A maior parte dessa juventude formidável de hoje em dia ao completar 18 aninhos deseja avidamente possuir a famosa Carteira Nacional de Habilitação. É o que se convencionou chamar de "tirar a carteira"! Mas que expressão mais feia e inadequada, minha gente! Tirar a carteira é coisa para trombadinhas! Quando se fala em tirar a carteira lembramos logo também do nosso valoroso Detram - Departamento Nacional de Trambiques. Então, deixemos isso para esses dois profissionais do ramo, não é mesmo?
Para estar de acordo com a lei e poder rodar tranqüilão, tranqüilão por aí com a sua caranga esperta, você é obrigado a pagar umas seis taxas diferentes para poder fazer uma provinha escrita e outra prática e pronto: o Detram nesse caso, é obrigado a soltar a sua carteira (as duas, é claro!)
Alguns sem tanta intimidade com os mistérios automobilísticos se matriculam nas incríveis Auto-Escolas para poderem aprender tudo sobre, por exemplo, o motor a explosão, a ultrapassagem na banguela na chuva e o suborno. É na Auto-Escola, esse lugar excitante e intelectualizado, onde o pupilo entrará com o mundo maravilhoso do trânsito, essa verdadeira harmonia em movimento onde o ser humano revela seu lado mais evoluído e espiritual. Mas para que o aluno não entre em contato físico demais com esse universo que supostamente existe a figura do Instrutor de Auto-Escola. Quem, um dia na vida, não sonhou em exercer essa soberba profissão? Entretanto só alguns poucos privilegiados apresentam qualidades para serem um Instrutor: calma, bom senso, habilidade e tendência suicida severa.
E para você ir tendo uma idéia do que vai encontrar quando for atrás de sua habilitação, www.adolargangorra.com.br milagrosamente conseguiu descolar a próxima prova escrota, digo, escrita para motoristas. Basta dar uma olhadinha nela, logo aí abaixo, ou então é só passar no Detram que eles fazem um precinho camarada para você também.
É isso aí, futuros motoristas! Mão no bolso e pé na tábua!
Questão 1
Ao conduzir seu veículo, o motorista deve evitar:
a) Conduzir outro veículo
b) Falar no celular na hora do almoço (é muito mais caro!!!)
c) Entrar no próprio porta-malas
d) Contato com grupos de risco: táxis, ônibus e mulheres
e) Cagar
Questão 2
O sistema elétrico de um automóvel é composto basicamente pelas seguintes peças:
a) Bateria, baixo e guitarra
b) Lâmpada, fio e tomada
c) Próton, elétron e nêutron
d) Farol alto, farol baixo e acendedor de cigarros
e) Não existe sistema elétrico em automóveis. Essa questão é uma pegadinha discriminatória para nós mulheres
Questão 3
Ao ver uma placa com a inscrição PARE, você deve:
a) Afundar os dois pés no acelerador
b) Achar que é um desenho bem bonito pois você não sabe ler
c) Largar essa pinga maldita de uma vez por todas
d) Acordar da soneca que você está tirando
e) "Vai que dá! Vai que dá!"
Questão 4
O motorista deve mudar de faixa quando:
a) Não tiver muito a fim de colidir com a betoneira logo a frente
b) A música for meio merda
c) Estiver lutando melhor
d) Achar que está ficando difícil dirigir na calçada
e) Quiser devolver a fechada naquela coroa imbecil do BR-800
Questão 5
Identifique a seguinte placa:
a) Elton John na pista
b) Faculdade de teatro a 500 metros
c) Uuuuuuuuuui!
Questão 6
A placa abaixo significa:
a) Área de seqüestros
b) Macauley Culkin e Michael Jackson na pista
c) Ai meu braço, porra!
Questão 7
Que placa é essa?
a) Lego gigante na pista
b) Bacteriana
c) Você acaba de se perder
Questão 8
Esta placa quer dizer:
a) Lula e seu whisquinho na pista
b) Cigarro acesso perdido no carro
c) "Nove, nove, oito, cinco..."
Questão 9
Aponte a afirmativa correta:
a) Bienal de São Paulo na pista
b)"Ei, papai, estão cagando na gente!"
c) Era só para apontar, idiota, e não para riscar nada!
Questão 10
Indique o significado correto dessa placa:
a) Itamar Franco na pista
b) Carro flutuando ao lado de um triângulo retângulo
c) A volta do fuscão preto
Adolar Gangorra tem 78 anos e editor do site www.adolargangorra.com.br. Recentemente teve sua carteira de habilitação apreendida por ter sido flagrado em um stand de degustação de vinhos dentro um supermercado enquanto dirigia um daquele carrinhos elétricos pra velhinhos que as crianças tanto adoram!!!
terça-feira, 31 de março de 2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
MÔNICA E EDUARDO
O falecido Renato Russo era, sem dúvida, um ótimo músico e um excelente letrista. Escreveu verdadeiras obras de arte cheias de originalidade e sentimento. Como artista engajado que era, defendia os pontos de vista nos quais acreditava em suas letras. E por isto mesmo, talvez alguns deles excedam a lógica e o bom senso. Como no caso da música "Eduardo e Monica", do álbum "Dois" da Legião Urbana, de 1986, onde a figura masculina (Eduardo) é tratada sempre como alienada e inconsciente enquanto a feminina (Monica) é a portadora de uma sabedoria e um estilo de vida evoluidíssimos.
Analisemos o que diz a letra. Logo na segunda estrofe, o autor insinua que Eduardo seja preguiçoso e indolente (Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar: Ficou deitado e viu que horas eram) ao mesmo tempo em que tenta dar uma imagem forte e charmosa à Monica (enquanto Monica tomava um conhaque, Noutro canto da cidade, Como eles disseram.). Ora, se esta cena tiver se passado de manhã como é provável, Eduardo só estaria fazendo sua obrigação: acordar. Já, Mônica, revelaria-se uma cachaceira profissional, pois virar um conhaque antes do almoço é só para quem conhece muito bem o ofício.
Mais à frente, vemos Russo desenhar injustamente a personalidade de Eduardo de maneira frágil e imatura (Festa estranha, com gente esquisita). Bom, "Festa estranha" significa uma reunião de porra-loucas atrás de qualquer bagulho para poderem fugir da realidade com a desculpa esfarrapada que são contra o sistema. "Gente esquisita" é basicamente, um bando de sujeitinhos que tem o hábito gozado de dar a bunda após cinco minutos de conversa. Também são as garotas mais horrorosas da Via-Láctea. Enfim, esta a tal "festa legal" em que Eduardo estava. O que mais ele podia fazer? Teve que encher a cara para poder suportar aquele pesadelo, como veremos a seguir.
Assim temos: (-Eu não estou legal Não agüento mais birita.) Percebe-se que o jovem Eduardo não está familiarizado com a rotina traiçoeira do álcool. É ainda um garoto puro e inocente, com a mente e o corpo sadios. Bem ao contrário de Mônica, uma notória bêbada sem vergonha do underground.
Adiante, ficamos conhecendo o momento em que os dois protagonistas se encontraram (E a Monica riu e quis saber um pouco mais sobre o boyzinho que tentava impressionar). Vamos por partes: em "E a Monica riu", nota-se uma atitude de pseudo-superioridade desumana de Monica para com Eduardo. Ela ri de um bêbado inexperiente! A diante, é bom esclarecer o que o autor preferiu maquiar. Onde se lê "quis saber um pouco mais" leia-se "quis dar para"! É inaceitável tentar passar uma imagem sofisticada da tal Monica. A verdade é que ela se sentiu bastante atraída pelo "boyzinho que tentava impressionar"! Há um certo preconceito em se referir ao singelo Eduardo como "boyzinho". Não é verdade. Caso fosse realmente um playboy, ele não teria ido se encontrar com Monica de bicicleta, como consta na quarta estrofe (Se encontraram então no parque da cidade. A Monica de moto e o Eduardo de camelo.) Se alguém aí age como boy, esta seria Monica, que vai ao encontro pilotando uma ameaçadora motocicleta. Como é sabido, aos dezesseis anos (Ela era de Leão e ele tinha dezesseis.) todo boyzinho já costuma roubar o carro do pai, principalmente para impressionar uma maria-gasolina como Monica. E tem mais: se Eduardo fosse mesmo um playboy, teria penetrado com sua galera na tal festa, quebraria tudo e ia encher de porrada o esquisitão mais fraquinho de todos na frente de todo mundo, valeu?
Na ocasião de seu primeiro encontro, vemos Monica impor suas preferências, uma constante durante toda a letra, em oposição a humilde proposta do afável Eduardo (O Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Monica queria ver o filme do Godard.). Atitude esta, nada democrática para quem se julga uma liberal. Na verdade, Monica é o que convencionou chamar de P.l.M.B.A. (Pseudo lntelectual Metida à Besta Associado, ou seja, intelectuerdas, alternativos e esquisitões vestidos de preto em geral), que acham todo filme americano é ruim e o que é bom mesmo é filme europeu, de preferência francês, preto e branco, arrastado pra caralho, e com bastantes cenas de baitolagem.
Em seguida, Russo utiliza o eufemismo "menina" para se referir suavemente à Monica. (O Eduardo achou estranho e melhor não comentar Mas a menina tinha tinta no cabelo.). Menina? Pudim de cachaça seria mais adequado. À pouco vimos Monica virar um Dreher na goela logo no café da manhã e ele ainda a chama de menina? Além disto, se Monica pinta o cabelo é porque é uma balzaca querendo fisgar um garotão viril ou porque é uma baranga safada impregnada de luxúria.
O autor insiste em retratar Monica como uma gênia sem par (Ela fazia Medicina e falava alemão) e Eduardo como um idiota retardado (E ele ainda nas aulinhas de inglês.). Note a comparação de intelecto entre o casal: ela domina o idioma germânico, sabidamente de difícil aprendizado, já tendo superado o vestibular altamente concorrido para medicina. Ele, miseravelmente, tem que tomar aulas para poder balbuciar "iéis", "nou" e "mai neime is Eduardo"! Incomoda a forma como são usadas as palavras "ainda" e "aulinhas", para refletir idéias de atraso intelectual e coisa sem valor, respectivamente. Coitado do Eduardo, é um jumento mesmo...
Na seqüência, ficamos a par das opções culturais dos dois (Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, De Van Gogh e dos Mutantes, De Caetano e de Rimbaud). Temos nesta lista um desfile de ícones dos P.l.M.B.A.s, muito usados por quem acha que pertence a uma falsa elite cultural. Por exemplo, é tamanha uma pretensa intimidade com o poeta Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, que usou-se a expressão "do Bandeira". Francamente, "Bandeira" é aquele juiz que fica apitando impedimento na lateral do campo. A saber: o sujeito mais normal dessa moçada aí, cortou a orelha fora por causa de uma sirigaita qualquer. Já viu o nível, né? Só porra-louca de primeira.
Mais uma vez insinua-se que Eduardo seja um imbecil acéfalo (E o Eduardo gostava de novela) e crianção (e jogava futebol de botão com seu avô.). A bem da verdade, Eduardo é um exemplo. Que adolescente de hoje costuma dar atenção a um idoso? Ele poderia estar jogando videogame com garotos de sua idade ou tentando espiar a empregada tomar banho pelo buraco da fechadura, mas não. Preferia a companhia do avô em um prosaico jogo de botões! É de tocar o coração! E como esse gesto magnânimo foi usado na letra? Foi só para passar a imagem de Eduardo como um paspalho energúmeno. É óbvio, para o autor, o homem não sabe de nada. Mulher, sim, é maturidade pura!
Continuando, temos (Ela falava coisas sobre o Planalto Central, Também magia e meditação.). Falava merda, isto sim! Nesses assuntos esotéricos é onde se escondem os maiores picaretas do mundo. Qualquer chimpanzé lobotomizado pode grunhir qualquer absurdo que ninguém vai contestar. Por que? Porque não se pode provar absolutamente nada. Vale tudo! É o samba do crioulo doido. E quem foi cair nessa conversa mole jogada por Monica? Eduardo, é claro, o bem intencionado de plantão. E ainda temos mais um achincalhe ao garoto (E o Eduardo ainda estava no esquema "escola-cinema-clube-televisão".). O que o sr. Russo queria? Que o esquema fosse "bar da esquina - terreiro de macumba - roda de capoeira - delegacia" ? E qual é o problema de se ir a escola, caralho?
Em seguida, já se nota que Eduardo está dominado pela cultura imposta por Mônica (Eduardo e Monica fizeram natação, fotografia, Teatro e artesanato e foram viajar.). Por ordem: 1) Teatro e artesanato não costumam pagar muito imposto. 2) Teatro e artesanato não são lá as coisas mais úteis do mundo. 3) Natação e fotografia? Porque os dois não foram estudar para o concurso do Banco do Brasil? Vagabundos...
Agora temos os versos mais cretinos de toda a letra (a Monica explicava p\'ro Eduardo Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar:). Mais uma vez, aquela lengalenga esotérica que não leva a lugar nenhum. Vejamos: a Monica trabalha na previsão do tempo? Não. Monica é geóloga? Não. Monica é professora de química? Não. Monica é alguma aviadora? Também não. Então o que diabos uma motoqueira transviada pode ensinar sobre céu, terra, água e mar que uma muriçoca não saiba? Novamente, Eduardo é tratado como um debilóide pueril capaz de comprar alegremente a torre Eiffel, após ser convencido deste grande negócio pelo caô mais furado do mundo. Santa inocência...
Ainda em, (Ele aprendeu a beber,), não precisa ser muito esperto para sacar com quem... é claro, com Monica, a campeã do alambique! Eduardo poderia ter aprendido coisas mais úteis como o código Morse ou as capitais da Europa, mas não. Acharam melhor ensinar para o rapaz como encher a cara de pinga. Muito bem, Monica! Grande contribuição! Depois temos (deixou o cabelo crescer). Pobre Eduardo! Àquela altura, estava crente que deixar crescer o cabelo o diferenciaria dos outros na sociedade. lsso sim é que é ativismo pessoal. Já dá pra ver aí o estrago causado por Monica na cabeça do iludido Eduardo.
Sempre à frente em tudo, Monica se forma quando Eduardo, o eterno micróbio, consegue entrar na universidade (E ela se formou no mesmo mês Em que ele passou no vestibular.). Por esse ritmo, quando Eduardo conseguir o diploma, Monica deverá estar ganhando o seu oitavo prêmio Nobel. Outra prova da parcialidade do autor está em (porque o filhinho do Eduardo \'tá de recuperação.). É interessante notar que é o filho do Eduardo e não de Monica, que ficou de segunda época. Em suma, puxou ao pai e é burro que nem uma porta.
