"Senhores e Senhoras presentes. Vivemos uma grave crise moral nos dias de hoje. E também nos de ontem. E, não obstante, nos dias futuros também, como qualquer macaco pode ver. Não importa a época, temos testemunhado uma avassaladora onda de luxúria, lascívia e devassidão. Um tsunami de imoralidades, por assim dizer. Sexo, sexo e mais sexo! Sim, amigos, a situação é gravíssima. O sexo hoje em dia é coisa normal e isso, como sabemos, é foda! Melhor dizendo, é inaceitável! Entretanto o sexo está em todo lugar, menos lá em casa, isso eu posso garantir. Hoje é comum vermos imagens lascivas, lidibinosas e degradantes em copinhos de yogurt -light! A triste verdade é que hoje, o sexo é considerado como o primeiro poder, às vezes como o primeiro foder, por assim dizer.
Assim, o nosso inimigo, o sexo, está principalmente na mídia. Na televisão tem sexo. Até no Jornal Nacional tem. Por exemplo, Fátima Bernardes e William Bonner: os dois são casados! E isso é gravemente implícito de atividade sexual, meus amigos. Sacaram? Sacaram? Pois é... sexo! É, antes das últimas do Oriente Médio, os dois... óóóó! Não é à toa que tiveram óctoplos!
Temos visto sexo por diversão, por distração, por pagamento de promessa, por afobação dentro de uma luta de jiu-jitsu, sexo de todos os tipos, exceto o mais importante de todos: procriação ! Sim, amigolas, a perpetuação da nossa espécie, a produção de bebês chorões, etc. Então, se faz mister eu explicar para vocês como se deve perpetrar o ato sexual de maneira correta, civilizada, organizada, rápida, higiênica e educada para o bem da nossa grande Nação brasileira, meus amigos (pausa para choro emocionado). A verdade, cidadãos brasileiros, é que o sexo é mais um ato técnico do que sexual, meus nobres compatriotas. E isso, agora eu vou provar. E viva o Brasil!
Bem, amigos, a cópula eficiente e asséptica entre marido e mulher se dá basicamente desse modo: o casal se deita lado a lado em decúbito ventral, olhando para a cima, com as dedos entrelaçados sobre o plexo solar. Ambos se saúdam e perguntam se o outro está pronto para performar o ato copulativo/procriativo. Por exemplo: "Boa noite, senhora. Como vai? Está pronta para a cópula?" A senhora diz: "Vou bem, obrigada. E o senhor? Sim, acredito que esteja pronta para performar o ato copulativo, senhor! Três vivas para o nosso Brasil!" Um aperto de mão rápido é aceitável e considerado de bom tom entre os participantes antes da conjunção carnal. Essas são as famosas preliminares e não os atos nauseabundos e luxuriosos que vocês lêem na revista Nova ou naquela série miserável e pecaminosa que eu conheço muito bem, "City in the Sex". Após esse primeiro contato, ambos fazem suas orações para que o sacrifício gerado por essa desagradável conjunção carnal dê certo, ou seja, produza um ou mais descendentes que serão muito bem vindos e apreciados e que, em poucos anos, poderão ajudar nas tarefas de casa como a limpeza de caixa d'água, a afinação de pianos e o ordenhamento de elefantas no zoológico.
Entretanto, antes de começar o ato é preciso esclarecer que, para uma cópula efetiva, não há necessidade de os participantes estarem nus piroca nenhuma! Isso é uma balela inventada por esses devassos da mídia! O bom intercurso carnal se dá, na verdade, com o uso de vestimentas apropriadas, como todo mundo sabe. O traje indicado para uma cópula familiar saudável é o esporte fino: terno, gravata, meias e sapatos marrons para o homem. Luvas são de bom tom também. Para a mulher, um vestidão longo de tecido grosso de mangas compridas com motivos florais é o mais indicado. Botas de salto alto preto são permitidas também (não me perguntem porquê, seus depravados!)
Na indumentária masculina, temos a formidável braguilha, que é necessária para que o apêndice inoculador de sêmen do homem (e não o da mulher, deve-se esclarecer) seja retirado para fora com bastante cuidado, é claro e em estado rigidez - sim, amigos, infelizmente isso é necessário sim: a rigidez peniana é condição sine que non para que a cópula seja realizada com perfeita precisão e liberdade dos poucos movimentos necessários. Mais do que isso já é luxúria, lascívia e devassidão.
Na mulher, infelizmente, não temos a mesma racionalidade lógica da calça masculina. Mas nada de levantar o vestido ou outras idéias humilhantes e desmoralizadoras! Isso é, como todos sabemos um pecado venal e social dos mais graves. Minha avó, Andrócles Gangorra, urinava em suas mais de 8 anáguas para não ter que levantar o vestido. Ela nunca teve muita vida social, mas isso sim é que era uma mulher de respeito! Então, como estava dizendo, deve-se perspegar uma abertura longitudinal na altura da bu... digo, do órgão receptor feminino, da largura exata do membro do marido. Mais do que isso, já é luxúria, lascívia e devassidão. Por exemplo, no vestido de cópula de minha esposa há uma generosa abertura de 1 centímetro e 8 milímetros. É mais do que suficiente para que haja o intercurso, a ejaculação e a rápida retirada do apêndice inoculador. Mencionei "rápida", pois isso evita que hajam idéias "criativas" e nada produtivas da parte dos cônjuges, como o uso criminoso de preservativos, a famosa "camisolinha", o sexo por diversão, a humilhante deglutição do pipi alheio do marido pela mulher (ou pelo próprio marido dependendo de seu grau de conhecimento de contorcionismo e de desvio psico-social).
