Existe coisa mais chata do que música ao vivo num bar? Não, né? É que quem está num buteco quer beber, conversar, azarar e não vai lá pra ficar quietão assistindo a um show. E quem tá no palco tá tentando faturar um couvert miserável e não vai ser aplaudido nem ter a atenção da plateia.
Não, não tem como dar certo. Mas em todo lugar tem uma parada dessas, quando seria mil vezes melhor botar uma playlist do Spotify pra tocar. Ah, então você prefere ficar ouvindo um cara gritar "Eu só queria ter um pouco de malandraaaaagem!" a 700 decibéis ou aquele inferno de "Pro Dia Nascer Feliz" às 5 da manhã, quando você só preferia estar dormindo em casa?
Mas como aqui no Brasil música ao vivo nos bares é mais importante do que ter água encanada, com o tempo foram germinando ramificações específicas e mais desagradáveis do que cagar de bruços. Seguem agora as mais fortes e persistentes subdivisões dessa praga auditiva, que já devia ter sido exterminada há muito tempo.
Djavan - O REI dos músicos de buteco! CHATO pra caralho, mas as mulheres ADORAM as letras sem sentido desse safado. TEM que tocar toda vez! Acabou gerando alguns substratos anêmicos, como Jorge Vacilo e outros subclones tabajaras. “Piorando o ruim”, como diz um amigo meu. Mas é açaí. Guardiã. Zum de besouro. Um imã. Branca é a tez...uda da sua irmã!
Legião Urbana - Tem os fãs mais emotivos e passionais do planeta e que fazem o impensável: começam a ficar de pé e berrar juntos as músicas e também pedir canções obscuras da banda, fazendo com o que o pobre músico ache que tá abafando naquela noite. Mas se ele se empolgar e às 4 da manhã cometer o erro de tocar algum sucesso de outro artista, rolará uma pausa estranha que será interrompida pelo berro agressivo de "TOCA TEATRO DOS VAMPIROS"!
Os Mineiros - Cháton Nascimento, o doidão do Beto Guedes, 14 Bis, Paulinho Pedra Azul e Clube da Fluoxetina. Aquele clima bicho grilo, uma vibe de forte de loucura e um monte de músicas que ninguém conhece, a não ser que você tenha sido criado em Itambé do Mato Dentro a muito pão de queijo e cachaça de alambique na mamadeira.
Tiozão do Rock - É neguinho obcecado pelos anos 80 que, adolescente, cheirou lança-perfume pela primeira vez num show, e acabou beijando um outro cara na boca, achando que era uma gatinha. Então eles pensam que essa época/música é a melhor do mundo e exigem ouvir OS MESMOS hits há 30 anos! É como se fosse a nova Jovem Guarda só que bem mais brega.
Nordeste Raiz - Alceu Valença e sua obrigatória Morena Tropicana (o garçom acorda no outro dia dia pensando de minuto em minuto: "EU QUERO SEU SABÔÔÔ! ÔÔÔ-ÔI-ÔI-IÔÔÔÔÔÔÔ!), a família anemia - Elba e Zé Ramalho - além de Fagner, Belchior e Geraldo Azevedo, que é o Lampião da música de barzinho.
Triunvirato do Dendê - Basicamente é o museu deprimente da MPB que ninguém mais ouve. Sua Chatíssima Trindade é formada pelos sucessos dos anos 70 do Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque (que não é baiano, mas age safadamente como tal). Fazem ainda parte desse caroço sem angu: Cazuza, a Sapata-Music (Ana Carolina, Maria Betânia e outros sujeitos) e Gonzaguinha e sua animada trilha sonora pra você se enforcar na noite do Natal.
Sertanojo - Não vou nem perder tempo falando dessa merda aqui, brother... Mas, infelizmente, rola. É corno cantando, corno dançando e corno chorando. O menos corno é o que toca essas músicas.
"Toca Raul!" - Essa tem que constar em qualquer repertório butequeiro, mas sempre como lado B lá pelas 3 da manhã. Grande trend também entre a mendigada (você conhece algum que não saiba de cor pelo menos UMA música do Raulzito?). Legal, mas se tiver alguém cantando junto é porque já foi sócio-atleta de manicômio ou porque bebe querosene desde os 13 anos.
Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, Nirvana, etc. - Não, isso não rola NEM FUDENDO, bicho...
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