O que realmente impressiona nesta letra é a presença constante de um sexismo estereotipado. O homem é retratado como sendo um simplório alienado que só é salvo de uma vida medíocre e previsível graças a uma mulher naturalmente evoluída e oriunda de uma cultura alternativa redentora. Nesta visão está incutida a idéia absurda de que o feminino é superior e o masculino, inferior. É sabido que em todas culturas e povos existentes, o homem sempre oprimiu a mulher. Porém isso não significa, em hipótese alguma, que estas sejam superiores do que os homens. São apenas diferentes. Se desde o começo dos tempos o sexo feminino fosse o dominador e o masculino o subjugado, vários erros também teriam sido cometidos de uma maneira ou de outra. Por que ? Ora, por que tanto homens, mulheres e colunistas sociais fazem parte da famigerada raça humana. E, como se sabe muito bem, é aí que sempre morou o perigo. Não importa quem seja: Monica ou Eduardo!
Adolar Gangorra tem 71 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não perde um show sequer dos "The Fevers" e do "Benito de Paula Cover".
Analisemos o que diz a letra. Logo na segunda estrofe, o autor insinua que Eduardo seja preguiçoso e indolente (Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar: Ficou deitado e viu que horas eram) ao mesmo tempo em que tenta dar uma imagem forte e charmosa à Monica (enquanto Monica tomava um conhaque, Noutro canto da cidade, Como eles disseram.). Ora, se esta cena tiver se passado de manhã como é provável, Eduardo só estaria fazendo sua obrigação: acordar. Já, Mônica, revelaria-se uma cachaceira profissional, pois virar um conhaque antes do almoço é só para quem conhece muito bem o ofício.
Mais à frente, vemos Russo desenhar injustamente a personalidade de Eduardo de maneira frágil e imatura (Festa estranha, com gente esquisita). Bom, "Festa estranha" significa uma reunião de porra-loucas atrás de qualquer bagulho para poderem fugir da realidade com a desculpa esfarrapada que são contra o sistema. "Gente esquisita" é basicamente, um bando de sujeitinhos que tem o hábito gozado de dar a bunda após cinco minutos de conversa. Também são as garotas mais horrorosas da Via-Láctea. Enfim, esta a tal "festa legal" em que Eduardo estava. O que mais ele podia fazer? Teve que encher a cara para poder suportar aquele pesadelo, como veremos a seguir.
Assim temos: (-Eu não estou legal Não agüento mais birita.) Percebe-se que o jovem Eduardo não está familiarizado com a rotina traiçoeira do álcool. É ainda um garoto puro e inocente, com a mente e o corpo sadios. Bem ao contrário de Mônica, uma notória bêbada sem vergonha do underground.
Adiante, ficamos conhecendo o momento em que os dois protagonistas se encontraram (E a Monica riu e quis saber um pouco mais sobre o boyzinho que tentava impressionar). Vamos por partes: em "E a Monica riu", nota-se uma atitude de pseudo-superioridade desumana de Monica para com Eduardo. Ela ri de um bêbado inexperiente! A diante, é bom esclarecer o que o autor preferiu maquiar. Onde se lê "quis saber um pouco mais" leia-se "quis dar para"! É inaceitável tentar passar uma imagem sofisticada da tal Monica. A verdade é que ela se sentiu bastante atraída pelo "boyzinho que tentava impressionar"! Há um certo preconceito em se referir ao singelo Eduardo como "boyzinho". Não é verdade. Caso fosse realmente um playboy, ele não teria ido se encontrar com Monica de bicicleta, como consta na quarta estrofe (Se encontraram então no parque da cidade. A Monica de moto e o Eduardo de camelo.) Se alguém aí age como boy, esta seria Monica, que vai ao encontro pilotando uma ameaçadora motocicleta. Como é sabido, aos dezesseis anos (Ela era de Leão e ele tinha dezesseis.) todo boyzinho já costuma roubar o carro do pai, principalmente para impressionar uma maria-gasolina como Monica. E tem mais: se Eduardo fosse mesmo um playboy, teria penetrado com sua galera na tal festa, quebraria tudo e ia encher de porrada o esquisitão mais fraquinho de todos na frente de todo mundo, valeu?
Na ocasião de seu primeiro encontro, vemos Monica impor suas preferências, uma constante durante toda a letra, em oposição a humilde proposta do afável Eduardo (O Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Monica queria ver o filme do Godard.). Atitude esta, nada democrática para quem se julga uma liberal. Na verdade, Monica é o que convencionou chamar de P.l.M.B.A. (Pseudo lntelectual Metida à Besta Associado, ou seja, intelectuerdas, alternativos e esquisitões vestidos de preto em geral), que acham todo filme americano é ruim e o que é bom mesmo é filme europeu, de preferência francês, preto e branco, arrastado pra caralho, e com bastantes cenas de baitolagem.
Em seguida, Russo utiliza o eufemismo "menina" para se referir suavemente à Monica. (O Eduardo achou estranho e melhor não comentar Mas a menina tinha tinta no cabelo.). Menina? Pudim de cachaça seria mais adequado. À pouco vimos Monica virar um Dreher na goela logo no café da manhã e ele ainda a chama de menina? Além disto, se Monica pinta o cabelo é porque é uma balzaca querendo fisgar um garotão viril ou porque é uma baranga safada impregnada de luxúria.
O autor insiste em retratar Monica como uma gênia sem par (Ela fazia Medicina e falava alemão) e Eduardo como um idiota retardado (E ele ainda nas aulinhas de inglês.). Note a comparação de intelecto entre o casal: ela domina o idioma germânico, sabidamente de difícil aprendizado, já tendo superado o vestibular altamente concorrido para medicina. Ele, miseravelmente, tem que tomar aulas para poder balbuciar "iéis", "nou" e "mai neime is Eduardo"! Incomoda a forma como são usadas as palavras "ainda" e "aulinhas", para refletir idéias de atraso intelectual e coisa sem valor, respectivamente. Coitado do Eduardo, é um jumento mesmo...
Na seqüência, ficamos a par das opções culturais dos dois (Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, De Van Gogh e dos Mutantes, De Caetano e de Rimbaud). Temos nesta lista um desfile de ícones dos P.l.M.B.A.s, muito usados por quem acha que pertence a uma falsa elite cultural. Por exemplo, é tamanha uma pretensa intimidade com o poeta Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, que usou-se a expressão "do Bandeira". Francamente, "Bandeira" é aquele juiz que fica apitando impedimento na lateral do campo. A saber: o sujeito mais normal dessa moçada aí, cortou a orelha fora por causa de uma sirigaita qualquer. Já viu o nível, né? Só porra-louca de primeira.
Mais uma vez insinua-se que Eduardo seja um imbecil acéfalo (E o Eduardo gostava de novela) e crianção (e jogava futebol de botão com seu avô.). A bem da verdade, Eduardo é um exemplo. Que adolescente de hoje costuma dar atenção a um idoso? Ele poderia estar jogando videogame com garotos de sua idade ou tentando espiar a empregada tomar banho pelo buraco da fechadura, mas não. Preferia a companhia do avô em um prosaico jogo de botões! É de tocar o coração! E como esse gesto magnânimo foi usado na letra? Foi só para passar a imagem de Eduardo como um paspalho energúmeno. É óbvio, para o autor, o homem não sabe de nada. Mulher, sim, é maturidade pura!
Continuando, temos (Ela falava coisas sobre o Planalto Central, Também magia e meditação.). Falava merda, isto sim! Nesses assuntos esotéricos é onde se escondem os maiores picaretas do mundo. Qualquer chimpanzé lobotomizado pode grunhir qualquer absurdo que ninguém vai contestar. Por que? Porque não se pode provar absolutamente nada. Vale tudo! É o samba do crioulo doido. E quem foi cair nessa conversa mole jogada por Monica? Eduardo, é claro, o bem intencionado de plantão. E ainda temos mais um achincalhe ao garoto (E o Eduardo ainda estava no esquema "escola-cinema-clube-televisão".). O que o sr. Russo queria? Que o esquema fosse "bar da esquina - terreiro de macumba - roda de capoeira - delegacia" ? E qual é o problema de se ir a escola, caralho?
Em seguida, já se nota que Eduardo está dominado pela cultura imposta por Mônica (Eduardo e Monica fizeram natação, fotografia, Teatro e artesanato e foram viajar.). Por ordem: 1) Teatro e artesanato não costumam pagar muito imposto. 2) Teatro e artesanato não são lá as coisas mais úteis do mundo. 3) Natação e fotografia? Porque os dois não foram estudar para o concurso do Banco do Brasil? Vagabundos...
Agora temos os versos mais cretinos de toda a letra (a Monica explicava p\'ro Eduardo Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar:). Mais uma vez, aquela lengalenga esotérica que não leva a lugar nenhum. Vejamos: a Monica trabalha na previsão do tempo? Não. Monica é geóloga? Não. Monica é professora de química? Não. Monica é alguma aviadora? Também não. Então o que diabos uma motoqueira transviada pode ensinar sobre céu, terra, água e mar que uma muriçoca não saiba? Novamente, Eduardo é tratado como um debilóide pueril capaz de comprar alegremente a torre Eiffel, após ser convencido deste grande negócio pelo caô mais furado do mundo. Santa inocência...
Ainda em, (Ele aprendeu a beber,), não precisa ser muito esperto para sacar com quem... é claro, com Monica, a campeã do alambique! Eduardo poderia ter aprendido coisas mais úteis como o código Morse ou as capitais da Europa, mas não. Acharam melhor ensinar para o rapaz como encher a cara de pinga. Muito bem, Monica! Grande contribuição! Depois temos (deixou o cabelo crescer). Pobre Eduardo! Àquela altura, estava crente que deixar crescer o cabelo o diferenciaria dos outros na sociedade. lsso sim é que é ativismo pessoal. Já dá pra ver aí o estrago causado por Monica na cabeça do iludido Eduardo.
Sempre à frente em tudo, Monica se forma quando Eduardo, o eterno micróbio, consegue entrar na universidade (E ela se formou no mesmo mês Em que ele passou no vestibular.). Por esse ritmo, quando Eduardo conseguir o diploma, Monica deverá estar ganhando o seu oitavo prêmio Nobel. Outra prova da parcialidade do autor está em (porque o filhinho do Eduardo \'tá de recuperação.). É interessante notar que é o filho do Eduardo e não de Monica, que ficou de segunda época. Em suma, puxou ao pai e é burro que nem uma porta.
O que realmente impressiona nesta letra é a presença constante de um sexismo estereotipado. O homem é retratado como sendo um simplório alienado que só é salvo de uma vida medíocre e previsível graças a uma mulher naturalmente evoluída e oriunda de uma cultura alternativa redentora. Nesta visão está incutida a idéia absurda de que o feminino é superior e o masculino, inferior. É sabido que em todas culturas e povos existentes, o homem sempre oprimiu a mulher. Porém isso não significa, em hipótese alguma, que estas sejam superiores do que os homens. São apenas diferentes. Se desde o começo dos tempos o sexo feminino fosse o dominador e o masculino o subjugado, vários erros também teriam sido cometidos de uma maneira ou de outra. Por que ? Ora, por que tanto homens, mulheres e colunistas sociais fazem parte da famigerada raça humana. E, como se sabe muito bem, é aí que sempre morou o perigo. Não importa quem seja: Monica ou Eduardo!
Adolar Gangorra tem 71 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não perde um show sequer dos "The Fevers" e do "Benito de Paula Cover".
quarta-feira, 18 de março de 2009
PRAZO DE CARÊNCIA - FERRAMENTA NADA PRÁTICA PARA A ESPÉCIE HUMANA
A famosíssima espécie humana tem sido aparentemente bem sucedida na face da terra, entre outros motivos, por ser um grupo que conseguiu (sabe-se lá como...) conjugar lógica e instinto. Entretanto, ainda há uma contenda acirrada, invisível e, principalmente, muito mal resolvida entre razão e emoção, que conspira para que nós, como grupo dominante, ainda sejamos uma incógnita.
E qual seria o parâmetro de sucesso mais importante em relação a uma espécie? A maneira como consegue descobrir água no subsolo? A variação de cor de sua plumagem? O modo como se camufla em um recife de coral? Nada disso. Esqueça essa baboseira que o Discovery Channel recita a todo instante e vamos ao que realmente interessa: a população, velhote! O número de membros! A quantidade de pessoas! A casa dos "ilhões"! O "grande galerão!" O poder da maioria, este sim, mostra, no final das contas, o quanto uma espécie é bem sucedida por aqui! E sobre isso, nós, seres humanos, não temos muito do que nos orgulhar...
Ah, você acha 6 bilhões de pessoas grande coisa? Não é. Os insetos superam esse número em centenas de vezes! As bactérias riem de nossa anemia populacional há milênios! Se você criar condições mínimas, os coelhos tomariam o planeta em uma primavera, meu chapa! E por que não somos a maioria na Terra ainda? Por causa de vários entraves biológicos, mas principalmente emocionais e sociais, que conspiram para que produzamos um número muito, muito menor de indivíduos do que poderíamos. E porque isso acontece é o que iremos investigar.
Somos uma espécie biologicamente tecnológica. Nosso êxito no planeta, até hoje, está intimamente relacionado com aparatos naturais e artificiais. Ao longo do tempo, desenvolvemos um cérebro gigante e dois polegares opositores, que vêm provando serem três excelentes ferramentas natas, seja para o controle do fogo e a manufatura de pedras lascadas, seja para a aumentar seu quociente de aceitação social ao executar um vistoso "hang loose" no meio da moçada do surf.
Também o ser humano sempre produziu e utilizou ferramentas artificiais como reflexo de sua enorme capacidade intelectual, seu talento natural para raciocinar. Entretanto as coisas não são essa maravilha de retidão lógica e racional as quais gostaríamos que fossem. Muitas vezes, o padrão emocional impede que usemos nosso cérebro corretamente e faça com que ajamos do mesmo modo que aquele urso do desenho animado da Disney agia quando alguém gritava: "O guarda! O guarda! Lá vem o guarda!"
Mas como superar essa incômoda e invisível barreira emocional para darmos vazão a nossa inerente e mais importante missão como espécie que é povoar o mundo? Grandes mentes queimam massa encefálica a esse respeito há anos, como fazia, por exemplo, o jovem Arthur Schopenhauer, célebre filósofo alemão, que não tinha nenhuma ilusão quimérica sobre o objetivo do zé mané comum. Basicamente, dizia ele, o ser humano quer se reproduzir acima de qualquer outra coisa. Foda-se a roda, foda-se a água encanada, foda-se a sociedade organizada, foda-se a penicilina, fodam-se todas as "paradas legais" que andaram inventando por aí. O negócio é se duplicar, amigos.
Ninguém conseguiu até hoje uma justificativa razoável para essa vontade, mas o homem quer sim. Quer sim, desculpe. O homem quer se duplicar e pronto. Ele precisa. Está no código genético da espécie, é mais forte do que ele, não tem jeito, volte amanhã, ligue mais tarde, etc., etc., etc... Você mesmo sabe muito bem disso. Ou realmente acredita que sua mãe achou seu pai lindo e maravilhoso desde o primeiro instante? Não, ela achou ele um escroto, no mínimo! Você não imagina, mas, hoje em dia, deitada ao lado dele na cama à noite, ouvindo um ronco de hipopótamo com enfisema, volta e meia, ela pensa, de olhos abertos e tomada de pavor: "Que merda que eu fiz! Que merda que eu fiz! E eu só tomei uma cerveja sem álcool! Que merda que eu fiz!". Foi mais forte do que ela, brother.