Sim, amigolas, devo alertá-los para essa ameaça que vem atacando nossa sociedade por meio da mídia - paredes de banheiro de rodoviárias inclusas - que não é uma falácia coisa nenhuma. Não se enganem, mães despreocupadas e noveleiras! Essa não é mais outra balela como a curvatura da Terra e as teorias Darwinistas. Estudei a fundo esse assunto e posso garantir que chamado sexo bucal não é uma lenda urbana e sim uma realidade ameaçadora. Existem ocorrências registradas em deputados, colunistas sociais e outras espécies de fariseus e doutores da lei. Reparem no olhar de risonho da suas filhas no jantar e no aumento de consumo de Cepacol Líquido em seus lares (se seus filhos estão rindo também, o problema não é meu...).Vocês mesmo nesse auditório podem se pronunciar sobre essa ameaça ou fazer algum depoimento arrependido sobre algum erro que tenham cometido envolvendo o sexo bucal, amigos! O microfone está a disposição... Quem? Quem? Anh... (silêncio profundo no auditório).
Agora, o mais abominável dos atos desviantes da cópula reprodutiva é a chamada "brincadeira de carro e garagem", que consiste em estacionar o carro do papai na garagem dos fundos da mamãe ou mais comumente da sofrida empregada doméstica. FALAR MAIS CLARO DO QUE ISSO É IMPOSSÍVEL!!! Mais do que isso, meus amigos do Brasil, já é luxúria, lascívia e devassidão. E tenho dito!
Bom, voltando aos ritos inicias da boa cópula, após o sinal afirmativo da esposa, o marido vai se inclinando cuidadosamente sobre a mesma - que deve estar sobre a sua posição de flexão modesta dos joelhos (aconselha-se 73º graus). O marido, já estando com seu apêndice inoculador de sêmen devidamente retesado (desculpem, mas é necessário... também não concordo com esses exageros, mas...), o conhecido "pênis"- desculpem esse meu linguajar de baixo calão - para fora da roupa e apontando para cima na direção do nosso querido Cruzeiro do Sul, deve se virar rapidamente por cima da esposa como se fosse fazer flexões de braço. Esse procedimento é necessário para evitar o contato e a possível bolinação dos seios da fêmea e de outras partes pudendas, mas principalmente para evitar o luxurozante, lascivilino e devasidente movimento dos quadris de ambos os cônjuges. Isso é extremamente humilhante e aviltante para o ser humano e não deve ocorrer com casais civilizados. Elvis Presley, o famoso cantor pervertido, hoje está assando no inferno, como todo mundo sabe, por causa de sua insistência em agir nos palcos como se tivesse com um gato selvagem preso na cueca. Rebola agora, seu safado!!
Com a flexão dos braços, o movimento descendente de todo o corpo é mais do que suficiente para o tronco e, subseqüentemente, a perigosa e nada confiável pélvis, seja para o apêndice rígido (deveras retesado, deveras retesado, há de se lembrar, desculpem amigos ...) ser introduzido na região receptora feminina - não ouso proferir essa abominação por nada nesse mundo, nem em discussões na mesa na ceia de Natal, que é quando mais preciso - da esposa com arguta perícia e precisão. Pronto! Você já está lá e precisa sair o mais rápido possível para não ir pro inferno junto com o sacana do Elvis.Três movimentos descendentes e ascendentes firmes e precisos são mais do que suficientes para que o marido ejacule rapidamente litros e mais litros de sua sagrada e caudalosa seiva seminal e insemine a célula-ovo lá dentro de sua esposa. Mais do isso já é considerado luxúria, lascívia e devassidão.
Bom, terminado o ato, que não deve ultrapassar os 9 segundos, o macho deve voltar à posição de decúbito ventral, colocar rapidamente o apêndice para dentro da calça enquanto a esposa deve sair da cama imediatamente para ficar de cabeça pra baixo durante 40 minutos pra ajudar os espermatozóides do marido a chegarem mais rápido ao óvulo enquanto reza 78 Pai-Nossos para pedir perdão pelo pecado horroroso que acabou de cometer. O homem, cansado da árdua tarefa que acabou de executar, pode virar-se de lado e dormir um sono reparador e reconfortante!
Para corroborar minhas afirmações aqui proferidas, pedi à minha nobre consorte, Dona Antraprudencina Gangorra, para distribuir uma compilação das normas civilizadas que relatam a nossa conjunção carnal mensal, ou seja, a nossa cópula procriativa. Confesso que para escrever esse documento tivemos algumas pequeninas divergências sobre o conteúdo desse valioso documento para a sociedade brasileira. Mas, para minha alegria, minha doce esposa finalmente ouviu a voz da razão, principalmente quando eu peguei o balde com chumbo derretido e assim ela acabou por arrefecer de suas sandices e digitou exatamente tudo com eu lhe ordenei. No carro, na vinda para cá, ela ainda fez algumas alterações de última hora, para conferir maior fidelidade ao que lhe berrei, digo, falei, ontem à noite. Amigos, em primeira mão, as...
NORMAS BÁSICAS DA CÓPULA REPRODUTIVA OU COPULANDO CORRETAMENTE EM HONRA DA FABULOSA E TREPIDANTE NAÇÃO BRASILEIRA!
por Adolar Gangorra
- Boa noite, como vai a senhora?
- Bem. E o senhor?
- Bem também. Pronta para a cópula, senhora?
- Sim, senhor.
- Comecemos, pois. Já está em posição?
- Há duas horas. E o senhor? Já conseguiu a pressão necessária no seu apêndice inoculador?
- CLARO! CLARO QUE SIM!. QUE PERGUNTA É ESSA? MERDA!! AGORA ACABOU! CARALHO, PRECISA FICAR ME LEMBRANDO TODO MINUTO SOBRE ESSA MALDITA PRESSÃO? PORRA! SÓ PRECISO DE MAIS ALGUNS MINUTOS...
- Só perguntei porque dá última vez o senhor ficou meio...
- EU SEI! EU SEI!!!
- O senhor tem tomado aqueles comprimidinhos azuis que eu lhe dei?
