professor Raimundo parecer ter alunos aplicados. E desde quando "egoísmo, orgulho e ódio" são valores? E ninguém falou nada em aprender cálculo, capitais da Europa e ortografia... Que ótima instituição de ensino essa, hein?

Vejamos o elenco principal. Nele, há um sujeitinho chamado Alfonso que faz o tipo do latin lover, mas que na verdade parece um night-boy de subúrbio. Pelo estilo de sua atuação (sic) ele dá a firme impressão de ter o Cigano Igor como seu maior exemplo em dramaturgia. Alfonso vive com uma expressão séria de galã de padaria e é vendido como o bom moço da novela. Mas, volta e meia, o pateta aparece sem camisa, ostentando umas pinturas infantilóides e sem sentido no corpo e na cara. Aqui no Brasil, no máximo, pegaria a contracapa da G Magazine!

O elenco feminino de Rebelde pode ser facilmente confundido com um casting de um filme de sexo explícito. Desde roupas que ofenderiam a nudistas à poses e expressões sensuais, tudo nele é arquitetado para exalar luxúria, lascívia e superficialidade e intuir a meninas inocentes que uma boa atitude social no futuro está atrelada a parecer uma vagabunda. Dá medo saber que garotinhas de 8, 10, 13 anos têm essas "mulheres experientes" como modelos de comportamento!

A protagonista Mía faz o gênero femme fatale, mas que se você a visse encostada em um muro na rua poria a mão no bolso e perguntaria quanto ela está pedindo. Vejamos a primeira frase que temos sobre sua personagem na sinopse "planeja transar com Miguel...", "...ela simplesmente está sempre preocupada com aparência." Puxa vida, que ótimo modelo de comportamento para a juventude!

Depois há uma outra maluca que escolheu o ótimo nome artístico de Dulce Maria (Doce Maria!!!) e que na novelinha recebeu o "estranhíssimo" nome de "Roberta". Faz um tipo qualquer e vive em clima de guerra com Mía. O que faz sentido pois duas profissionais do mesmo ramo irão sempre disPUTAr a atenção dos homens...

Inacreditavelmente uma outra personagem foi batizada de Lupita! Deveria se chamar "Luputa", isso sim, devido aos seus trajes indecentes e cara de santinha do pau oco!

Um outro coitado que carrega um nome típico de novela é Diego Bustamante. BUS-TA-MAN-TE! Diego sempre aparece nas fotos com cara triste, meio emburradinho. Também pudera, aparentando um qi de 14, pensou que iria fazer parte da Royal Shakesperean Company, mas quando olha para o lado... Compreende-se assim porque o jovem mancebo sempre está com semblante tão obscuro e contrariado nas fotos...

Temos também o caso clássico do jovem pederasta que se faz passar por machão ludibriando as pobres ninfetas sonhadoras que instintiva e cegamente estão ávidas por descobrir as fortes emoções do amor por meio de sua figura bisonha e esquizóide. Mas, nesse caso, lidamos com um formidável espécie de picareta que mais parece um interno da Febem e que pinta os cabelos de corres berrantes para desviar a atenção de sua feição facial de primata. Na expressão dúbia e lasciva de Giovanni, um adulto experiente percebe na hora que naquela corrente sanguínea já circularam litros e mais litros de esperma introduzidos pelos mais diversos e inusitados orifícios. Entretanto, a jovem meninota impúbere realmente acreditará que o pilantra lá é homem e que pode sim se apaixonar por ela no futuro e virar pais de seus filhos! Mais fácil o Congresso brasileiro se preocupar com sua imagem!

Então, o que fazem as jovens mancebas para seguir com sua quimera romântica? Obrigam seus pais a COMPRAR tudo que tiver a ver com seu eleito como se fosse o pagamento de um dote! Bom, a verdade é que o "ator" que desinterpreta o tal Giovanni é casado com outro sujeito desde 2005 e ficou quietinho, quietinho desde então. Só revelou sua verdadeira preferência sexual por organismos anatomicamente iguais ao dele depois que fotos de seu matrimônio com um brother no Canadá vazaram na internet, fingindo anos que gostava de mulher para dragar mais ainda o pobre dinheirinho de jovens leigas moçoilas! Esse aí não segurou a onda do "papel" de HOMEM mesmo... Êta trabalho difícil, né, Giovanni? Vá ser "rebelde" assim lá longe!

