Sim,
amigolas! É fim de ano e todos estão felizes e animados. Hummm... não é bem
assim, né? A verdade é que rola uma angústia generalizada nas pessoas. A
maioria diz "Não gostar dessa época do ano", chegando ao caso de
algumas mulheres que clamam dramaticamente "Queria desaparecer!" O
estranho é que elas não sabem explicar o porquê...
Bom,
esse mal-estar todo começa exatamente dia 1º de novembro, quando você passa por
um shopping e vê aquela estrepitosa decoração de Natal. DOIS meses antes!!!
Junto vêm os anúncios na TV. Você começa a ficar ansioso...
Chega
dezembro e temos a famosa idiotice do Amigo Secreto no trabalho, onde nego acha
graça em trocar presentes vagabundésimos com quem NÃO ESCOLHEU! Você vai dar
coisas para quem mal te dá bom dia e o pior: ainda tem que fazer um pequeno
discurso sobre essa pessoa, cuja a única coisa que você sabe é que ela têm dois
olhos, um nariz e uma boca. Mais nada.
Com
essa palhaçada pipocam também as confraternizações de final de ano. Vá lá. Mais
um rito no qual você tem que comparecer. Ai de você se não for! Tá fudido
depois das férias! Seus colegas e seus chefes vão achar que você é um babaca
esnobe sem espírito de equipe.
Vai
chegando o Natal... E tome gente se esbarrando freneticamente em shoppings e em
supermercados para comprar quantidades pantagruélicas de comida e presentes. Para
piorar o ruim, muitos desses estabelecimentos ainda ficam tocando o CD da
Simone. Aí não há cu que aguente, como berrava a Madre Superiora do meu
colégio.
E
no dia 24 acontece o grande equívoco de juntar a família toda. Como sabemos,
90% das famílias são disfuncionais. Porém, em nome da TRADIÇÂO, ignora-se
completamente esse fato para forçar uma reunião de parentes carregados de
ressentimentos, em uma sala com a ceia e, ora vejam só... álcool à rodo! É
CA-LA-RO que vai dar merda.
Lembremos
aqui que o Natal é o aniversário de Jesus Cristo. Se você é cristão como eu, vá
a igreja e cante parabéns para Ele. Tá ótimo. Não precisa reunir inúmeras
pessoas que não se entendem e nem gastar fortunas em dezenas de bagulhetes pra
neguinho que está meio puto um com o outro. Ninguém vai resolver em uma noite o
que não equacionou em décadas, certo? Então, pra que forçar a barra só por
causa de uma convenção? Esse é um fenômeno sociocultural inexplicável. Tanto é
que existe uma música dos geniais Ramones chamada "Merry Christmas, I
Don't Wanna Fight Tonight" ("Feliz Natal, Eu Não Quero Brigar Hoje à
Noite").
A
frustração e a ansiedade geradas no Natal são despejadas uma semana depois, na
aparentemente libertadora festa de Réveillon. O que, em tempos anteriores, era
apenas uma modesta reunião familiar para comemorar a entrada de mais um ano, em
meados dos anos 90 ganhou proporções homéricas com a famigerada Queima de Fogos
na praia de Copacabana. Transmitida pela TV, milhões de idiotas acreditaram
piamente que a felicidade residia em estar ali, naquela praia imunda, lotada
com uma média de 100 bobos alegres por centímetro quadrado. Junto com essa
marcha à ré social, surgiu a moda das festas de Réveillon pagas. O pensamento
geral da massa ovina é “O ano NÃO vai prestar se eu não gastar uma baba para
passar a meia-noite num êxtase artificial alcoólico e vestido de branco dos pés
à cabeça.”
Pense
bem. Matematicamente é IMPOSSÍVEL um ano ser 100% negativo ou positivo. Não
rola. Mesmo assim, vemos uma jovem toda vestida de branco, com roupas de baixo
amarelas para atrair isso, com sementes de romã no bolso para atrair aquilo e
se esforçando para pular sete ondinhas à noite para atrair uma torção no
tornozelo, no máximo. Não comer aves que CISCAM PRA TRÁS? Isso é inacreditável! Várias
dessas crendices se tornaram uma obsessão nacional. As mulheres, em especial,
adoram essas bobagens.
E a tão esperada "hora da virada"?
Ela acontece 60 minutos ANTES do ano ter astronomicamente acabado. Nessa época
rola o Horário de Verão, lembram? Ainda é o ano velho, tão desprezado e que não
prestou pra nada. Não faz sentido. Pra piorar tudo, ainda temos o
"Réveillon do Faustão", que é mais deprimente que descarrilamento de
trem na chuva. ISSO sim, é a coisa mais miserável do final de ano!
É muita pressão coletiva e emocional nessa
época, acredite. Mas, vamos lá! Aproveite o próximo fim de ano para se libertar
dessas paradas todas. Nesse sentido, desejo-lhe um péssimo Natal e um Ano Novo
pior ainda. Se assustou? Calma. É porque o que você tem feito nos últimos
tempos não tem funcionado muito, tem?
Adolar Gangorra tem 80 anos e na ceia de Natal costuma bater na própria mãe com a coxa do peru!