- TODO DIA! MANDEI FAZER UMA FAROFA COM ELES! MINHA LÍNGUA VIVE AZUL AGORA!!! Ó, ÁÁÁÁÁÁÁÁH!
- O senhor precisa se acalmar senão vai demorar mais ainda... e não precisava ter praguejado!
- COMO ASSIM???
- Bom, enquanto o senhor tenta conseguir a "pressão necessária", vou rezar pela imprecação que o senhor soltou há pouco.
- Humpf! Onde tem mais esses comprimidos? Merda!
- O que o senhor disse? Perdeu de novo? Não acredito...
- Nada, nada....
- Boca suja... fariseu... pecador... brocha...
- O que a senhora disse?
- Nada, nada... me acorde quando conseguir alguma coisa, ok?
- Vai dormir? Ei, e a nossa brincadeirinha de "carro e garagem"?"
Adolar Gangorra, 69 anos, é editor do blog Adolar Gangorra e nunca se considerou um cara muito gozado!
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
MEU FILHO MACONHEIRO
Nunca pensei que isto aconteceria na minha família. Foi um choque! Achei a tal da maconha no quarto do meu filho Tiago. Fiquei assustadíssima! Lá estava ela jogada no chão, desafiadora, olhando para mim. Reconheci-a imediatamente pois já tinha a visto no "Cidade Alerta". A famosa maconha, aquele pó branco, perfumado e com aspecto familiar. Basta fumar uma vez e pronto! Você estará viciado para sempre!
Olhei melhor e percebi que Tiago a escondia num frasco de talco. Gelei na hora. Ele também estaria traficando a tal da maconha! Agora tudo fazia sentido. Lembro-me do dia em que vi, pela fresta da porta do quarto, Tiago sacudir seu tênis antes de sair. Era lá que ele escondia a droga para vender nas ruas. Nervosa, comecei a procurar alguma maconha nos seus outros pares de tênis. Cheirei um por um para ver se encontrava algum resto ali. Acordei do desmaio ao lado da poça de vômito. A maconha, quando estocada, fica um cheiro desgraçado de feto de urubu molhado! Aquilo não estava acontecendo!!! Quem diria? O meu Tiago, um garoto exemplar de 12 anos, excelente aluno, tinha se tornado um viciado mercador da morte!
Após me acalmar um pouco, decidi enfrentar o problema. Certa feita, vi no programa da Hebe um psicólogo falando que os pais deveriam conhecer os efeitos da droga para poderem identificar um possível usuário na família. O que fiz então? Resolvi eu mesma fumar a famosa erva do diabo! Peguei um cachimbo velho do meu marido Anselmo, enchi-o com o pó maldito e acendi. Traguei o quanto pude. Tossi muito, engasgando várias vezes. De repente, uma nuvem branca surgiu do nada. Sentia tudo girar! Vários pensamentos esquisitos foram aparecendo na minha mente...
Agora estava claro que eu odiava cozinhar quiabo para o Anselmo, aquele sacana! Quiabo na panela antiaderente de teflon. Nada gruda numa panela destas, eles dizem. Pois sim! Se nada gruda nessa panela, como é que eles fizeram para grudar o teflon nela, porra? Eu vou é grudar uma panela de teflon antiaderente na cara do Anselmo, aquele filho de uma puta aderente! Aderente à calcinha, eles dizem! Pois sim! Nunca mais vou usar a merda do O.B! O. B.? O.B. - Obstrutor de Buceta! Grandes merdas! Não é mole enfiar aquele troço não, meu chapa! Eu queria ver o Anselmo enfiar um maço inteiro de quiabo no cu. Quiabo cru! Fala rápido: quiabo cru! Quiabo cru! Quiabro o cu! Abro porra nenhuma, rapaz!
Que horror! Estava em transe e não tinha notado! Que droga mais poderosa aquela! Eu, mãe, esposa e dona de casa, em apenas 15 minutos havia me tornado uma maconheira profissional! Pronto, estava viciada para sempre! A transviada do 502! Que vergonha, o que os outros iriam dizer? Não, aquele seria o meu segredo! Ninguém poderia ficar sabendo. Devido ao efeito da maconha, minha língua ficou branca e com um gosto miserável de talco. Para não dar na vista, resolvi que não abriria a boca, não falaria nada com Tiago. Apenas torceria para que o meu pequeno traficante deixasse cair mais da tal da maconha no seu quarto para que eu pudesse sustentar esse meu vício eternamente...
Adolar Gangorra, 66 anos, é editor do site humorístico Os Reis da Gambiarra e não usa drogas apesar de dirigir um Lada 92 montado na Guatemala.
Olhei melhor e percebi que Tiago a escondia num frasco de talco. Gelei na hora. Ele também estaria traficando a tal da maconha! Agora tudo fazia sentido. Lembro-me do dia em que vi, pela fresta da porta do quarto, Tiago sacudir seu tênis antes de sair. Era lá que ele escondia a droga para vender nas ruas. Nervosa, comecei a procurar alguma maconha nos seus outros pares de tênis. Cheirei um por um para ver se encontrava algum resto ali. Acordei do desmaio ao lado da poça de vômito. A maconha, quando estocada, fica um cheiro desgraçado de feto de urubu molhado! Aquilo não estava acontecendo!!! Quem diria? O meu Tiago, um garoto exemplar de 12 anos, excelente aluno, tinha se tornado um viciado mercador da morte!
Após me acalmar um pouco, decidi enfrentar o problema. Certa feita, vi no programa da Hebe um psicólogo falando que os pais deveriam conhecer os efeitos da droga para poderem identificar um possível usuário na família. O que fiz então? Resolvi eu mesma fumar a famosa erva do diabo! Peguei um cachimbo velho do meu marido Anselmo, enchi-o com o pó maldito e acendi. Traguei o quanto pude. Tossi muito, engasgando várias vezes. De repente, uma nuvem branca surgiu do nada. Sentia tudo girar! Vários pensamentos esquisitos foram aparecendo na minha mente...