Outra coisa: a grande sensação de prazer inerente ao ato sexual não passa de um estímulo da evolução para que nos reproduzamos 24 horas por dia. É como o universo dissesse "Isso mesmo, pode botar o pipiu aí que você tá acertando, garotão. É nesse lugar aí mesmo!!!" Esqueça aquele mamão que você deixa no sol para depois fazer um buraco e meter a piroca, se achando o mais malandro dos mortais! E essa sensação bacana ainda é troco para a natureza. "Reproduzam-se, humanos!", ela diz claramente! Ah, você achava que era por causa da forma antigravidade da bunda da sua prima de 16 anos? Francamente... o próprio Criador, The Boss Himself, autorizou por escrito: "Crescei e multiplicai-vos." Não disse "Crescei e somai-vos". Multiplicação!!! O homem precisa se reproduzir, moçada! É mais do que um instinto. É uma ordem expressa!
Por exemplo, há milhões de anos, um homem de Cro-Magnon, desesperado, impotente, gritando e pulando de raiva e medo quando um grupo rival invade seu território para beber sua água, comer sua caça e, principalmente, fecundar suas fêmeas, tal qual uma professora primária hoje em dia, tentando instalar a ordem e a calma em uma turma de 6ª série. Esse pós-macaco estava fadado ao fracasso. Assim como também a tia Valdirene aí. Ambos estão condenados. Por que? Porque tanto o humanóide nervoso e a professora tepeêmica se deixaram levar totalmente pela emoção e não deram uma chance sequer à razão, essa nobre injustiçada, meus caros. Agora, se o nosso ancestral peludo parasse um minuto e passasse a mão num pesado galho de árvore - agora em suas mãos, uma ferramenta artificial - e rachasse o crânio de um dos coleguinhas invasores com uma traulitada das mais violentas, isso sim, faria uma boa diferença. Só assim, ele retomaria prontamente a posse do seu sítio e tudo mais e tudo voltaria ao normal, blá, blá, blá...
Se a professora irritada pegasse algumas folhas de papel em branco - olha outra ferramenta aí - e sacudisse-as para cima e ameaçasse os alunos berrando a palavra mágica "PROVA!", certamente faria com que aquela turba de pequenos marginais aéticos fizesse um silêncio capaz de espantar Piaget! Ambos, ao usarem ferramentas simples, só estariam seguindo um impulso que a evolução nos outorgou em quantidade abundante: a racionalização para superação de um problema! Ou seja, pensar logicamente é também, por mais incrível que pareça, um instinto natural. Então, se o impulso primal da nossa casta é gerar descendentes como acreditava Schopenhauer, porque não podemos usar ferramentas práticas para conseguir nosso objetivo?
A verdade é que os humanos se reproduzem muito mal. E por que? Porque não conseguimos ser realmente objetivos em relação a essa questão. Não somos estimulados a pensar como espécie e sim, de forma egoísta, como indivíduos. Os dinossauros raciocinavam assim, sabia? "Grrrau, grrrau, vou destruir aquela floresta inteira ali para assustar uns lêmures!" Viu no que deu, né? Sumiram do mapa.
Dezenas de convenções emocionais e sociais têm que ser superadas para que um macho da nossa espécie consiga fecundar uma fêmea. Dá um trabalho do caralho. Corte, corte e corte, o equívoco-mor do casamento - a maior das perdas de tempo já inventadas - e um monte de outras baboseiras inúteis como ter que saber de cor o nome todo dela! Depois, nove longos meses para gerar um mísero representante! NOVE MESES!!! Dá pra dar a volta ao mundo pulando num pé só! Três tava bom... Que desgraça!
Devíamos reaprender com os animais e instituir a volta do cio como um sinal óbvio e prático para a cópula, comunicação feromônica simples e direta. Tal qual os cachorros fazem, certa noite uns 5 sujeitos bateriam à porta de sua casa e diriam algo como: "Olá! Como vai? Nós sabemos que o senhor tem uma filha aí dando sopa... manda ela pra fora aqui pra gente, beleza?" Fora tudo isso, ainda temos que lutar contra uma praga artificial chamada controle da natalidade! Pílulas anticoncepcionais, preservativos, d.i.u., planejamento familiar, "hoje não, estou com dor de cabeça", etc. Dor de cabeça? Tudo bem que existam alguns sujeitos bem dotados por aí, mas, que eu saiba, não chega a cutucar o cérebro de mulher nenhuma! Algum dia esse tipo de piada de mau gosto ainda vai ser responsável pela extinção da raça humana da face da Terra! (E também, do meu emprego...)
E por que não deixamos que a nossa bela herança racional possa agir só um pouquinho nesse campo? Porque a emoção, essa vagabunda inútil, não quer. Para acabar com certas lendas e crendices estúpidas, eis um dado que encherá de lágrimas os olhinhos dos românticos, tipo de aberrações que atravancam o progresso do homo sapiens há muito tempo com suas frescuras e idiossincrasias ilusórias: o cérebro é bem maior do que o coração e o coração não é nada mais do que uma bomba hemodinâmica. Ah, você não acha? Então disseque um e me mostre onde fica o "cantinho do amor", o "lugarzinho da ternura" e o "quartinho do ciúme"... você só irá ver válvulas, ventrículos, aurículas e sangue, muito sangue, seu cagão! E para quem essa história de "coração ser sinônimo de sentimento" cria boas oportunidades? Ora, para que algum macaco invada nosso território e toque a zona. E aí, vamos gritar, berrar, espernear e... ter que dar no pé, compadre!
Enfoquemos a raiz do problema, ou seja, os primeiros relacionamentos que potencialmente podem gerar casamentos e filhos cedo (ou, muito melhor: só filhos!), que é o que realmente nos interessa como espécie. Porém, identificamos aí um primeiro e fundamental obstáculo.
Infelizmente, os primeiros relacionamentos não garantem uma taxa de engravidamento excelente. Seja pela pontaria dos praticantes e por fatores extras como, por exemplo, um rígido patrulhamento social, prostituição feminina e transexual ( no caso dos nossos amigos, os travestis ), o entorpecedor, anti-social, inebriante, alienador, obscuro, confuso, arrítmico, viciante, cármico, extenuante, instintivo, anti-estético, entorpecente e vitalício processo masturbatório masculino, hábitos gaiatos como a deglutição do pipiu alheio, abortos neurótico-feministas, desvios incontroláveis e perenes como a popularíssima obsessão pelo sexo anal* e, principalmente, o homossexualismo masCUlino, esse ioiô sem corda com que a evolução nos presenteou! É triste saber que a natureza gastou milênios para desenvolver o sofisticado aparelho reprodutor feminino para simplesmente alguns engraçadinhos acharem legal enfiar a pica um no cu do outro! Quanta irresponsabilidade, minha gente! Dentro do reto desses rapazolas, milhões de espermatozóides, cheios de vigor e esperança de ser tornarem alguém na vida (literalmente falando) em sua frenética corrida para alcançar uma vistosa e mítica célula-ovo, única razão de sua curta existência. Os pobres coitados terão uma baita decepção traumática ao darem de cara com um gigantesco tolete de cocô com, na melhor das hipóteses, um caroço de milho incrustado e olhe lá! Triste, né? Essa sacanagem toda não produz nada além de hemorróidas, dores de coluna, chacotas infindáveis e um simpático termo médico denominado "sangue oculto nas fezes"! Tudo isso contribui exponencialmente para que joguemos por água abaixo todo nosso potencial para povoar os mais inexpugnáveis cantos do nosso planeta!
Lamentavelmente, os jovens humanos não são encorajados a se reproduzirem cedo em hipótese alguma! Mas que falta de visão! Imaginem quantos descendentes poderia gerar uma garota de 14 anos se engravidasse sem parar até os 36? Poderia ela produzir um plantel de um time de futebol completo com massagista e tudo! Mas não, essas preguiçosas mal consentem em amamentar o seu filho único, quando muito! São máquinas utilíssimas de xerox de humanos, mas só se preocupam somente em tingir o cabelo de loiro todo mês!!!
As convenções sociais, de origem puramente emocional, impedem que a nossa reprodução seja mais eficiente. Um caso muito comum dá-se quando uma associação entre membros de sexos opostos (vamos chamar essa palhaçada burocrática de "namoro"), falha em conseguir seu intento, ou seja, a duplicação. Demora-se muito tempo para reconstruir um outro arranjo como esse, denominado de "casal", pois é dada uma importância exagerada pelas fêmeas da espécie para detalhes supérfluos tipo "Ele gosta de mim!", "Ele é tão romântico!", "Ele é tão bonito!", "Ele me jurou que nunca mais vai comer a minha empregada!", essas merdas.
Um impedimento bastante contumaz é quando um namoro acaba e nenhum dos membros envolvidos se sente à vontade para iniciar logo uma outra associação com outros do seu ciclo social. O que é um absurdo, pois, se ponderarmos bem, o membro conhecido como "o amigo do casal", é, na maioria das vezes, já pode estar ali do lado, de pau muito duro, e é o melhor candidato para continuar com o objetivo maior previamente estipulado pela natureza que é a obtenção da prole. É o chamado "prazo de carência" ou "quarentena".
Se, por exemplo, você namora uma garota há uns 4 anos, aí um belo dia, ela lhe dá uma pedalada na bunda? Você fica chateado, amargurado, infeliz. Até ouvir dizer que ela está saindo com seu melhor amigo. Aí é que você vai ficar realmente chateado, amargurado e infeliz, compadre! Se sente traído, desesperado, quer esfaquear os dois e toda sorte de panaquices emocionais e dramalhões patéticos que não ajudam em nada o nosso belíssimo projeto de aumentar a população de seres humanos do Planeta.
Você deveria achar ótimo um amigo seu ter a oportunidade de passar o código genético dele adiante. Ele é resultado de milhões de anos de depuração evolutiva! Bom para a espécie! Tudo bem, agora você não está querendo falar sobre isso, mas ele ainda é seu amigo. Você só falava bem dele para todo mundo! Ele almoçava na sua casa, chamava sua mãe de tia, passava a mão na bunda do seu pai... agora ele virou o vilão malvado e traidor só por causa de uma besteirinha dessas? Você está sendo irracional, seu chorão. Realmente não faz sentido... ele e a sua ex, com certeza, nesse exato momento, abraçadinhos no Motel, estão sentindo a maior pena de você, rapaz!
Deixe de ser egoísta e comemore o sucesso da espécie como um todo! Vamos encarar o fato: você falhou, velhote! Foi preterido por alguém mais apto. Ela escolheu outro melhor para fecundar aquela célula mensal, a qual você fazia uma força desgraçada para conseguir sua vezinha, lembra? É assim que a natureza trabalha... ou você vai querer refutar Darwin só porque ela resolveu dar para outro?
Veja alguns argumentos lógicos que comprovam essa tese, sabendo que temos aí uma tríade composta por você ("Ex-Namorado"), ela ("Garota") e ele ("Seu Amigo" - Diego, Tiago, Diogo, Yuri ou algum desses nomes irritantes da moda...):
- Seu Amigo já conhece bem as preferências sexuais de Garota pois Ex-Namorado com certeza já contou tudo para ele e para todo mundo.
- Para Garota, Seu Amigo é Ex-Namorado melhorado, sem os problemas que o mesmo apresentava como uso de pochetes ridículas ou ódio pela Marisa Monte, por exemplo.
- Seu Amigo conta com a aprovação emocional positiva de Garota, pois Ex-Namorado sempre dizia: "Aquele cara ali é o meu melhor amigo!"
- Tanto Seu Amigo como Garota conhecem bem Ex-Namorado e poderão descobrir inúmeras afinidades criticando os defeitos do mesmo durante horas.
Está mais do que provado que Seu Amigo é, sem dúvida, a melhor opção para Garota continuar seu projeto de reprodução da espécie. Se tudo der certo, eles irão casar e você, Ex-Namorado, poderá até ser o padrinho! Legal, né?
Entretanto, devido a regras sociais estúpidas e sem sentido, a troca rápida de membros envolvidos em laços de amizade inacreditavelmente não é vista com bons olhos pela sociedade. Este ainda é um processo bastante lento e problemático. Para acabar com essa lengalenga ilógica, é necessário, mais uma vez, o uso de uma ferramenta prática, tal como aquela do homem de Cro-Magnon e da professora. Nesse caso, seria preciso um mecanismo mais sofisticado: o cálculo matemático, por exemplo ( se bem que um pedaço de pau também poderia funcionar muito bem... ). Nada como a Matemática, pura e livre de arroubos sentimentais, para deslindar a verdade sem distorções para descobrirmos quanto tempo seria ideal para que a troca de parceiros seja aceita por todos de forma mais rápida e eficiente por todos.
Chamemos essa incógnita de Prazo de Carência (PC), ou seja, o tempo necessário para que sua ex-namorada comece a copular com o seu amigo sem que você ache ainda que você é um "namorado", que ela é uma "piranha" e que ele é um "traíra". Para calcularmos o PC, precisamos quantificar o Quociente de Intimidade (QI) do casal e o Grau de Amizade (GA) existente entre os dois amigos. Posto isso e essa inútil nomenclatura píscea de lado, deduzimos a seguinte equação:
Prazo de Carência = Quociente de Intimidade dividido pelo Grau de Amizade, ou seja:
PC = QI / GA
Obs.: o resultado será dado em número de dias.
Para calcularmos o Quociente de Intimidade é necessário atribuirmos valores de 1 a 10 a cada uma das variáveis abaixo:
1 - Vocês se viam todo santo dia, todo santo dia, todo santo dia?
2 - Vocês falavam que nem criancinha um com o outro?
3 - Vocês se chamavam por apelidos nojentos com bastantes sílabas repetidas, tipo "tututituco" ou "bibilolóca"?
4 - Você já foi num show da Marisa Monte com ela só porque ela quis?
5 - Você cagava na casa dela?
6 - Você comeu ela?
7 - Você conheceu a mãe dela?
8 - Você comeu a mãe dela?
9 - Você conheceu o pai dela?
10 - Bem, deixa pra lá...
Para calcularmos o Grau de Amizade é necessário atribuirmos valores de 1 a 10 a cada uma das variáveis abaixo:
1 - Vocês são amigos de infância?
2 - Vocês são irmãos?
3 - Vocês são pai e filho?
4 - Vocês já brigaram por causa de um disco do Belle & Sebastian?
5 - Vocês já fizeram jiu-jitsu de sungão juntos?
6 - Vocês vão à sauna juntos?
7 - Vocês já pensaram em fazer biodança?
8 - Vocês assistem Dawson\'s Creek juntos?
9 - Vocês já brincaram de "carro e garagem"?
10 - Vem cá, velho: vocês realmente estão disputando alguma namorada?
Se por exemplo, você obteve o número 50 em ambas as variáveis, temos:
PC = 50 QI / 50 GA = 1 dia. Então é isso. Se você levou um pé na bunda na segunda-feira, na quarta sua ex já pode dar um rolé com seu amigão e pronto.