E, lamentavelmente, como não poderia deixar de ser, tudo nesse campo de subprodutos culturais de escala global acaba descambando sempre em MÚSICA! É verdade, amigos. Infelizmente esse equívoco em forma de novela gerou um "subgrupo musical" que teima em excursionar por aí apresentando seus delírios sonoros, o tal de RBD. Esse "negócio" é formado, infelizmente, pelos atores (desculpem) que interpretam (desculpem 2) os personagens listados mais acima e que resolvem cantar e dançar - isso sim, não tem perdão - para saquear mais ainda milhares de famílias por meio de seu séqüito de fãs, ratinhas inocentes de Hamlim! É ridículo pois a própria empresa que criou esse monstro o chama de "banda". O correto seria "bunda" pois não há música decente é sim só muita roupa indecente nesse grupelho bizarro.

Música e dança vagabunda para pré-adolescentes é um estratagema manjado para atiçar a libido da juventude e bloquear seu incipiente sistema racional. Bandos como Menudo, Dominó, New Kids on the Block e N\' Sync fizeram isso anos, apresentando um suposto componente artístico. Na verdade, o inocente público infanto-juvenil ficava excitado e confuso com exibições espalhafatosas de sex appeal regadas à pélvis insinuantes em movimentos convulsivamente copulantes, mascarados por coreografias constrangedoras e refrões pegajosos construídos com vozes em falsete, perpetradas por esses retardados rebolativos. Coitado do público... E ainda achava que estava pagando para ver artistas de verdade!

Ontem como hoje, milhares da garotas - e lamentavelmente alguns "garotos" - vão à histeria nos shows do RBD onde esses seis irresponsáveis incutem nas massas acéfalas juvenis mantras cretinizadores com letras dementes e lascivas como "Ela quer ter uma noite de prazer... terminarei por dar tudo o que tenho" ou "O calor do meu corpo que se eleva quase sem controle. Só de te ver, começa em minhas mãos..." e "Sei que assim eu vou me rebaixar, mas desta vez eu vou ser má. Nesse aniversário, eu comerei seu coração!" Muito bem, RBD! Esse é o tipo de mensagem que a meninada é submetida por vocês? "Nesse aniversário, eu comerei seu coração?" Puta que pariu a minha sogra! Quem escreveu isso? Hannibal Lecter?

Então essa é a Rebeldia dos tempos atuais? Se atiçar a libido adormecida de pré-adolescentes é ser rebelde, realmente estamos em apuros! Muito bem, Geração X! Che Guevara, Kerouac, Gandhi são coisa do passado mesmo! Agora são Gioavanni, Lupita, Mia, Diego, Alfonso e Dulce Maria, que dão "aulas" de não conformismo atuando, cantando e rebolando (perdão, perdão, perdão) quase sem roupa para vender sanduíches e milhares de outras besteiras por meio do poder do apelo do sexo para a juventude!

Se isso é rebeldia hoje, prefiro ser um conformista acomodado que dorme de boca aberta em frente à tv depois de assistir algum bang-bang italiano de madrugada. Ah, que saudades do século passado...

Adolar Gangorra, 68 anos, é editor do site www.adolargangorra.com.br e há anos ouve todo dia de sua esposa coisas como "tem que endurecer de qualquer modo, foda-se a ternura", etc., etc., etc...

Um comentário:

Anônimo disse...

Que achado esse texto, dei altas risadas, não tão altas pois pessoas normais dormem a esta hora, inclusive em minha casa. Não acredito que seja o primeiro a comentar, ainda mais agora que a onda já passou; mas dissecar os "rebeldes" continua sendo digno de nota. E noto um certo ranço nas palavras. Como velhos não podemos execrar a libido dos jovens, não obstante seja certo que dela tirem proveito para o comércio. As crianças têm sexo, e devem compartilhá-lo entre si mesmas, só assim podem descobrir-se e realizar-se como seres integrais, não há nada de errado nisso, embora possa ser gloriosamente imoral para idealistas. Daí à "sexploitation mexicaliente" há um desvio inevitável graças à própria cultura da repressão à natureza do humano, para o bem da civilização dos obedientes e da moral dos escravos. Diante de tais fenômenos, nosso dever para com a juventude não passa por regurgitar um passado ideal em seus corpos despidos, mas procurar esclarecer, sem rancor e inveja quanto aquilo que não mais nos pertence, a real faceta do que vivenciamos presentes uns aos outros na benesse do conflito geracional, com sinceridade e maturidade suficientes para convencer com a TV ligada.

Postagem em destaque

O PERIGO DAS CANTIGAS DE RODA!

O PERIGO DAS CANTIGAS DE RODA! Os pais de hoje em dia vivem reclamando da violência a que seus filhos são expostos na mídia. E com to...