Agora estava claro que eu odiava cozinhar quiabo para o Anselmo, aquele sacana! Quiabo na panela antiaderente de teflon. Nada gruda numa panela destas, eles dizem. Pois sim! Se nada gruda nessa panela, como é que eles fizeram para grudar o teflon nela, porra? Eu vou é grudar uma panela de teflon antiaderente na cara do Anselmo, aquele filho de uma puta aderente! Aderente à calcinha, eles dizem! Pois sim! Nunca mais vou usar a merda do O.B! O. B.? O.B. - Obstrutor de Buceta! Grandes merdas! Não é mole enfiar aquele troço não, meu chapa! Eu queria ver o Anselmo enfiar um maço inteiro de quiabo no cu. Quiabo cru! Fala rápido: quiabo cru! Quiabo cru! Quiabro o cu! Abro porra nenhuma, rapaz!
Que horror! Estava em transe e não tinha notado! Que droga mais poderosa aquela! Eu, mãe, esposa e dona de casa, em apenas 15 minutos havia me tornado uma maconheira profissional! Pronto, estava viciada para sempre! A transviada do 502! Que vergonha, o que os outros iriam dizer? Não, aquele seria o meu segredo! Ninguém poderia ficar sabendo. Devido ao efeito da maconha, minha língua ficou branca e com um gosto miserável de talco. Para não dar na vista, resolvi que não abriria a boca, não falaria nada com Tiago. Apenas torceria para que o meu pequeno traficante deixasse cair mais da tal da maconha no seu quarto para que eu pudesse sustentar esse meu vício eternamente...
Adolar Gangorra, 66 anos, é editor do site humorístico Os Reis da Gambiarra e não usa drogas apesar de dirigir um Lada 92 montado na Guatemala.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
O P.I.M.B.A.
Há algum tempo, temos assistido a um curioso fenômeno em nossa sociedade que se caracteriza pela formação de pequenos grupos ditos "engajados". Tais substratos sociais são caracterizados basicamente por praticarem um forte patrulhamento ideológico, por possuírem um alto senso corporativista e pela absoluta ausência de mulheres gatas em suas fileiras. Grupos esses, como por exemplo, os indefectíveis crentes, os chatos da Amway e os "dinâmicos e trepidantes” jogadores de RPG, têm-se notabilizado pela total falta de bom senso e, muitas vezes, de macheza também.
Entretanto, um dos bandos mais antigos e insidiosos e de rápido crescimento, até agora permanecia incógnito. Refiro-me àquelas pessoas que alardeiam dominar um conhecimento abrangente relativo à produção cultural em geral, que usam roupinhas escuras, que se consideram alternativos e que também possuem a postura cervical de uma seriema. Essa “tribo” cresceu tanto, que hoje é impossível não esbarrar com algum deles em um vernissage, shows de bandas inglesas alternativas, festivais de cinema ou consultórios de proctologia. A esse grupo convencionou-se chamar P.I.M.B.A., sigla para Pseudo-Intelectual Metido à Besta Associado. Sim, meu amigo, P.I.M.B.A. é todo aquele sujeito que, quando você comenta que dormiu na Mostra Experimental de Cinema Iraniano de Vanguarda, ele faz uma expressão snob e lhe dá a entender que você possui o QI de, digamos, um jumento.
O problema básico do P.I.M.B.A. é que ele vai querer mostrar para você, a todo custo, que só ele é capaz de entender o verdadeiro significado das diversas formas de produção intelectual, enquanto você, no máximo, vai sentir uma vontade incontrolável de fazer cocô.
O bom procedimento para se identificar um P.I.M.B.A. é reconhecer seu vocabulário. O P.I.M.B.A. é aquele que, em uma roda de conversa, tem a manha de soltar a seguinte pedrada sobre, por exemplo, o filme Tudo Sobre Minha Mãe: “Almodóvar promove uma releitura revisitada de vanguarda do clown em contraposição ao belíssimo resgate fake narrativo pós-kantiano de Buñuel", enquanto você só conseguiu achar o diabo do filme parecidão com as novelas do SBT.
Portanto, agora quando você vir um sujeito magrinho, de óculos de armação grossa, usando blazer, gola rolê, sapatinho, colete, piercing (ou qualquer outra palhaçada do gênero), carregando um livro de poesias de Fernando Pessoa ou um disquinho de Belle & Sebastian, não se engane. Ele não será um yuppie, um playboy, um hiponga ou muito menos, um intelectual de verdade. Ele é um P.I.M.B.A.! Mude de calçada, então ou encare mais essa enganação...
Veja um P.I.M.B.A. em ação nesse video aqui, ó:
http://www.youtube.com/watch?v=80-0Pc3pJks&feature=PlayList&p=599B68E6BC5055AE&playnext=1&index=47
Entretanto, um dos bandos mais antigos e insidiosos e de rápido crescimento, até agora permanecia incógnito. Refiro-me àquelas pessoas que alardeiam dominar um conhecimento abrangente relativo à produção cultural em geral, que usam roupinhas escuras, que se consideram alternativos e que também possuem a postura cervical de uma seriema. Essa “tribo” cresceu tanto, que hoje é impossível não esbarrar com algum deles em um vernissage, shows de bandas inglesas alternativas, festivais de cinema ou consultórios de proctologia. A esse grupo convencionou-se chamar P.I.M.B.A., sigla para Pseudo-Intelectual Metido à Besta Associado. Sim, meu amigo, P.I.M.B.A. é todo aquele sujeito que, quando você comenta que dormiu na Mostra Experimental de Cinema Iraniano de Vanguarda, ele faz uma expressão snob e lhe dá a entender que você possui o QI de, digamos, um jumento.
O problema básico do P.I.M.B.A. é que ele vai querer mostrar para você, a todo custo, que só ele é capaz de entender o verdadeiro significado das diversas formas de produção intelectual, enquanto você, no máximo, vai sentir uma vontade incontrolável de fazer cocô.