Deixe de ser mulherzinha, seu bunda mole! Alguém invadiu seu território, bebeu sua água, comeu sua caça e... ah, mas você não fez nada pois estava mais ocupado pulando, gritando e esperneando como o bom macaco que você preferiu ser, não é?
* Leia os livros "POR FAVOR, PARE DE DAR O CU" e "DAR O CU NÃO É MUITO LEGAL", de Adolar Gangorra, lançados recentemente no 1º Congresso Nacional da ABRACU - Associação Brasileira AntiCu, da qual Adolar Gangorra é presidente.
Adolar Gangorra é editor do site www.adolargangorra.com.br e acha que "bom é a mulher dos outros". Essa frase ele aprendeu recentemente com seu amigo Fandiscleiton, o porteiro do seu prédio.
E qual seria o parâmetro de sucesso mais importante em relação a uma espécie? A maneira como consegue descobrir água no subsolo? A variação de cor de sua plumagem? O modo como se camufla em um recife de coral? Nada disso. Esqueça essa baboseira que o Discovery Channel recita a todo instante e vamos ao que realmente interessa: a população, velhote! O número de membros! A quantidade de pessoas! A casa dos "ilhões"! O "grande galerão!" O poder da maioria, este sim, mostra, no final das contas, o quanto uma espécie é bem sucedida por aqui! E sobre isso, nós, seres humanos, não temos muito do que nos orgulhar...
Ah, você acha 6 bilhões de pessoas grande coisa? Não é. Os insetos superam esse número em centenas de vezes! As bactérias riem de nossa anemia populacional há milênios! Se você criar condições mínimas, os coelhos tomariam o planeta em uma primavera, meu chapa! E por que não somos a maioria na Terra ainda? Por causa de vários entraves biológicos, mas principalmente emocionais e sociais, que conspiram para que produzamos um número muito, muito menor de indivíduos do que poderíamos. E porque isso acontece é o que iremos investigar.
Somos uma espécie biologicamente tecnológica. Nosso êxito no planeta, até hoje, está intimamente relacionado com aparatos naturais e artificiais. Ao longo do tempo, desenvolvemos um cérebro gigante e dois polegares opositores, que vêm provando serem três excelentes ferramentas natas, seja para o controle do fogo e a manufatura de pedras lascadas, seja para a aumentar seu quociente de aceitação social ao executar um vistoso "hang loose" no meio da moçada do surf.
Também o ser humano sempre produziu e utilizou ferramentas artificiais como reflexo de sua enorme capacidade intelectual, seu talento natural para raciocinar. Entretanto as coisas não são essa maravilha de retidão lógica e racional as quais gostaríamos que fossem. Muitas vezes, o padrão emocional impede que usemos nosso cérebro corretamente e faça com que ajamos do mesmo modo que aquele urso do desenho animado da Disney agia quando alguém gritava: "O guarda! O guarda! Lá vem o guarda!"
Mas como superar essa incômoda e invisível barreira emocional para darmos vazão a nossa inerente e mais importante missão como espécie que é povoar o mundo? Grandes mentes queimam massa encefálica a esse respeito há anos, como fazia, por exemplo, o jovem Arthur Schopenhauer, célebre filósofo alemão, que não tinha nenhuma ilusão quimérica sobre o objetivo do zé mané comum. Basicamente, dizia ele, o ser humano quer se reproduzir acima de qualquer outra coisa. Foda-se a roda, foda-se a água encanada, foda-se a sociedade organizada, foda-se a penicilina, fodam-se todas as "paradas legais" que andaram inventando por aí. O negócio é se duplicar, amigos.
Ninguém conseguiu até hoje uma justificativa razoável para essa vontade, mas o homem quer sim. Quer sim, desculpe. O homem quer se duplicar e pronto. Ele precisa. Está no código genético da espécie, é mais forte do que ele, não tem jeito, volte amanhã, ligue mais tarde, etc., etc., etc... Você mesmo sabe muito bem disso. Ou realmente acredita que sua mãe achou seu pai lindo e maravilhoso desde o primeiro instante? Não, ela achou ele um escroto, no mínimo! Você não imagina, mas, hoje em dia, deitada ao lado dele na cama à noite, ouvindo um ronco de hipopótamo com enfisema, volta e meia, ela pensa, de olhos abertos e tomada de pavor: "Que merda que eu fiz! Que merda que eu fiz! E eu só tomei uma cerveja sem álcool! Que merda que eu fiz!". Foi mais forte do que ela, brother.
Outra coisa: a grande sensação de prazer inerente ao ato sexual não passa de um estímulo da evolução para que nos reproduzamos 24 horas por dia. É como o universo dissesse "Isso mesmo, pode botar o pipiu aí que você tá acertando, garotão. É nesse lugar aí mesmo!!!" Esqueça aquele mamão que você deixa no sol para depois fazer um buraco e meter a piroca, se achando o mais malandro dos mortais! E essa sensação bacana ainda é troco para a natureza. "Reproduzam-se, humanos!", ela diz claramente! Ah, você achava que era por causa da forma antigravidade da bunda da sua prima de 16 anos? Francamente... o próprio Criador, The Boss Himself, autorizou por escrito: "Crescei e multiplicai-vos." Não disse "Crescei e somai-vos". Multiplicação!!! O homem precisa se reproduzir, moçada! É mais do que um instinto. É uma ordem expressa!
Por exemplo, há milhões de anos, um homem de Cro-Magnon, desesperado, impotente, gritando e pulando de raiva e medo quando um grupo rival invade seu território para beber sua água, comer sua caça e, principalmente, fecundar suas fêmeas, tal qual uma professora primária hoje em dia, tentando instalar a ordem e a calma em uma turma de 6ª série. Esse pós-macaco estava fadado ao fracasso. Assim como também a tia Valdirene aí. Ambos estão condenados. Por que? Porque tanto o humanóide nervoso e a professora tepeêmica se deixaram levar totalmente pela emoção e não deram uma chance sequer à razão, essa nobre injustiçada, meus caros. Agora, se o nosso ancestral peludo parasse um minuto e passasse a mão num pesado galho de árvore - agora em suas mãos, uma ferramenta artificial - e rachasse o crânio de um dos coleguinhas invasores com uma traulitada das mais violentas, isso sim, faria uma boa diferença. Só assim, ele retomaria prontamente a posse do seu sítio e tudo mais e tudo voltaria ao normal, blá, blá, blá...
Se a professora irritada pegasse algumas folhas de papel em branco - olha outra ferramenta aí - e sacudisse-as para cima e ameaçasse os alunos berrando a palavra mágica "PROVA!", certamente faria com que aquela turba de pequenos marginais aéticos fizesse um silêncio capaz de espantar Piaget! Ambos, ao usarem ferramentas simples, só estariam seguindo um impulso que a evolução nos outorgou em quantidade abundante: a racionalização para superação de um problema! Ou seja, pensar logicamente é também, por mais incrível que pareça, um instinto natural. Então, se o impulso primal da nossa casta é gerar descendentes como acreditava Schopenhauer, porque não podemos usar ferramentas práticas para conseguir nosso objetivo?
A verdade é que os humanos se reproduzem muito mal. E por que? Porque não conseguimos ser realmente objetivos em relação a essa questão. Não somos estimulados a pensar como espécie e sim, de forma egoísta, como indivíduos. Os dinossauros raciocinavam assim, sabia? "Grrrau, grrrau, vou destruir aquela floresta inteira ali para assustar uns lêmures!" Viu no que deu, né? Sumiram do mapa.
Dezenas de convenções emocionais e sociais têm que ser superadas para que um macho da nossa espécie consiga fecundar uma fêmea. Dá um trabalho do caralho. Corte, corte e corte, o equívoco-mor do casamento - a maior das perdas de tempo já inventadas - e um monte de outras baboseiras inúteis como ter que saber de cor o nome todo dela! Depois, nove longos meses para gerar um mísero representante! NOVE MESES!!! Dá pra dar a volta ao mundo pulando num pé só! Três tava bom... Que desgraça!
Devíamos reaprender com os animais e instituir a volta do cio como um sinal óbvio e prático para a cópula, comunicação feromônica simples e direta. Tal qual os cachorros fazem, certa noite uns 5 sujeitos bateriam à porta de sua casa e diriam algo como: "Olá! Como vai? Nós sabemos que o senhor tem uma filha aí dando sopa... manda ela pra fora aqui pra gente, beleza?" Fora tudo isso, ainda temos que lutar contra uma praga artificial chamada controle da natalidade! Pílulas anticoncepcionais, preservativos, d.i.u., planejamento familiar, "hoje não, estou com dor de cabeça", etc. Dor de cabeça? Tudo bem que existam alguns sujeitos bem dotados por aí, mas, que eu saiba, não chega a cutucar o cérebro de mulher nenhuma! Algum dia esse tipo de piada de mau gosto ainda vai ser responsável pela extinção da raça humana da face da Terra! (E também, do meu emprego...)
E por que não deixamos que a nossa bela herança racional possa agir só um pouquinho nesse campo? Porque a emoção, essa vagabunda inútil, não quer. Para acabar com certas lendas e crendices estúpidas, eis um dado que encherá de lágrimas os olhinhos dos românticos, tipo de aberrações que atravancam o progresso do homo sapiens há muito tempo com suas frescuras e idiossincrasias ilusórias: o cérebro é bem maior do que o coração e o coração não é nada mais do que uma bomba hemodinâmica. Ah, você não acha? Então disseque um e me mostre onde fica o "cantinho do amor", o "lugarzinho da ternura" e o "quartinho do ciúme"... você só irá ver válvulas, ventrículos, aurículas e sangue, muito sangue, seu cagão! E para quem essa história de "coração ser sinônimo de sentimento" cria boas oportunidades? Ora, para que algum macaco invada nosso território e toque a zona. E aí, vamos gritar, berrar, espernear e... ter que dar no pé, compadre!
Enfoquemos a raiz do problema, ou seja, os primeiros relacionamentos que potencialmente podem gerar casamentos e filhos cedo (ou, muito melhor: só filhos!), que é o que realmente nos interessa como espécie. Porém, identificamos aí um primeiro e fundamental obstáculo.
Infelizmente, os primeiros relacionamentos não garantem uma taxa de engravidamento excelente. Seja pela pontaria dos praticantes e por fatores extras como, por exemplo, um rígido patrulhamento social, prostituição feminina e transexual ( no caso dos nossos amigos, os travestis ), o entorpecedor, anti-social, inebriante, alienador, obscuro, confuso, arrítmico, viciante, cármico, extenuante, instintivo, anti-estético, entorpecente e vitalício processo masturbatório masculino, hábitos gaiatos como a deglutição do pipiu alheio, abortos neurótico-feministas, desvios incontroláveis e perenes como a popularíssima obsessão pelo sexo anal* e, principalmente, o homossexualismo masCUlino, esse ioiô sem corda com que a evolução nos presenteou! É triste saber que a natureza gastou milênios para desenvolver o sofisticado aparelho reprodutor feminino para simplesmente alguns engraçadinhos acharem legal enfiar a pica um no cu do outro! Quanta irresponsabilidade, minha gente! Dentro do reto desses rapazolas, milhões de espermatozóides, cheios de vigor e esperança de ser tornarem alguém na vida (literalmente falando) em sua frenética corrida para alcançar uma vistosa e mítica célula-ovo, única razão de sua curta existência. Os pobres coitados terão uma baita decepção traumática ao darem de cara com um gigantesco tolete de cocô com, na melhor das hipóteses, um caroço de milho incrustado e olhe lá! Triste, né? Essa sacanagem toda não produz nada além de hemorróidas, dores de coluna, chacotas infindáveis e um simpático termo médico denominado "sangue oculto nas fezes"! Tudo isso contribui exponencialmente para que joguemos por água abaixo todo nosso potencial para povoar os mais inexpugnáveis cantos do nosso planeta!
Lamentavelmente, os jovens humanos não são encorajados a se reproduzirem cedo em hipótese alguma! Mas que falta de visão! Imaginem quantos descendentes poderia gerar uma garota de 14 anos se engravidasse sem parar até os 36? Poderia ela produzir um plantel de um time de futebol completo com massagista e tudo! Mas não, essas preguiçosas mal consentem em amamentar o seu filho único, quando muito! São máquinas utilíssimas de xerox de humanos, mas só se preocupam somente em tingir o cabelo de loiro todo mês!!!
As convenções sociais, de origem puramente emocional, impedem que a nossa reprodução seja mais eficiente. Um caso muito comum dá-se quando uma associação entre membros de sexos opostos (vamos chamar essa palhaçada burocrática de "namoro"), falha em conseguir seu intento, ou seja, a duplicação. Demora-se muito tempo para reconstruir um outro arranjo como esse, denominado de "casal", pois é dada uma importância exagerada pelas fêmeas da espécie para detalhes supérfluos tipo "Ele gosta de mim!", "Ele é tão romântico!", "Ele é tão bonito!", "Ele me jurou que nunca mais vai comer a minha empregada!", essas merdas.
Um impedimento bastante contumaz é quando um namoro acaba e nenhum dos membros envolvidos se sente à vontade para iniciar logo uma outra associação com outros do seu ciclo social. O que é um absurdo, pois, se ponderarmos bem, o membro conhecido como "o amigo do casal", é, na maioria das vezes, já pode estar ali do lado, de pau muito duro, e é o melhor candidato para continuar com o objetivo maior previamente estipulado pela natureza que é a obtenção da prole. É o chamado "prazo de carência" ou "quarentena".
Se, por exemplo, você namora uma garota há uns 4 anos, aí um belo dia, ela lhe dá uma pedalada na bunda? Você fica chateado, amargurado, infeliz. Até ouvir dizer que ela está saindo com seu melhor amigo. Aí é que você vai ficar realmente chateado, amargurado e infeliz, compadre! Se sente traído, desesperado, quer esfaquear os dois e toda sorte de panaquices emocionais e dramalhões patéticos que não ajudam em nada o nosso belíssimo projeto de aumentar a população de seres humanos do Planeta.
Você deveria achar ótimo um amigo seu ter a oportunidade de passar o código genético dele adiante. Ele é resultado de milhões de anos de depuração evolutiva! Bom para a espécie! Tudo bem, agora você não está querendo falar sobre isso, mas ele ainda é seu amigo. Você só falava bem dele para todo mundo! Ele almoçava na sua casa, chamava sua mãe de tia, passava a mão na bunda do seu pai... agora ele virou o vilão malvado e traidor só por causa de uma besteirinha dessas? Você está sendo irracional, seu chorão. Realmente não faz sentido... ele e a sua ex, com certeza, nesse exato momento, abraçadinhos no Motel, estão sentindo a maior pena de você, rapaz!
Deixe de ser egoísta e comemore o sucesso da espécie como um todo! Vamos encarar o fato: você falhou, velhote! Foi preterido por alguém mais apto. Ela escolheu outro melhor para fecundar aquela célula mensal, a qual você fazia uma força desgraçada para conseguir sua vezinha, lembra? É assim que a natureza trabalha... ou você vai querer refutar Darwin só porque ela resolveu dar para outro?