O bom procedimento para se identificar um P.I.M.B.A. é reconhecer seu vocabulário. O P.I.M.B.A. é aquele que, em uma roda de conversa, tem a manha de soltar a seguinte pedrada sobre, por exemplo, o filme Tudo Sobre Minha Mãe: “Almodóvar promove uma releitura revisitada de vanguarda do clown em contraposição ao belíssimo resgate fake narrativo pós-kantiano de Buñuel", enquanto você só conseguiu achar o diabo do filme parecidão com as novelas do SBT.
Portanto, agora quando você vir um sujeito magrinho, de óculos de armação grossa, usando blazer, gola rolê, sapatinho, colete, piercing (ou qualquer outra palhaçada do gênero), carregando um livro de poesias de Fernando Pessoa ou um disquinho de Belle & Sebastian, não se engane. Ele não será um yuppie, um playboy, um hiponga ou muito menos, um intelectual de verdade. Ele é um P.I.M.B.A.! Mude de calçada, então ou encare mais essa enganação...
Veja um P.I.M.B.A. em ação nesse video aqui, ó:
http://www.youtube.com/watch?v=80-0Pc3pJks&feature=PlayList&p=599B68E6BC5055AE&playnext=1&index=47
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
AS NOVAS REGRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
AS NOVAS REGRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Por exemplo, a expressão PERDA DE TEMPO em relação as novas regras da Língua Portuguesa tem nova grafia. Escreve-se agora PERDA COMPLETA DE TEMPO, o que parece ser também uma COMPLETA PERDA DE TEMPO no que diz respeito as novas regras da Língua Portuguesa.
O termo FODA-SE antes era escrito assim. Agora é FODA SE para as novas normas da Língua Portuguesa. Sem hífen. Mas é FODA SE de qualquer jeito e também deve ser usado no que tange as novas regras da Língua Portuguesa. Pouca gente se lembra, mas antigamente, esse termo era escrito e até esculpido por aí com acento circunflexo. Então todo mundo tocava o FÔDA-SE quando este estava presente em esculturas em alto relevo e em letra-caixa em letreiros luminosos de lojas de penhor. Agora temos que tocar o FODA SE para as novas regras da Língua Portuguesa funcionarem em qualquer lugar. FODA-SE com as novas regras da Língua Portuguesa agora é FODA SE.
Também agora podemos fazer a inversão de frases no período. Por exemplo, peguemos duas frases distintas e sem relação alguma: "FODAM-SE" e "As novas regras da Língua Portuguesa". Pelas novas regras podemos e devemos escrever assim, ó: FODAM SE as novas regras da Língua Portuguesa, onde cai o "e" conjunção de ligação. Que legal, hein?
Então, lembre-se: sempre que puder dê o FODA-SE para as novas regras da Língua Portuguesa.
Outra palavra que mudou com as novas normas da Língua Portuguesa é RIDÍCULO, com acento agudo. Pelas novas normas da Língua Portuguesa, RIDICULO pode ser escrito agora sem acento. O que antes era normal, hoje é RIDICULO graças as novas normas da Língua Portuguesa. Sem acento.
Por fim, temos a famosíssima expressão VÃO TOMAR NO CU - os criadores das novas regras da Língua Portuguesa não mudaram essa expressão. Sendo assim, VÃO TOMAR NO CU ainda é a coisa mais certa de se deixar claro para as novas regras da Língua Portuguesa. Entretanto, várias vírgulas perderam o uso. E como ficaria esse termo toda escrito agora sem tanta vírgulas tão inúteis? Bem, fica assim: VÃO TOMAR NO CU os criadores das novas regras da Língua Portuguesa prefiriram deixar assim. Ainda bem!
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
NÃO TEM DONO NO BRASIL
Como se pode conhecer um povo? Essa é uma pergunta bem desgastada, é verdade... Mas, uma vez dentro dessa ingrata e enfadonha tarefa, a resposta mais ponderada seria: "Por vários meios, brother!"
Um dos parâmetros mais reveladores é, sem dúvida, o seu produto cultural, em todas suas diferentes manifestações. Entretanto, uma delas, em especial, é pouco analisada e, ao mesmo tempo, por demais reveladora: os famosos ditados populares.
Esses podem servir muito bem como um reflexo fiel do pensamento vivo de qualquer nação. Na Hungria, por exemplo, há um conhecido ditado que diz "Fora da Hungria não há vida. Se há vida, não é vida.", o que demonstra o quanto os magiares estão ligados emocionalmente a sua pátria. Na Suécia temos um famoso anexim que, traduzido livremente, seria algo como "Quem corre com o ovo na mão, pode voltar para raspar a gema do chão", o que revela terem esses nórdicos passado por tempos difíceis e como isso marcou definitivamente seu caráter frente às intempéries. Um dito popular coreano diz: "No Universo, o que é de um pertence a todos. O que é de todos pertence também ao menor dos insetos." Vê-se aí claramente o respeito e o compromisso desse povo oriental com uma visão milenar e holística em relação à natureza. Um conhecido rifão lusitano afirma: "Manuel e Joaquim: os três se estapeiam bem pra mim"... o que realmente não dá pra entender picas...
No Brasil, não é diferente. Os ditos populares refletem como o "consciente coletivo" do nosso país pensa. José Bonifácio afirmou em um de seus livros que os ditados são "... uma pintura dos traços mais verdadeiros do caráter nacional..." Uuuuuuuuuuhhhhh!
E que exemplos de conduta ou de personalidade como Nação nós, brasileiros, oferecemos para o mundo com nossos ditados? O que podemos ensinar a outros povos por meio de nossa "enorme" sabedoria tupiniquim?