Veja alguns argumentos lógicos que comprovam essa tese, sabendo que temos aí uma tríade composta por você ("Ex-Namorado"), ela ("Garota") e ele ("Seu Amigo" - Diego, Tiago, Diogo, Yuri ou algum desses nomes irritantes da moda...):
- Seu Amigo já conhece bem as preferências sexuais de Garota pois Ex-Namorado com certeza já contou tudo para ele e para todo mundo.
- Para Garota, Seu Amigo é Ex-Namorado melhorado, sem os problemas que o mesmo apresentava como uso de pochetes ridículas ou ódio pela Marisa Monte, por exemplo.
- Seu Amigo conta com a aprovação emocional positiva de Garota, pois Ex-Namorado sempre dizia: "Aquele cara ali é o meu melhor amigo!"
- Tanto Seu Amigo como Garota conhecem bem Ex-Namorado e poderão descobrir inúmeras afinidades criticando os defeitos do mesmo durante horas.
Está mais do que provado que Seu Amigo é, sem dúvida, a melhor opção para Garota continuar seu projeto de reprodução da espécie. Se tudo der certo, eles irão casar e você, Ex-Namorado, poderá até ser o padrinho! Legal, né?
Entretanto, devido a regras sociais estúpidas e sem sentido, a troca rápida de membros envolvidos em laços de amizade inacreditavelmente não é vista com bons olhos pela sociedade. Este ainda é um processo bastante lento e problemático. Para acabar com essa lengalenga ilógica, é necessário, mais uma vez, o uso de uma ferramenta prática, tal como aquela do homem de Cro-Magnon e da professora. Nesse caso, seria preciso um mecanismo mais sofisticado: o cálculo matemático, por exemplo ( se bem que um pedaço de pau também poderia funcionar muito bem... ). Nada como a Matemática, pura e livre de arroubos sentimentais, para deslindar a verdade sem distorções para descobrirmos quanto tempo seria ideal para que a troca de parceiros seja aceita por todos de forma mais rápida e eficiente por todos.
Chamemos essa incógnita de Prazo de Carência (PC), ou seja, o tempo necessário para que sua ex-namorada comece a copular com o seu amigo sem que você ache ainda que você é um "namorado", que ela é uma "piranha" e que ele é um "traíra". Para calcularmos o PC, precisamos quantificar o Quociente de Intimidade (QI) do casal e o Grau de Amizade (GA) existente entre os dois amigos. Posto isso e essa inútil nomenclatura píscea de lado, deduzimos a seguinte equação:
Prazo de Carência = Quociente de Intimidade dividido pelo Grau de Amizade, ou seja:
PC = QI / GA
Obs.: o resultado será dado em número de dias.
Para calcularmos o Quociente de Intimidade é necessário atribuirmos valores de 1 a 10 a cada uma das variáveis abaixo:
1 - Vocês se viam todo santo dia, todo santo dia, todo santo dia?
2 - Vocês falavam que nem criancinha um com o outro?
3 - Vocês se chamavam por apelidos nojentos com bastantes sílabas repetidas, tipo "tututituco" ou "bibilolóca"?
4 - Você já foi num show da Marisa Monte com ela só porque ela quis?
5 - Você cagava na casa dela?
6 - Você comeu ela?
7 - Você conheceu a mãe dela?
8 - Você comeu a mãe dela?
9 - Você conheceu o pai dela?
10 - Bem, deixa pra lá...
Para calcularmos o Grau de Amizade é necessário atribuirmos valores de 1 a 10 a cada uma das variáveis abaixo:
1 - Vocês são amigos de infância?
2 - Vocês são irmãos?
3 - Vocês são pai e filho?
4 - Vocês já brigaram por causa de um disco do Belle & Sebastian?
5 - Vocês já fizeram jiu-jitsu de sungão juntos?
6 - Vocês vão à sauna juntos?
7 - Vocês já pensaram em fazer biodança?
8 - Vocês assistem Dawson\'s Creek juntos?
9 - Vocês já brincaram de "carro e garagem"?
10 - Vem cá, velho: vocês realmente estão disputando alguma namorada?
Se por exemplo, você obteve o número 50 em ambas as variáveis, temos:
PC = 50 QI / 50 GA = 1 dia. Então é isso. Se você levou um pé na bunda na segunda-feira, na quarta sua ex já pode dar um rolé com seu amigão e pronto.
Deixe de ser mulherzinha, seu bunda mole! Alguém invadiu seu território, bebeu sua água, comeu sua caça e... ah, mas você não fez nada pois estava mais ocupado pulando, gritando e esperneando como o bom macaco que você preferiu ser, não é?
* Leia os livros "POR FAVOR, PARE DE DAR O CU" e "DAR O CU NÃO É MUITO LEGAL", de Adolar Gangorra, lançados recentemente no 1º Congresso Nacional da ABRACU - Associação Brasileira AntiCu, da qual Adolar Gangorra é presidente.
Adolar Gangorra é editor do site www.adolargangorra.com.br e acha que "bom é a mulher dos outros". Essa frase ele aprendeu recentemente com seu amigo Fandiscleiton, o porteiro do seu prédio.
terça-feira, 17 de março de 2009
O.S.M. PARA TODA OBRA
Ao desenvolver os primórdios da linguagem verbal, o homem iniciou o processo natural de dar nomes para todo o universo que então o cercava. Com o tempo, mais e mais palavras foram sendo criadas até constituírem um elevado grau de variedade lexical, que hoje pode ser encontrado na maioria das línguas. Por exemplo, é sabido que os esquimós utilizam mais de dez palavras diferentes para designar determinados tipos da cor branca, devido à grande interação com o meio em que vivem. Os norte-americanos têm no inglês, várias palavras diferentes para se referirem a dinheiro. Não faltam termos para designar quaisquer coisas em Portugal (contanto que estejam todos absolutamente errados, é claro). E assim por diante, cada povo acaba desenvolvendo vocábulos específicos para identificar o que contém grande relevância para sua cultura.
E o brasileiro? Qual seria o objeto ou conceito abstrato que teria mais sinônimos em seu idioma? Engana-se quem acha que Carnaval, mulher e futebol sejam os campeões. Uma das entidades com mais nomes distintos identificados na Língua Portuguesa é o famosíssimo O.S.M., ou seja, o Órgão Sexual Masculino. Quem não é capaz de lembrar, pelo menos, de uns vinte nomes diferentes? Pipi? Ok, você pensou moderadamente. Mas é muito pouco. Pense, por exemplo, em um baile de Carnaval: pinto! Muito bem. Melhorou mas não é suficiente ainda. Agora pense na sua tia pulando nesse mesmo baile de carnaval: caralho, piroca, rôla, vara, pau, mandjôla, caceta, peru, etc. Parabéns, agora você entendeu!
Atualmente, dentro do extenso cabedal da Língua Portuguesa, podemos identificar nove termos mais populares para tipos de O.S.M.s.. São eles: Pênis, Pinto, Pica, Piroca, Peru, Pau, Caralho, Rôla e Caceta. São os nove grandes, o G-9 do sexo masculino. É bom esclarecer que nesta triagem foram excluídos nomes de cunho regional, afetivo-sentimentais e de menor expressão como Jeba, Bililiu, Documento, Pirulito, Estrovenga, Pé de Mesa, Cajado, Peia, Jeripoca, Vara, Impávido Colosso, Meronga, Canetão, Bilaurête, Dedo sem Osso Cuspidor, Mandioca, Roto-Rooter, Badalo, Ding-Ling, Cobra Caôlha, Kojak, Picolé da Maldade, Trôlha, Capitão Carequinha, Papacu Rasteiro da Cabeça Vermelha, Bastão da Alegria, Flautinha de Carne, Dr. Pancrácio Talarico Matsubara Júnior, entre outros.
Entretanto, engana-se quem pensa que todos esses significantes remetam ao mesmo significado. Por acaso, um pipi seria igual a um caralho? Qual dos dois aparenta ser maior? Ou melhor, qual dos dois você preferiria que lhe enfiassem no ouvido? O pipi, é claro! Inconscientemente, ele é menor do que o caralho, mais fino que a rôla e mais mole que a pica. Cada um deste nove nomes é utilizado de forma extremamente específica. Para cada caso, utiliza-se um termo adequado. Por exemplo, quando uma mãe auxilia seu filho pequeno a urinar, ela, por acaso, diz: "Vamos, Valtencir, bote o pirocaço para fora e faça xixi, meu filho"? Não, ela usa um termo mais apropriado como "pintinho" ou "pipiu" ou ainda "Zezinho". Ninguém diz: "Pai, Cleovandson, o porteiro, quer que eu esfregue geléia de mocotó no mastruço dele!"? Claro que não! O certo seria dizer "no pau dele!" Quando vamos ao médico, é normal ele pedir "Por favor, queira abaixar as calças para que eu possa examinar melhor sua rôla"? Óbvio que não. Ele usará o prosaico termo "pênis". E assim vai; para cada caso, existe uma referência pirocal-nominativa apropriada, que é utilizada de maneira totalmente inconsciente pela população.
O que pouca gente percebe é que cada um destes diferentes nomes designa tipos distintos de órgãos, cada qual com seu próprio tamanho, tipo físico, personalidade, estilo de vida, medos, anseios e aspirações na vida. Após uma miserável e nojenta pesquisa, pôde-se estruturar um breve dossiê a respeito dos nove maiores membros do O.S.M. (desculpem o trocadilho):
O PÊNIS: O pênis é uma tentativa dúbia da sociedade para conferir uma certa dignidade ao sexo masculino. Quando se tem que falar "caralho" na imprensa, usa-se pênis e tudo bem. Em nenhum livro de medicina que preste estará escrito "cacete" e sim pênis. É o relações públicas do O.S.M.. Com o tempo, todos irão se tornar um pênis (com exceção, é claro, da rôla). Se você tem mais de 50 anos, você tem um pênis. O pênis urina mais do que ejacula. Gosta de cuecas samba-canção folgadas, poltronas macias e ar condicionado. É igual a gato de armazém: deita no saco e dorme a noite toda. Não tem Viagra que dê jeito. O pênis é assim mesmo: suave, tranqüilo, circunspecto e invariavelmente... macio.
Portadores - Senhores acima de 50 anos de idade e Papai Noel (apesar do sacão vermelho).
O PINTO: O pinto ocorre somente e tão somente em menininhos. Fora destes, é apenas mais um erro clássico de nomenclatura. Não se engane. É muito comum ouvir as pessoas usarem o nome "pinto" em casos onde o verdadeiro protagonista foi a piroca, o caralho ou até mesmo a caceta. Isso é devido ao falso moralismo reinante ou a um conceito estético eufêmico, ou seja, absurdamente, acham que é mais bonitinho falar "pintinho" do que "pirocuçu"! Todas as garotas e namoradas do mundo adoram usar este termo: "Nem te conto, menina. Ontem à noite, quase engasguei com o pinto do Mário." Todo mundo sabe que ninguém engasga com um simples pintinho. A jovem gulosa quase morreu, na verdade, com a inescrupulosa, enorme e indigesta caralha do nosso amigo Mário, isso sim! O pinto é pequeno, alvo e de aparência inocente, lembrando o dedo mindinho do pé de um anão albino.
Portadores - Crianças de até 11 anos de idade e Gugu Liberato.
A PICA: Extremamente agitada e elétrica, a pica costuma passar a impressão de possuir um excelente desempenho sexual. Tudo mentira... Com estocadas curtas e nervosas, costuma apresentar ejaculação precoce. Diz que faz e acontece mas, na verdade, não resolve o problema de ninguém. Muitas vezes, a pica costuma agir como uma criança metidinha (literalmente), devido ao seu tamanho infantilóide e a sua baixa penetrabilidade. Acha que é enorme, porém só ganha do pinto em comprimento. A pica está sempre em estado de alerta, pronta para fazer escândalo à toa, crente que vai se dar bem, porém, todos os dias, acaba sendo repreendida manualmente por seu dono em casa, na hora do banho ou do cocô.
Portadores - Escoteiros, administradores de empresa, integrantes da UNE, jogadores de RPG, chatos da Amway e Oswaldo Montenegro.
A PIROCA: A piroca é própria irresponsabilidade em forma de falo. É o id do sexo masculino. Porra louca por natureza, ocorre em adolescentes e outros tipos de idiotas. A piroca não tem a menor noção do que está fazendo. Abaixar as calças e se mostrar para o sargento? É a piroca. Tatuar a cara do Padre Marcelo em si própria? É com ela mesma. Tentar comer o cu de uma jaguatirica com hepatite? Não precisa chamar duas vezes. Se besuntar de Leite Moça e dar par um cegueta chupar dizendo que é um churro? Por que não? Em qualquer situação absurda e com altas chances de se fuder redondo, lá estará ela, excitadíssima, achando tudo ótimo. A piroca é razoavelmente grande, porém já passou do tamanho de fazer o este tipo de coisas...
Portadores - Adolescentes em geral e Sérgio Mallandro.
O PERU: O peru, por definição, é um indeciso. Nunca sabe o que fazer. É meio mole, meio duro, anda sempre de cabeça baixa e tem a pele enrugada. Volta e meia fica preso no zíper da calça e é mestre em mijar fora da privada. Não tem uma identidade definida. É confundido com ave, país e até uma defesa fácil para o goleiro que virou gol. Só ganha um pouco de confiança na época do Natal, quando acha que todos estão lhe enfiando na boca.
Portadores - Colunistas sociais e Itamar Franco
O PAU: A quintessência da dureza. Assim pode ser definido o pau. Por mais paradoxal que seja, o pau é duro que nem pedra. De tamanho variável mas de dureza constante, o pau é capaz de entrar em qualquer lugar. Onde houver um orifício renitente e aparentemente inexpugnável, chamem o pau e lá estará ele em ação, como uma verdadeira broca de carne. O pau é constantemente agarrado, chutado, mordido e chacoalhado com veemência, duas a três vezes por dia, na hora do banho ou do cocô, mas nunca se abate. Pelo contrário, isto só torna-o mais duro. Indicado para hímen complacente, boca de namorada reclamona e cu de gato.
Portadores - Homens da caverna e o namorado da sua irmã.
O CARALHO: Maior expressão de popularidade do sexo masculino, o caralho é naturalmente grande e grosso. O próprio som do seu nome é uma afronta: ka-rá-li-o. Se você pronunciar "peru" em alto e bom som, ninguém notará. Agora, experimente dizer "caralho" bem baixinho. Viu, todo mundo percebe! Quem se depara com um pela frente (ou por trás) logo o reconhece, dizendo: "Caralho!" Em 99% dos filmes de sacanagem, lá está ele, lustroso que nem um galã de novela, ou melhor, um vulcão trepidante e cuspindo para tudo que é lado. Aquele que você está vendo em movimentos repetidos e ritmados, tal qual um pistão incansável de uma locomotiva da Revolução Industrial, é o próprio. Quem tem um caralho é homem por natureza. É basicamente um atestado de macheza pura e não há nada no mundo que se possa fazer para mudar isso.