Peguemos a esmo um exemplo. Vejamos... o famoso ditado: "Cu de bêbado não tem dono!" Um mote bem conhecido e que nunca caiu em desuso aqui em terras brasileiras. Significa, basicamente, que se você ingerir álcool suficiente para perder o controle de suas funções corporais primárias, pode ser enrabado por uma ou mais pessoas. Que legal, hein? É isso, amigos: encheu a cara de pinga aqui no Brasil, o vizinho chega e pode fazer do seu cuzão um parque de diversões. Aqui, cada um cuide do seu, pois, a rabiola de um sujeito com mais de 18 miligramas de álcool na corrente sangüínea é de domínio público. Não tem dono... É seu, é meu, é de todo mundo.
Apesar de estar localizado num rincão não muito iluminado e de difícil acesso no seu próprio corpo, pode, seu cu, de uma hora pra outra, ser invadido e espoliado por um brasileirão qualquer. E você não precisa nem desmaiar totalmente para levar uma trolha no bozó, não! É só não estar em condições de repelir fisicamente as insistentes investidas de uma caceta mal intencionada por causa do lamentável estado alcoólico em que você se encontra. Infelizmente, muitos bêbados não conseguiram vencer a desesperada luta contra ágeis e sóbrios sodomitas e foram lancetados até a próstata assim mesmo em estado de semiconsciência! "51... Boa idéia é o caralho... Tomei foi no cu... Ê, país escroto!"
Nos grupos de ajuda a dependentes do álcool, em qualquer lugar do mundo, é sempre lembrado que se esses tiverem alguma recaída e se intoxicarem além da manutenção do controle de suas funções corporais, apesar de vulneráveis, acabarão sendo levados por alguém para o hospital mais próximo. Serão medicados e pronto. Agora, no Brasil, estão muito por conta própria e poderão cagar para dentro por causa de quaisquer uns que se interessem pelo seu buraco. Aqui, é assim, moçada. Tem-se a posse, mas perde-se a propriedade fácil, fácil...
Vejamos uma hipótese bem plausível: uma família saindo de um shopping na época das compras natalinas. Caminham alegres e apressados carregando seus pacotes. Quando chegam perto de seu automóvel, Junior, obviamente o caçula, encontra um adulto caído e imóvel entre um carro e outro. Imediatamente avisa a todos sobre o seu achado. O grupo cerca o senhor desfalecido.
O pai examina preocupado o senhor de terno e gravata ali prostrado, temendo pelo pior. Mas após um rápido exame e ao sentir o forte aroma etílico exalado pela da respiração do homem, papai dá um largo sorriso e exclama aliviado: "Ora, vejam só... é um bêbado!" Ah, que maravilha! Os Silva tiraram a sorte grande! Nada como levar para casa um curuzu de um cachaceiro logo na época do Natal! Isso é que é fartura, hein, Silvas?
Ao chegar em casa, o pai carrega esforçadamente o pesado alcoólatra até o elevador. Já em seu lar, ele algema o bebão num cavalete pelos pulsos e tornozelos, deixando-o em arqueado em decúbito dorsal no meio da sala. Logo ele arreia as calças do sem-noção, esfrega as mãos, animado, e coloca uma pequena lanterna em sua própria boca para que possa examinar pormenorizadamente o seu achado, tal qual um dedicado proctologista. "Que beleza, minha gente!", pensa ele, salivando... "Um puta cuzão desses, novinho em folha, dando sopa no meio da rua! Me dei bem! Me dei bem! Viva o Brasil!"
Todos querem se divertir com o embriagado impotente que tomou aquelas doses a mais de whisky. Junior quer dar uma bicuda na bunda do pudim de cachaça. Mamãe quer usar seu recém adquirido creme depilatório nas nádegas do infeliz. A filha adolescente quer ficar com seu cartão de crédito! Ela pergunta: "Papai, posso ficar com a carteira dele?" O pai repreende-a na mesma hora: "Que coisa mais feia, minha filha! A carteira desse coitado tem dono, nome e foto. Pertence a esse senhor que nós achamos na rua, como você bem sabe, querida... agora esse fusquete aqui... é da galera ou não é?" E todos respondem em coro: "Éééééééééééé´!!!!"
Esse é papai, um brasileiro típico... O que será que ele pretende fazer com esse tobaço aí dando sopa? Oras, ele vai obedecer o que manda a tradição brasileira! Vai cravar sua piroca dura no bêbado inconsciente até a goela, enquanto assiste ao Especial do Roberto Carlos na Globo (essa também outra forma de estupro humilhante já bastante tradicional em nosso País). Vai empalá-lo vivo com sua casseta sem piedade alguma até que os globos oculares do cachaça quase pulem fora como duas rolhas de champanhe!
Mas o que outra coisa ele poderia fazer? Ele cresceu ouvindo esse dizer que cu de bêbado não tinha dono! É o que diz o ditado, é o que manda a lei social brasileira. Nós somos brasileiros de verdade ou não somos? No Brasil, cu de bêbado não tem dono! Não tem dono não! Viva o gigante adormecido! E pica na bunda do patrício desacordado aqui...
Não precisa ser gênio para sacar que um ditado escabroso como esse não foi inventado por uma freirinha inocente metida a comediante do convento ou que foi tirado de um malicioso título de alguma pornochanchada dos anos 70. Não é uma piada que se propagou! Se esse ditado existe e é bastante conhecido é porque ELE ACONTECE A TODA HORA! (Caralho, que medo...)
Esse negócio de enfiar na bunda de bêbado é mais uma das brilhantes idéias do povo brasileiro por mais que os nacionalistas obtusos e renitentes não queiram. Ou você também acha que isso não nunca rolou por aqui? Se existe uma frase popular falando sobre esse "curioso fenômeno" é porque muitos cidadãos da terra brasilis já se aproveitaram de algum bebum vacilão! Ok, ok, alardeiam a toda hora por aí que o brasileiro é extremamente solidário, inocente e gente fina, blá, blá, blá... Será que isso é totalmente verdade? Ou será que é um pouco também o "cada um por si", tipo, se você não puder defender o que é seu, alguém virá tirar proveito da forma mais cruel possível. Refletiria bem uma parte da nossa formação como povo? Teria a ver com a aquela psicose de "levar vantagem em tudo, certo?" Ou com o fato de que nada aqui tem limite, que tudo é flexível socialmente ou, em última análise, com o famoso e, diga-se, asqueroso, jeitinho brasileiro.
Um dos poucos países a terem um "ditado" escrito em sua bandeira - "ordem e progresso" - que soa até engraçado de tão díspar que é em relação a sua realidade como Nação - o Brasil consagrou em sua cultura popular uma expressão única no mundo pela sua crueza e que pode ajudar a desmistificar a tão propagada boa índole do brasileiro. Povo esse que não tem o hábito de se auto-criticar, está há pouco tempo na escola e prefere mais se preocupar com assuntos importantíssimos como o melhor futebol do mundo, carnaval e com bunda. Bunda? Tem dono? Ah, não é tão assim? Pergunte para o bêbado que acorda no beco e volta pra casa andando que nem um caubói pra cagar sangue... ah, provavelmente foi um algum argentino malvado...
É isso mesmo, amigos. É como diz o ditado aqui: cu de bêbado não tem dono. E viva a terra da caipirinha!
Adolar Gangorra tem 91 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não toma Caracu de jeito nenhum!
Um dos parâmetros mais reveladores é, sem dúvida, o seu produto cultural, em todas suas diferentes manifestações. Entretanto, uma delas, em especial, é pouco analisada e, ao mesmo tempo, por demais reveladora: os famosos ditados populares.
Esses podem servir muito bem como um reflexo fiel do pensamento vivo de qualquer nação. Na Hungria, por exemplo, há um conhecido ditado que diz "Fora da Hungria não há vida. Se há vida, não é vida.", o que demonstra o quanto os magiares estão ligados emocionalmente a sua pátria. Na Suécia temos um famoso anexim que, traduzido livremente, seria algo como "Quem corre com o ovo na mão, pode voltar para raspar a gema do chão", o que revela terem esses nórdicos passado por tempos difíceis e como isso marcou definitivamente seu caráter frente às intempéries. Um dito popular coreano diz: "No Universo, o que é de um pertence a todos. O que é de todos pertence também ao menor dos insetos." Vê-se aí claramente o respeito e o compromisso desse povo oriental com uma visão milenar e holística em relação à natureza. Um conhecido rifão lusitano afirma: "Manuel e Joaquim: os três se estapeiam bem pra mim"... o que realmente não dá pra entender picas...
No Brasil, não é diferente. Os ditos populares refletem como o "consciente coletivo" do nosso país pensa. José Bonifácio afirmou em um de seus livros que os ditados são "... uma pintura dos traços mais verdadeiros do caráter nacional..." Uuuuuuuuuuhhhhh!
E que exemplos de conduta ou de personalidade como Nação nós, brasileiros, oferecemos para o mundo com nossos ditados? O que podemos ensinar a outros povos por meio de nossa "enorme" sabedoria tupiniquim?
Peguemos a esmo um exemplo. Vejamos... o famoso ditado: "Cu de bêbado não tem dono!" Um mote bem conhecido e que nunca caiu em desuso aqui em terras brasileiras. Significa, basicamente, que se você ingerir álcool suficiente para perder o controle de suas funções corporais primárias, pode ser enrabado por uma ou mais pessoas. Que legal, hein? É isso, amigos: encheu a cara de pinga aqui no Brasil, o vizinho chega e pode fazer do seu cuzão um parque de diversões. Aqui, cada um cuide do seu, pois, a rabiola de um sujeito com mais de 18 miligramas de álcool na corrente sangüínea é de domínio público. Não tem dono... É seu, é meu, é de todo mundo.
Apesar de estar localizado num rincão não muito iluminado e de difícil acesso no seu próprio corpo, pode, seu cu, de uma hora pra outra, ser invadido e espoliado por um brasileirão qualquer. E você não precisa nem desmaiar totalmente para levar uma trolha no bozó, não! É só não estar em condições de repelir fisicamente as insistentes investidas de uma caceta mal intencionada por causa do lamentável estado alcoólico em que você se encontra. Infelizmente, muitos bêbados não conseguiram vencer a desesperada luta contra ágeis e sóbrios sodomitas e foram lancetados até a próstata assim mesmo em estado de semiconsciência! "51... Boa idéia é o caralho... Tomei foi no cu... Ê, país escroto!"
Nos grupos de ajuda a dependentes do álcool, em qualquer lugar do mundo, é sempre lembrado que se esses tiverem alguma recaída e se intoxicarem além da manutenção do controle de suas funções corporais, apesar de vulneráveis, acabarão sendo levados por alguém para o hospital mais próximo. Serão medicados e pronto. Agora, no Brasil, estão muito por conta própria e poderão cagar para dentro por causa de quaisquer uns que se interessem pelo seu buraco. Aqui, é assim, moçada. Tem-se a posse, mas perde-se a propriedade fácil, fácil...
Vejamos uma hipótese bem plausível: uma família saindo de um shopping na época das compras natalinas. Caminham alegres e apressados carregando seus pacotes. Quando chegam perto de seu automóvel, Junior, obviamente o caçula, encontra um adulto caído e imóvel entre um carro e outro. Imediatamente avisa a todos sobre o seu achado. O grupo cerca o senhor desfalecido.
O pai examina preocupado o senhor de terno e gravata ali prostrado, temendo pelo pior. Mas após um rápido exame e ao sentir o forte aroma etílico exalado pela da respiração do homem, papai dá um largo sorriso e exclama aliviado: "Ora, vejam só... é um bêbado!" Ah, que maravilha! Os Silva tiraram a sorte grande! Nada como levar para casa um curuzu de um cachaceiro logo na época do Natal! Isso é que é fartura, hein, Silvas?