Portadores - Travestis.
A RÔLA: Oriunda das obscuras profundezas do reino do mal, a rôla é a mais perigosa dos tipos de órgãos. A rôla é suja, ensebada e cheia de más intenções e veias disformes. É tão má que gosta de enrabar galinhas só para poder quebrar a casca do ovo e meter na bunda do pobre pintinho! Pequenina, porém grossa como uma lata de pastilha Valda, a rôla não tem princípios, moral ou piedade. Come qualquer coisa: sogra, travesti, cachorro, ralo de piscina, corretores de seguro, bola de boliche e cu de bêbado quando sóbrio. Só não come a bunda do próprio dono porque não alcança. Somente por isso.
Portadores - Choferes de táxi e Jece Valadão.
A CACETA: A caceta é a grande baleia branca dos O.S.M. Por causa do seu tamanho descomunal, ganha de todos os outros em extensão. Não tem veias, tem dutos. Não tem saco, tem reservatório. Não tem espermatozóides, tem girinos. Não tem cabeça, vive esquecendo as chaves de casa! Quando em estado de ereção, seu dono fica imediatamente tonto, pois ¾ do sangue do seu corpo fluem para dentro da dela. É lerda, pesada e muito, muito graaaaaaaande! Pode ser usada como limpador de pára-brisas de ônibus, âncora de navio e corda do Círio de Nazaré. Não se aconselha um manuseamento exagerado da caceta pois ela pode matar seu portador por um desagradável afogamento na hora do banho ou do cocô.
Portadores - Eu.
Adolar Gangorra, 89 anos, é editor do site www.adolargangorra.com.br e nunca matou cobra nenhuma para não ter que... dar explicações.
E o brasileiro? Qual seria o objeto ou conceito abstrato que teria mais sinônimos em seu idioma? Engana-se quem acha que Carnaval, mulher e futebol sejam os campeões. Uma das entidades com mais nomes distintos identificados na Língua Portuguesa é o famosíssimo O.S.M., ou seja, o Órgão Sexual Masculino. Quem não é capaz de lembrar, pelo menos, de uns vinte nomes diferentes? Pipi? Ok, você pensou moderadamente. Mas é muito pouco. Pense, por exemplo, em um baile de Carnaval: pinto! Muito bem. Melhorou mas não é suficiente ainda. Agora pense na sua tia pulando nesse mesmo baile de carnaval: caralho, piroca, rôla, vara, pau, mandjôla, caceta, peru, etc. Parabéns, agora você entendeu!
Atualmente, dentro do extenso cabedal da Língua Portuguesa, podemos identificar nove termos mais populares para tipos de O.S.M.s.. São eles: Pênis, Pinto, Pica, Piroca, Peru, Pau, Caralho, Rôla e Caceta. São os nove grandes, o G-9 do sexo masculino. É bom esclarecer que nesta triagem foram excluídos nomes de cunho regional, afetivo-sentimentais e de menor expressão como Jeba, Bililiu, Documento, Pirulito, Estrovenga, Pé de Mesa, Cajado, Peia, Jeripoca, Vara, Impávido Colosso, Meronga, Canetão, Bilaurête, Dedo sem Osso Cuspidor, Mandioca, Roto-Rooter, Badalo, Ding-Ling, Cobra Caôlha, Kojak, Picolé da Maldade, Trôlha, Capitão Carequinha, Papacu Rasteiro da Cabeça Vermelha, Bastão da Alegria, Flautinha de Carne, Dr. Pancrácio Talarico Matsubara Júnior, entre outros.
Entretanto, engana-se quem pensa que todos esses significantes remetam ao mesmo significado. Por acaso, um pipi seria igual a um caralho? Qual dos dois aparenta ser maior? Ou melhor, qual dos dois você preferiria que lhe enfiassem no ouvido? O pipi, é claro! Inconscientemente, ele é menor do que o caralho, mais fino que a rôla e mais mole que a pica. Cada um deste nove nomes é utilizado de forma extremamente específica. Para cada caso, utiliza-se um termo adequado. Por exemplo, quando uma mãe auxilia seu filho pequeno a urinar, ela, por acaso, diz: "Vamos, Valtencir, bote o pirocaço para fora e faça xixi, meu filho"? Não, ela usa um termo mais apropriado como "pintinho" ou "pipiu" ou ainda "Zezinho". Ninguém diz: "Pai, Cleovandson, o porteiro, quer que eu esfregue geléia de mocotó no mastruço dele!"? Claro que não! O certo seria dizer "no pau dele!" Quando vamos ao médico, é normal ele pedir "Por favor, queira abaixar as calças para que eu possa examinar melhor sua rôla"? Óbvio que não. Ele usará o prosaico termo "pênis". E assim vai; para cada caso, existe uma referência pirocal-nominativa apropriada, que é utilizada de maneira totalmente inconsciente pela população.
O que pouca gente percebe é que cada um destes diferentes nomes designa tipos distintos de órgãos, cada qual com seu próprio tamanho, tipo físico, personalidade, estilo de vida, medos, anseios e aspirações na vida. Após uma miserável e nojenta pesquisa, pôde-se estruturar um breve dossiê a respeito dos nove maiores membros do O.S.M. (desculpem o trocadilho):
O PÊNIS: O pênis é uma tentativa dúbia da sociedade para conferir uma certa dignidade ao sexo masculino. Quando se tem que falar "caralho" na imprensa, usa-se pênis e tudo bem. Em nenhum livro de medicina que preste estará escrito "cacete" e sim pênis. É o relações públicas do O.S.M.. Com o tempo, todos irão se tornar um pênis (com exceção, é claro, da rôla). Se você tem mais de 50 anos, você tem um pênis. O pênis urina mais do que ejacula. Gosta de cuecas samba-canção folgadas, poltronas macias e ar condicionado. É igual a gato de armazém: deita no saco e dorme a noite toda. Não tem Viagra que dê jeito. O pênis é assim mesmo: suave, tranqüilo, circunspecto e invariavelmente... macio.
Portadores - Senhores acima de 50 anos de idade e Papai Noel (apesar do sacão vermelho).
O PINTO: O pinto ocorre somente e tão somente em menininhos. Fora destes, é apenas mais um erro clássico de nomenclatura. Não se engane. É muito comum ouvir as pessoas usarem o nome "pinto" em casos onde o verdadeiro protagonista foi a piroca, o caralho ou até mesmo a caceta. Isso é devido ao falso moralismo reinante ou a um conceito estético eufêmico, ou seja, absurdamente, acham que é mais bonitinho falar "pintinho" do que "pirocuçu"! Todas as garotas e namoradas do mundo adoram usar este termo: "Nem te conto, menina. Ontem à noite, quase engasguei com o pinto do Mário." Todo mundo sabe que ninguém engasga com um simples pintinho. A jovem gulosa quase morreu, na verdade, com a inescrupulosa, enorme e indigesta caralha do nosso amigo Mário, isso sim! O pinto é pequeno, alvo e de aparência inocente, lembrando o dedo mindinho do pé de um anão albino.
Portadores - Crianças de até 11 anos de idade e Gugu Liberato.
A PICA: Extremamente agitada e elétrica, a pica costuma passar a impressão de possuir um excelente desempenho sexual. Tudo mentira... Com estocadas curtas e nervosas, costuma apresentar ejaculação precoce. Diz que faz e acontece mas, na verdade, não resolve o problema de ninguém. Muitas vezes, a pica costuma agir como uma criança metidinha (literalmente), devido ao seu tamanho infantilóide e a sua baixa penetrabilidade. Acha que é enorme, porém só ganha do pinto em comprimento. A pica está sempre em estado de alerta, pronta para fazer escândalo à toa, crente que vai se dar bem, porém, todos os dias, acaba sendo repreendida manualmente por seu dono em casa, na hora do banho ou do cocô.
Portadores - Escoteiros, administradores de empresa, integrantes da UNE, jogadores de RPG, chatos da Amway e Oswaldo Montenegro.
A PIROCA: A piroca é própria irresponsabilidade em forma de falo. É o id do sexo masculino. Porra louca por natureza, ocorre em adolescentes e outros tipos de idiotas. A piroca não tem a menor noção do que está fazendo. Abaixar as calças e se mostrar para o sargento? É a piroca. Tatuar a cara do Padre Marcelo em si própria? É com ela mesma. Tentar comer o cu de uma jaguatirica com hepatite? Não precisa chamar duas vezes. Se besuntar de Leite Moça e dar par um cegueta chupar dizendo que é um churro? Por que não? Em qualquer situação absurda e com altas chances de se fuder redondo, lá estará ela, excitadíssima, achando tudo ótimo. A piroca é razoavelmente grande, porém já passou do tamanho de fazer o este tipo de coisas...
Portadores - Adolescentes em geral e Sérgio Mallandro.
O PERU: O peru, por definição, é um indeciso. Nunca sabe o que fazer. É meio mole, meio duro, anda sempre de cabeça baixa e tem a pele enrugada. Volta e meia fica preso no zíper da calça e é mestre em mijar fora da privada. Não tem uma identidade definida. É confundido com ave, país e até uma defesa fácil para o goleiro que virou gol. Só ganha um pouco de confiança na época do Natal, quando acha que todos estão lhe enfiando na boca.
Portadores - Colunistas sociais e Itamar Franco
O PAU: A quintessência da dureza. Assim pode ser definido o pau. Por mais paradoxal que seja, o pau é duro que nem pedra. De tamanho variável mas de dureza constante, o pau é capaz de entrar em qualquer lugar. Onde houver um orifício renitente e aparentemente inexpugnável, chamem o pau e lá estará ele em ação, como uma verdadeira broca de carne. O pau é constantemente agarrado, chutado, mordido e chacoalhado com veemência, duas a três vezes por dia, na hora do banho ou do cocô, mas nunca se abate. Pelo contrário, isto só torna-o mais duro. Indicado para hímen complacente, boca de namorada reclamona e cu de gato.
Portadores - Homens da caverna e o namorado da sua irmã.
O CARALHO: Maior expressão de popularidade do sexo masculino, o caralho é naturalmente grande e grosso. O próprio som do seu nome é uma afronta: ka-rá-li-o. Se você pronunciar "peru" em alto e bom som, ninguém notará. Agora, experimente dizer "caralho" bem baixinho. Viu, todo mundo percebe! Quem se depara com um pela frente (ou por trás) logo o reconhece, dizendo: "Caralho!" Em 99% dos filmes de sacanagem, lá está ele, lustroso que nem um galã de novela, ou melhor, um vulcão trepidante e cuspindo para tudo que é lado. Aquele que você está vendo em movimentos repetidos e ritmados, tal qual um pistão incansável de uma locomotiva da Revolução Industrial, é o próprio. Quem tem um caralho é homem por natureza. É basicamente um atestado de macheza pura e não há nada no mundo que se possa fazer para mudar isso.
Portadores - Travestis.
A RÔLA: Oriunda das obscuras profundezas do reino do mal, a rôla é a mais perigosa dos tipos de órgãos. A rôla é suja, ensebada e cheia de más intenções e veias disformes. É tão má que gosta de enrabar galinhas só para poder quebrar a casca do ovo e meter na bunda do pobre pintinho! Pequenina, porém grossa como uma lata de pastilha Valda, a rôla não tem princípios, moral ou piedade. Come qualquer coisa: sogra, travesti, cachorro, ralo de piscina, corretores de seguro, bola de boliche e cu de bêbado quando sóbrio. Só não come a bunda do próprio dono porque não alcança. Somente por isso.
Portadores - Choferes de táxi e Jece Valadão.
A CACETA: A caceta é a grande baleia branca dos O.S.M. Por causa do seu tamanho descomunal, ganha de todos os outros em extensão. Não tem veias, tem dutos. Não tem saco, tem reservatório. Não tem espermatozóides, tem girinos. Não tem cabeça, vive esquecendo as chaves de casa! Quando em estado de ereção, seu dono fica imediatamente tonto, pois ¾ do sangue do seu corpo fluem para dentro da dela. É lerda, pesada e muito, muito graaaaaaaande! Pode ser usada como limpador de pára-brisas de ônibus, âncora de navio e corda do Círio de Nazaré. Não se aconselha um manuseamento exagerado da caceta pois ela pode matar seu portador por um desagradável afogamento na hora do banho ou do cocô.
Portadores - Eu.
Adolar Gangorra, 89 anos, é editor do site www.adolargangorra.com.br e nunca matou cobra nenhuma para não ter que... dar explicações.
domingo, 15 de março de 2009
TESÃO DE VACA - QUE NEGÓCIO É ESSE?
Em um obscuro momento, entre a 6ª e a 8ª série, algum colega de sala, metido a espertalhão, vai chegar para você, com os olhos brilhando, tal como tivesse descoberto a pedra filosofal jogada a esmo no armário do vovô. Ele irá lhe contar tranqüilamente que existe na natureza uma substância espetacular chamada de "Tesão de Vaca", capaz de resolver um certo probleminha bobo que o resto dos homens não conseguiu solucionar em milhões de anos: sexo sem esforço!
Não importa se documentários sobre a vida animal volta e meia mostrem dois cabritos monteses se esfalfando herculeamente para pulverizarem seus respectivos chifres à base de cabeçadas titânicas só pelo direito básico de se reproduzirem por um brevíssimo momento. Sim, meu caro, esqueça tudo o que lhe disseram antes sobre esse assunto. O Tesão de Vaca é um "negócio" que você põe na bebida de qualquer garota e que tem o prosaico efeito de resultar em que ela queira fazer sexo descontroladamente com o primeiro que encontrar! Mas que formidável, hein?
Isso mesmo, apesar de desde a mais tenra infância você ter sido regularmente ensinado a entender claramente a diferença entre fantasia e realidade, ficção e imaginário, contos de fadas e a página policial dos jornais, super-heróis e aquele seu tio bêbado motorista de táxi... veja você, deixaram escapulir essa mágica no nosso mundo real! Que maneiro, uma substância que fará com que você, no alto dos seus 13 anos, coma qualquer mulher do mundo sem o menor trabalho!
E você que já estava começando a achar que a vida era mesmo dura como seu pai vive apregoando, hein? Que velho mais cagão! Você até chegou a cogitar que o que ele fala poderia ser verdade graças às 125 páginas que o cretino do seu professor de História manda sua turma decorar para um possível teste-surpresa que nunca acontece. Ou pelo murro no estômago que, Afonsinho, o repetente barbado da sua rua, lhe aplicou quando você riu do seu novo corte de cabelo estilo "sócio-atleta da Febem".
Mas agora, tudo isso cai por terra quando "Tesão de Vaca", essa nova e miraculosa infusão, chega para fazer com que você pule, pelo menos, umas 74 árduas etapas da conquista amorosa e leve ao que, hoje, você está 100% convicto que realmente interessa: comer todas as garotas da sua sala, comer sua professora, comer suas primas, comer sua empregada, comer a atriz da novela, comer aquela extraterrestre gostosa do desenho animado japonês e, finalmente... comer todas as mulheres do mundo!