Ao chegar em casa, o pai carrega esforçadamente o pesado alcoólatra até o elevador. Já em seu lar, ele algema o bebão num cavalete pelos pulsos e tornozelos, deixando-o em arqueado em decúbito dorsal no meio da sala. Logo ele arreia as calças do sem-noção, esfrega as mãos, animado, e coloca uma pequena lanterna em sua própria boca para que possa examinar pormenorizadamente o seu achado, tal qual um dedicado proctologista. "Que beleza, minha gente!", pensa ele, salivando... "Um puta cuzão desses, novinho em folha, dando sopa no meio da rua! Me dei bem! Me dei bem! Viva o Brasil!"
Todos querem se divertir com o embriagado impotente que tomou aquelas doses a mais de whisky. Junior quer dar uma bicuda na bunda do pudim de cachaça. Mamãe quer usar seu recém adquirido creme depilatório nas nádegas do infeliz. A filha adolescente quer ficar com seu cartão de crédito! Ela pergunta: "Papai, posso ficar com a carteira dele?" O pai repreende-a na mesma hora: "Que coisa mais feia, minha filha! A carteira desse coitado tem dono, nome e foto. Pertence a esse senhor que nós achamos na rua, como você bem sabe, querida... agora esse fusquete aqui... é da galera ou não é?" E todos respondem em coro: "Éééééééééééé´!!!!"
Esse é papai, um brasileiro típico... O que será que ele pretende fazer com esse tobaço aí dando sopa? Oras, ele vai obedecer o que manda a tradição brasileira! Vai cravar sua piroca dura no bêbado inconsciente até a goela, enquanto assiste ao Especial do Roberto Carlos na Globo (essa também outra forma de estupro humilhante já bastante tradicional em nosso País). Vai empalá-lo vivo com sua casseta sem piedade alguma até que os globos oculares do cachaça quase pulem fora como duas rolhas de champanhe!
Mas o que outra coisa ele poderia fazer? Ele cresceu ouvindo esse dizer que cu de bêbado não tinha dono! É o que diz o ditado, é o que manda a lei social brasileira. Nós somos brasileiros de verdade ou não somos? No Brasil, cu de bêbado não tem dono! Não tem dono não! Viva o gigante adormecido! E pica na bunda do patrício desacordado aqui...
Não precisa ser gênio para sacar que um ditado escabroso como esse não foi inventado por uma freirinha inocente metida a comediante do convento ou que foi tirado de um malicioso título de alguma pornochanchada dos anos 70. Não é uma piada que se propagou! Se esse ditado existe e é bastante conhecido é porque ELE ACONTECE A TODA HORA! (Caralho, que medo...)
Esse negócio de enfiar na bunda de bêbado é mais uma das brilhantes idéias do povo brasileiro por mais que os nacionalistas obtusos e renitentes não queiram. Ou você também acha que isso não nunca rolou por aqui? Se existe uma frase popular falando sobre esse "curioso fenômeno" é porque muitos cidadãos da terra brasilis já se aproveitaram de algum bebum vacilão! Ok, ok, alardeiam a toda hora por aí que o brasileiro é extremamente solidário, inocente e gente fina, blá, blá, blá... Será que isso é totalmente verdade? Ou será que é um pouco também o "cada um por si", tipo, se você não puder defender o que é seu, alguém virá tirar proveito da forma mais cruel possível. Refletiria bem uma parte da nossa formação como povo? Teria a ver com a aquela psicose de "levar vantagem em tudo, certo?" Ou com o fato de que nada aqui tem limite, que tudo é flexível socialmente ou, em última análise, com o famoso e, diga-se, asqueroso, jeitinho brasileiro.
Um dos poucos países a terem um "ditado" escrito em sua bandeira - "ordem e progresso" - que soa até engraçado de tão díspar que é em relação a sua realidade como Nação - o Brasil consagrou em sua cultura popular uma expressão única no mundo pela sua crueza e que pode ajudar a desmistificar a tão propagada boa índole do brasileiro. Povo esse que não tem o hábito de se auto-criticar, está há pouco tempo na escola e prefere mais se preocupar com assuntos importantíssimos como o melhor futebol do mundo, carnaval e com bunda. Bunda? Tem dono? Ah, não é tão assim? Pergunte para o bêbado que acorda no beco e volta pra casa andando que nem um caubói pra cagar sangue... ah, provavelmente foi um algum argentino malvado...
É isso mesmo, amigos. É como diz o ditado aqui: cu de bêbado não tem dono. E viva a terra da caipirinha!
Adolar Gangorra tem 91 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não toma Caracu de jeito nenhum!
CHEGA DE CHEFS!
Parece uma praga! De um tempo pra cá, todo mundo acha legal ser chef de cozinha! Todo mundo quer ser chef de cozinha ou está interessado em gastronomia agora. Que chato! Todo mundo acha bacana cozinhar agora. Na TV tem 20 programas com uns zé manés de avental ensinando receitas mais difíceis do que tomar sopa de garfo em pé na rede. Há inúmeros livros, dvds e programas desses pregos e todo mundo acha a coisa mais legal do mundo, principalmente as mulheres, é claro! Virou coisa de prestígio cozinhar! Tem até gente que está cogitando isso como profissão só porque hoje tá na moda.
Deixe eu te contar uma coisa: cozinhar é difícil, chato e dá um trabalhão!
Sou do tempo em que cozinhar era trabalho árduo e desgraçado, coisa que só Dona Benta mesmo tinha saco e era chato pra burro! Aposto que, se deixassem, ela nunca mais poria os pés numa cozinha!
Chaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaato!!!
Deixe eu te contar uma coisa: cozinhar é difícil, chato e dá um trabalhão!
Sou do tempo em que cozinhar era trabalho árduo e desgraçado, coisa que só Dona Benta mesmo tinha saco e era chato pra burro! Aposto que, se deixassem, ela nunca mais poria os pés numa cozinha!
Chaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaato!!!
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