Seu amigão vai lhe contar que o Tesão funciona mesmo! Por exemplo, aquela garota bem bonita da sua sala, que faz questão de ignorar você desde o tempo do prezinho, agora está fudida porque na primeira chance que você tiver, ela vai beber uma Mirinda Uva batizada por você (que engraçado isso, não?) com o fabuloso Tesão de Vaca e vai virar sua escrava sexual durante alguns minutos! Bem feito, quem mandou ser tão otária?
Na verdade, Tesão de Vaca é uma lenda urbana que há anos se prolifera exponencialmente devido ao adubado campo da mente de pré-adolescentes, cegos pelo excesso de libido e pela mais absoluta falta de um milímetro sequer de bom senso, graças a uma estapafúrdia lógica caótica proto-freudiana propagandeada exponencialmente por essa história. O chamado "Tesão de Vaca" é um termo veterinário designado para um hormônio utilizado para estimular o cruzamento entre bovinos. Não passa disso. Vale lembrar ainda que não estamos vivendo mais na Idade Média onde haviam anúncios categóricos de poções miraculosas que prometiam curar amputações de cabeça ou simplesmente fazer com que dragões ferozes alegremente puxassem um arado. Entretanto hoje, garotos bem alimentados, filhos de uma burguesia quase agnóstica, acreditam piamente nesse catimbó de quinta categoria em pleno século 21! O mais impressionante é que se você perguntar sobre o Tesão de Vaca em uma escola pública de Porto Alegre ou em um vetusto colégio particular de Fortaleza, a história será mais ou menos a mesma: alguém pôs o negócio na bebida de uma garota inocente, ela inadvertidamente o bebeu e, devido a uma compulsão incontrolável para dar, digamos assim, a "jóia da família", saiu em desabalada carreira, e, tempo depois, foi encontrada morta, sentada em uma marcha de caminhão ou de Corcel ou de Chevette... trágico, não?
Esse roteiro se repete ad infinitum com pequenas variações e o mais incrível é que ele nunca foi mostrado em nenhum veículo de comunicação de massa como televisão, jornal ou rádio! E todo mundo compartilha da mesma seqüência de fatos! Como isso se explicaria? Seria um fenômeno do famoso inconsciente coletivo? Como essa lenda se proliferou tão solidamente e de maneira tão insidiosa? O que estaria por trás disto? A mais cristalina estupidez? Não, seria essa uma resposta muito fácil e excitante...
Numa primeira análise lógica, já podemos delinear algumas conclusões básicas: salta aos olhos a vocação inerente de todo noviço do sexo masculino em se reproduzir absolutamente sem o menor critério, mas sem o menor critério mesmo, diga-se. Na aurora de sua atrapalhada vida sexual, o pequenino rapazola até possui uma vaga idéia de qual seja o seu objetivo, porém desconhece miseravelmente os caminhos tortuosos que terá que trilhar para atingi-lo. Então, quando algum gaiato qualquer lhe oferece uma espécie
vagabunda de atalho, ele alegremente aceita-o de ótimo grado, esfregando as maõzinhas e lambendo os beiços, mas, óbvio, sem questionar a veracidade dessa proposta, por mais absurda que ela seja.
Já à luz de um enfoque biológico, uma possível explicação poderia se esconder em uma estrutura presente na base de nosso córtex cerebral denominada Complexo Límbico ou Complexo R, herança direta dos, ora vejam só, lagartos (!!!), que é detentora dos instintos mais básicos do homem, como, por exemplo, comer, dormir, empalar a sogra, olhar para o cocô antes de dar descarga e se reproduzir. Esses preguiçosos hóspedes do complexo R, vez por outra, conseguem se desvencilhar de camadas e camadas de traços
adquiridos de civilização para dominar completamente nossas ações cotidianas, devido a sua antigüidade, envergadura, malícia e subestimada influência na formação do nosso subconsciente. Assim, você pode testemunhar seu pai, famoso por possuir o senso de humor de um sargento do exército turco, começar repentinamente a ficar simpático e metido a engraçadinho quando as amigas gostosinhas da sua irmã vão estudar na sua casa. Essas poderosas forças anciãs da nossa natureza estrutural ainda hoje são capazes de moldar
o comportamento social de milhares de homens que, em última instância, acabam por achar plenamente razoável dopar uma mulher para fuder!
A própria história que vem em anexo à lenda do Tesão é um primor de entretenimento e auto-preservação. É dramática, excitante e trágica! Parece Shakespeare misturado com pornochanchada! Vejam só: a única testemunha que poderia desmentir toda essa lenda, a garota, teve que morrer de modo trágico-erotizante. Assim, a veracidade sobre a eficiência do Tesão de Vaca mantém-se preservada. E também traz em seu seio arquétipos extremamente popularescos e de grande valor no universo masculino: sexo, morte e... Chevettes! Nem nos melhores folhetins mexicanos teríamos elementos tão dramáticos e apelativos como os listados acima! É óbvio que um libreto tão ardiloso e bem estruturado como esse só poderia estar fadado a um sucesso absoluto! É um campeão de audiência por natureza!
O mais bizarro de toda essa história é que, na época, você acreditou piamente quando lhe falaram dos espetaculares poderes do Tesão de Vaca. Você instantaneamente exultou de alegria e fervor quase místico quando lhe contaram essa conversa mole, essa história de pescador, esse imbróglio pinochio-munchausiano: "uma poção mágica que faz a mulher dar! E por que não? É claro que existe! Existe sim, existe sim! Aleluia, aleluia!", disse você para si mesmo quase chorando! Mas isso foi há muito tempo, quando você era apenas mais um moleque vibrão e apatetado descobrindo o mundo. Ainda bem que agora tudo mudou... Mas será que hoje, já maduro e vivido, você não estaria sendo agora vítima também de algum outro "Tesão de Vaca" invertido, disfarçado naquela cerveja socializante com os amigos, naquele whisky necessário para abordar aquela garota na festa ou na caipirinha potencializadora da sua libido? Ou até, quem sabe, progredir para aquela prosaica catuaba ou o até no seu miraculoso Viagra de hoje em dia? Provavelmente não, pois hoje você não acredita mais nesse tipo de "negócio", não é?
Adolar Gangorra tem 73 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra, e acha que o mal da vaca louca foi causado por excesso de tesão de vaca.
Não importa se documentários sobre a vida animal volta e meia mostrem dois cabritos monteses se esfalfando herculeamente para pulverizarem seus respectivos chifres à base de cabeçadas titânicas só pelo direito básico de se reproduzirem por um brevíssimo momento. Sim, meu caro, esqueça tudo o que lhe disseram antes sobre esse assunto. O Tesão de Vaca é um "negócio" que você põe na bebida de qualquer garota e que tem o prosaico efeito de resultar em que ela queira fazer sexo descontroladamente com o primeiro que encontrar! Mas que formidável, hein?
Isso mesmo, apesar de desde a mais tenra infância você ter sido regularmente ensinado a entender claramente a diferença entre fantasia e realidade, ficção e imaginário, contos de fadas e a página policial dos jornais, super-heróis e aquele seu tio bêbado motorista de táxi... veja você, deixaram escapulir essa mágica no nosso mundo real! Que maneiro, uma substância que fará com que você, no alto dos seus 13 anos, coma qualquer mulher do mundo sem o menor trabalho!
E você que já estava começando a achar que a vida era mesmo dura como seu pai vive apregoando, hein? Que velho mais cagão! Você até chegou a cogitar que o que ele fala poderia ser verdade graças às 125 páginas que o cretino do seu professor de História manda sua turma decorar para um possível teste-surpresa que nunca acontece. Ou pelo murro no estômago que, Afonsinho, o repetente barbado da sua rua, lhe aplicou quando você riu do seu novo corte de cabelo estilo "sócio-atleta da Febem".
Mas agora, tudo isso cai por terra quando "Tesão de Vaca", essa nova e miraculosa infusão, chega para fazer com que você pule, pelo menos, umas 74 árduas etapas da conquista amorosa e leve ao que, hoje, você está 100% convicto que realmente interessa: comer todas as garotas da sua sala, comer sua professora, comer suas primas, comer sua empregada, comer a atriz da novela, comer aquela extraterrestre gostosa do desenho animado japonês e, finalmente... comer todas as mulheres do mundo!
Seu amigão vai lhe contar que o Tesão funciona mesmo! Por exemplo, aquela garota bem bonita da sua sala, que faz questão de ignorar você desde o tempo do prezinho, agora está fudida porque na primeira chance que você tiver, ela vai beber uma Mirinda Uva batizada por você (que engraçado isso, não?) com o fabuloso Tesão de Vaca e vai virar sua escrava sexual durante alguns minutos! Bem feito, quem mandou ser tão otária?
Na verdade, Tesão de Vaca é uma lenda urbana que há anos se prolifera exponencialmente devido ao adubado campo da mente de pré-adolescentes, cegos pelo excesso de libido e pela mais absoluta falta de um milímetro sequer de bom senso, graças a uma estapafúrdia lógica caótica proto-freudiana propagandeada exponencialmente por essa história. O chamado "Tesão de Vaca" é um termo veterinário designado para um hormônio utilizado para estimular o cruzamento entre bovinos. Não passa disso. Vale lembrar ainda que não estamos vivendo mais na Idade Média onde haviam anúncios categóricos de poções miraculosas que prometiam curar amputações de cabeça ou simplesmente fazer com que dragões ferozes alegremente puxassem um arado. Entretanto hoje, garotos bem alimentados, filhos de uma burguesia quase agnóstica, acreditam piamente nesse catimbó de quinta categoria em pleno século 21! O mais impressionante é que se você perguntar sobre o Tesão de Vaca em uma escola pública de Porto Alegre ou em um vetusto colégio particular de Fortaleza, a história será mais ou menos a mesma: alguém pôs o negócio na bebida de uma garota inocente, ela inadvertidamente o bebeu e, devido a uma compulsão incontrolável para dar, digamos assim, a "jóia da família", saiu em desabalada carreira, e, tempo depois, foi encontrada morta, sentada em uma marcha de caminhão ou de Corcel ou de Chevette... trágico, não?
Esse roteiro se repete ad infinitum com pequenas variações e o mais incrível é que ele nunca foi mostrado em nenhum veículo de comunicação de massa como televisão, jornal ou rádio! E todo mundo compartilha da mesma seqüência de fatos! Como isso se explicaria? Seria um fenômeno do famoso inconsciente coletivo? Como essa lenda se proliferou tão solidamente e de maneira tão insidiosa? O que estaria por trás disto? A mais cristalina estupidez? Não, seria essa uma resposta muito fácil e excitante...
Numa primeira análise lógica, já podemos delinear algumas conclusões básicas: salta aos olhos a vocação inerente de todo noviço do sexo masculino em se reproduzir absolutamente sem o menor critério, mas sem o menor critério mesmo, diga-se. Na aurora de sua atrapalhada vida sexual, o pequenino rapazola até possui uma vaga idéia de qual seja o seu objetivo, porém desconhece miseravelmente os caminhos tortuosos que terá que trilhar para atingi-lo. Então, quando algum gaiato qualquer lhe oferece uma espécie
vagabunda de atalho, ele alegremente aceita-o de ótimo grado, esfregando as maõzinhas e lambendo os beiços, mas, óbvio, sem questionar a veracidade dessa proposta, por mais absurda que ela seja.
Já à luz de um enfoque biológico, uma possível explicação poderia se esconder em uma estrutura presente na base de nosso córtex cerebral denominada Complexo Límbico ou Complexo R, herança direta dos, ora vejam só, lagartos (!!!), que é detentora dos instintos mais básicos do homem, como, por exemplo, comer, dormir, empalar a sogra, olhar para o cocô antes de dar descarga e se reproduzir. Esses preguiçosos hóspedes do complexo R, vez por outra, conseguem se desvencilhar de camadas e camadas de traços
adquiridos de civilização para dominar completamente nossas ações cotidianas, devido a sua antigüidade, envergadura, malícia e subestimada influência na formação do nosso subconsciente. Assim, você pode testemunhar seu pai, famoso por possuir o senso de humor de um sargento do exército turco, começar repentinamente a ficar simpático e metido a engraçadinho quando as amigas gostosinhas da sua irmã vão estudar na sua casa. Essas poderosas forças anciãs da nossa natureza estrutural ainda hoje são capazes de moldar
o comportamento social de milhares de homens que, em última instância, acabam por achar plenamente razoável dopar uma mulher para fuder!
A própria história que vem em anexo à lenda do Tesão é um primor de entretenimento e auto-preservação. É dramática, excitante e trágica! Parece Shakespeare misturado com pornochanchada! Vejam só: a única testemunha que poderia desmentir toda essa lenda, a garota, teve que morrer de modo trágico-erotizante. Assim, a veracidade sobre a eficiência do Tesão de Vaca mantém-se preservada. E também traz em seu seio arquétipos extremamente popularescos e de grande valor no universo masculino: sexo, morte e... Chevettes! Nem nos melhores folhetins mexicanos teríamos elementos tão dramáticos e apelativos como os listados acima! É óbvio que um libreto tão ardiloso e bem estruturado como esse só poderia estar fadado a um sucesso absoluto! É um campeão de audiência por natureza!
O mais bizarro de toda essa história é que, na época, você acreditou piamente quando lhe falaram dos espetaculares poderes do Tesão de Vaca. Você instantaneamente exultou de alegria e fervor quase místico quando lhe contaram essa conversa mole, essa história de pescador, esse imbróglio pinochio-munchausiano: "uma poção mágica que faz a mulher dar! E por que não? É claro que existe! Existe sim, existe sim! Aleluia, aleluia!", disse você para si mesmo quase chorando! Mas isso foi há muito tempo, quando você era apenas mais um moleque vibrão e apatetado descobrindo o mundo. Ainda bem que agora tudo mudou... Mas será que hoje, já maduro e vivido, você não estaria sendo agora vítima também de algum outro "Tesão de Vaca" invertido, disfarçado naquela cerveja socializante com os amigos, naquele whisky necessário para abordar aquela garota na festa ou na caipirinha potencializadora da sua libido? Ou até, quem sabe, progredir para aquela prosaica catuaba ou o até no seu miraculoso Viagra de hoje em dia? Provavelmente não, pois hoje você não acredita mais nesse tipo de "negócio", não é?
Adolar Gangorra tem 73 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra, e acha que o mal da vaca louca foi causado por excesso de tesão de vaca.
quinta-feira, 12 de março de 2009
Mais da série "1 centavo por..."
Se você ganhasse 1 centavo por todo clip de rap em que aparece a galera atrás do artista, geralmente em uma festa, dançando e cantando a música e tocando a zona, você seria a pessoa mais rica do universo.
Alguém já viu algum videoclip desse estilo musical em que aparece só o artista? Existe? Ele sozinho, sem aquele galerão pulando atrás?
Mais fácil tomar sopa de garfo...
Alguém já viu algum videoclip desse estilo musical em que aparece só o artista? Existe? Ele sozinho, sem aquele galerão pulando atrás?
Mais fácil tomar sopa de garfo...
1 centavo por...
Mais da série "1 Centavo Por..."
Depois do caso dos nomes padronizados de bandas de pagode, podemos dizer o mesmo de títulos de filmes no Brasil, no caso, comédias. Os tradutores utilizam fórmulas consagradas e as repetem a exaustão. Sendo assim, se você ganhasse 1 centavo por toda vez que os nomes "da pesada", "muito louca" e "do barulho" aparecessem em títulos traduzidos de comédias você ficaria tão rico que poderia limpar a bunda com notas de cem!
Isso vale também para filmes de suspense. Os nomes "Fatal", "Letal" e "Mortal", em traduções de filmes famosos desse gênero, deixariam você mais milionário do que certos políticos brasileiros!
O único tipo de filme que é sempre criativo em seus títulos é o de sexo explícito. Esse sim não se esconde em fórmulas repetitivas e brindam seu público com verdadeiras "pérolas" de criatividade. Vejam só: "Apocalipse Anal", "Suck My Dick, Tracy", "Alucinações Sexuais de um Macaco" são exemplos de ótimos títulos para "ótimos" filmes, mas que não deixarão você rico ao ganhar 1 centavo por termos repetidos em seus títulos. Para ganhar dinheiro com os filmes de sexo explícito é só você fazer parte dessa indústria. E se, por acaso, você for atriz desse gênero, queria por favor entrar em contato com esse blog o mais rápido possível. Obrigado.
Depois do caso dos nomes padronizados de bandas de pagode, podemos dizer o mesmo de títulos de filmes no Brasil, no caso, comédias. Os tradutores utilizam fórmulas consagradas e as repetem a exaustão. Sendo assim, se você ganhasse 1 centavo por toda vez que os nomes "da pesada", "muito louca" e "do barulho" aparecessem em títulos traduzidos de comédias você ficaria tão rico que poderia limpar a bunda com notas de cem!
Isso vale também para filmes de suspense. Os nomes "Fatal", "Letal" e "Mortal", em traduções de filmes famosos desse gênero, deixariam você mais milionário do que certos políticos brasileiros!
O único tipo de filme que é sempre criativo em seus títulos é o de sexo explícito. Esse sim não se esconde em fórmulas repetitivas e brindam seu público com verdadeiras "pérolas" de criatividade. Vejam só: "Apocalipse Anal", "Suck My Dick, Tracy", "Alucinações Sexuais de um Macaco" são exemplos de ótimos títulos para "ótimos" filmes, mas que não deixarão você rico ao ganhar 1 centavo por termos repetidos em seus títulos. Para ganhar dinheiro com os filmes de sexo explícito é só você fazer parte dessa indústria. E se, por acaso, você for atriz desse gênero, queria por favor entrar em contato com esse blog o mais rápido possível. Obrigado.
segunda-feira, 9 de março de 2009
CINEMA É A MAIOR DIVERSÃO (DEPOIS DO ENTERRO DA SOGRA, É CLARO!
Estou terminando minha tese de doutorado intitulada "Podem Gatos-Angorás, Chinchilas, Coelhinhos e Poodles Brancos Substituir o Papel Higiênico? - Um Estudo Prático de Caso" e o Parque Aquático no qual escrevo esse importante trabalho é longe pra cacete da minha casa. Assim, chego em residência sempre cansado. Pela 6ª vez nessa semana (hoje é segunda), os gaiatos dos meus filhos tacaram superbonder dentro do buraco da fechadura para me impedir de entrar em meu ordeiro lar. Então lá fui eu, de novo, tentar puxar um ronco no cinema e tentar comprar um revólver ou coisa parecida.
Queria assistir a um filme intelectual de vanguarda do circuito alternativo chamado "Alucinações Sexuais de um Macaco", mas devido a essa simpática produção estar passando em uma sala no cais do porto fui obrigado a me meter em um shopping e acabei entrando em um filme chamado "A Feiticeira". Achei que fosse o filme baseado na antiga série de TV "Jeannie é uma Burra". Ledo engano. Confundi tudo. "A Feiticeira" é a história da bruxa que quer viver entre gente normal. Disso eu entendo muito bem pois a minha sogra, aquela fudida, se entocou lá em casa há anos e tenta fazer a mesma coisa. Filha e neta da puta! Fiquei meio desanimado... Gostava mais da Jeannie porque ela era uma loira gostosa que ficava pulando de um lado para o outro com sua barriguinha de fora, falando merda pra caralho e vivia pedindo para o Major Nelson dar ordens para ela o tempo todo e ainda morava tipo num quarto de empregada que era dentro de uma garrafa! Muito legal!!! Como não poderia amar esse seriado? Mas não, resolveram fazer o filme da "Feiticeira", a bruxa dona de casa comportada que dormia de pijama de manga comprida... depois perdem dinheiro e ainda ficam putos! Nem fudendo que eu ia ver essa merda! Quando vi o engano que cometi saí correndo e entrei em uma outra sala qualquer. O ar condicionado estava no máximo lá então resolvi esfriar minhas bolas ali mesmo. Uma beleza, rapaz! O filme que estava sendo exibido se chamava "Cinderella Man". Achei que seria a história de uma menina inocente que depois da meia-noite vira um travesti ou alguma coisa saudável do gênero. Só depois notei que esse filme, no Brasil, ganhou o "excelente" título de "Luta Pela Esperança". Que piegas! Mas qual foi minha surpresa ao ver que essa produção é cheia de cenas e mais cenas de BOXE! Sim, boxe, moçada! A "nobre arte", o pugilato puro, o socão na cara, tipo o que ocorre lá em casa toda quarta-feira quando eu levo Shambala, o chimpanzé baby-sitter, para tomar conta dos meus filhos, aqueles sacaninhas! Ah, eles adoram! E Shambala muito mais! Abri minha braguilha mais ainda e esfreguei as mãos! Aprecio o boxe e sendo eu um senhor de certa idade, já tinha lido a respeito da história verídica de James Bradock, boxeador de origem irlandesa, que come o pão que o diabo amassou na época da Grande Depressão norte-americana na década de 30. "Comer" é força de expressão pois ele e sua família, na verdade, não rangaram quase nada nesses anos de vacas muito magras. E se ainda rolarem umas garotinhas loiras vestidas de Cinderela lutando num ringue cheio de lama, melhor ainda!!!
Vi que quem estrela a fita é o famoso Russel Crowe, fazendo o papel de um boxeador duro na queda, mas de coração mole. Quem vê televisão ou lê os jornais sabe que, na verdade, ele um hooligan nato e que recentemente foi preso por, ora vejam só, tacar o telefone NA CARA de um funcionário do hotel no qual estava hospedado! De bom moço, não tem absolutamente nada, mas não passando de um ator mezzo-esforçado, mezzo-busto de mármore, até que convence no papel (nada exigente) de herói de um povo sofrido vestindo luvas e calção.
"Oba!", pensei com os botões já abertos de minha samba-canção depois de tirar a calça toda. Ele vai descer o cacete nos adversários, no juiz, na mulher, nos filhos, no cameraman e em si mesmo!!! Vamos lá, Gladiador! Pau neles!!! Nada disso. Antes de tirar a minha sambinha e ficar só de paletó e sapato na sala de cinema, vi que em "Luta Pela Esperança", Crowe, na verdade, encarna o espírito do povo norte-americano em sua dura luta na época da Grande Depressão. Você sabe o que foi a Grande Depressão? Não? Bom, vou facilitar as coisas pra você, seu estúpido: devido à quebra da bolsa de valores de Nova York, em 1929, uma crise econômica sem precedentes assolou os EUA. Assim, após um começo promissor como lutador, Braddock quebra a mão e também vai à bancarrota como todo mundo, até conseguir uma segunda chance. Você viu Seabiscuit ou "Alma de Herói" (eu preferiria "Marbiscoito"... muito melhor!), aquele filme do cavalo que carrega o homem-aranha nas costas? Bem, basicamente, é o mesmo cenário. Os EUA estavam falidos, levando milhões de cidadãos a ficarem na pior. O pangaré Seabiscuit simbolizava a esperança de um povo lascado, mas que por seu "espírito puro e valor nato", supera as adversidades. A mesma coisa vale para Jim Braddock. Tenha fé, pois você é um "americano na terra prometida" (e isso, para eles, faz a MAIOR diferença, acredite), agüente firme as porradas da vida que as coisas vão melhorar, meu rapaz. Nesse contexto, ele ganha o apelido de "O Homem Cinderela", o que, convenhamos não é a melhor das alcunhas para um cara que, todo mês, tem que enfrentar um outro querendo descer o cacete nele. Um nome desses é um puta incentivo psicoIógioco! "Oba, hoje vou lutar contra uma mulherzinha de vestido!" Imaginemos se a moda tivesse pegado :"E nesse canto, pesando 120 quilos, 130 lutas, 140 nocautes, o campeão dos estivadores do Alaska... Gata Borralheiraaaaaa!!!" "Não perca hoje sensacional decisão dos pesos -pesados: Chapeuzinho Vermelho contra Branca de Neve!" Não dá! É ridículo!
O filme não é simplesmente a biografia de James Braddock, mas tem seu foco na superação de uma época dura onde a falência da economia e o conseqüente desemprego arrasaram vidas e mais vidas. Tanto que, volta e meia, em "Luta Pela Esperança" é lembrado o fato de Braddock nunca ter sido nocauteado em sua carreira como lutador. Simbólico, não? Agora, olha só, se você também não viu Seabiscuit, não posso fazer nada, seu alienado sem vergonha...
"Luta Pela Esperança" tem seus méritos. O diretor Ron Howard é um especialista em películas comerciais e bem feitas tecnicamente. Ex-ator, trabalhou na clássica série de televisão "Happy Days". Não conhece também? Porra, mas tu é burro, hein? Já viu um o clipe do Weezer da música "Buddy Holy"? Pois é, é uma homenagem a essa série. Howard já dirigiu filmes como "Cocoon", "Apolo 13" e "Uma Mente Brilhante", este último com o mesmo Crowe-Magnon dando uma de matemático... patético... o filme tem a texana quase européia Renée Zellweger (mãe suíça, pai norueguês) em um papel aquém de suas possibilidades dramáticas, Paul Giamatti, que tende a fazer sempre o papel de... Paul Giamatti (!!!), uma tradicional fotografia em tons pastéis para remontar a uma época passada, alguns arroubos melodramáticos dispensáveis e, acima de tudo, um roteiro relativamente bem amarrado que tenta não delatar de modo prematuro o final. Agora, o que realmente impressiona são as coreografias de boxe... as lutas e a edição dessas seqüências são impecáveis fazendo que "Luta Pela Esperança" seja um filme inovador no aspecto de realismo do esporte. Veja toda a série "Rock, o Lutador" e irá perceber a diferença. É o mesmo que comparar o "Furacão 2000" com o balé Bolshoi. Quando o sr. Crowe solta a munheca na lata de um coitado qualquer há velocidade e impacto, coisas que nunca tinha visto tão bem feitas em outras produções que contenham a já mencionada "nobre arte" (que de "nobre" e de "arte" não tem nada... ). É tão perfeito que acho até que o Russel Crowe bateu de verdade nos colegas! E nem precisou de telefone nem nada!!!
Cheguei ao final de "Cinderella Man" / "Luta Pela Esperança" bastante satisfeito com o que vi, mas com a bunda gelada e com o chato do lanterninha me expulsando do cinema e dizendo que ia chamar a polícia, etc. Eles passam um filme com um título malicioso e dúbio como esse e eu é que tenho que ir pra cadeia... francamente!
Adolar Gangorra, 92 anos, é editor do site www.adolargangorra.com.br e, quando jovem, costumava ir ao teatro, mas depois que inventaram o cinema parou com essa merda.
Queria assistir a um filme intelectual de vanguarda do circuito alternativo chamado "Alucinações Sexuais de um Macaco", mas devido a essa simpática produção estar passando em uma sala no cais do porto fui obrigado a me meter em um shopping e acabei entrando em um filme chamado "A Feiticeira". Achei que fosse o filme baseado na antiga série de TV "Jeannie é uma Burra". Ledo engano. Confundi tudo. "A Feiticeira" é a história da bruxa que quer viver entre gente normal. Disso eu entendo muito bem pois a minha sogra, aquela fudida, se entocou lá em casa há anos e tenta fazer a mesma coisa. Filha e neta da puta! Fiquei meio desanimado... Gostava mais da Jeannie porque ela era uma loira gostosa que ficava pulando de um lado para o outro com sua barriguinha de fora, falando merda pra caralho e vivia pedindo para o Major Nelson dar ordens para ela o tempo todo e ainda morava tipo num quarto de empregada que era dentro de uma garrafa! Muito legal!!! Como não poderia amar esse seriado? Mas não, resolveram fazer o filme da "Feiticeira", a bruxa dona de casa comportada que dormia de pijama de manga comprida... depois perdem dinheiro e ainda ficam putos! Nem fudendo que eu ia ver essa merda! Quando vi o engano que cometi saí correndo e entrei em uma outra sala qualquer. O ar condicionado estava no máximo lá então resolvi esfriar minhas bolas ali mesmo. Uma beleza, rapaz! O filme que estava sendo exibido se chamava "Cinderella Man". Achei que seria a história de uma menina inocente que depois da meia-noite vira um travesti ou alguma coisa saudável do gênero. Só depois notei que esse filme, no Brasil, ganhou o "excelente" título de "Luta Pela Esperança". Que piegas! Mas qual foi minha surpresa ao ver que essa produção é cheia de cenas e mais cenas de BOXE! Sim, boxe, moçada! A "nobre arte", o pugilato puro, o socão na cara, tipo o que ocorre lá em casa toda quarta-feira quando eu levo Shambala, o chimpanzé baby-sitter, para tomar conta dos meus filhos, aqueles sacaninhas! Ah, eles adoram! E Shambala muito mais! Abri minha braguilha mais ainda e esfreguei as mãos! Aprecio o boxe e sendo eu um senhor de certa idade, já tinha lido a respeito da história verídica de James Bradock, boxeador de origem irlandesa, que come o pão que o diabo amassou na época da Grande Depressão norte-americana na década de 30. "Comer" é força de expressão pois ele e sua família, na verdade, não rangaram quase nada nesses anos de vacas muito magras. E se ainda rolarem umas garotinhas loiras vestidas de Cinderela lutando num ringue cheio de lama, melhor ainda!!!
Vi que quem estrela a fita é o famoso Russel Crowe, fazendo o papel de um boxeador duro na queda, mas de coração mole. Quem vê televisão ou lê os jornais sabe que, na verdade, ele um hooligan nato e que recentemente foi preso por, ora vejam só, tacar o telefone NA CARA de um funcionário do hotel no qual estava hospedado! De bom moço, não tem absolutamente nada, mas não passando de um ator mezzo-esforçado, mezzo-busto de mármore, até que convence no papel (nada exigente) de herói de um povo sofrido vestindo luvas e calção.
"Oba!", pensei com os botões já abertos de minha samba-canção depois de tirar a calça toda. Ele vai descer o cacete nos adversários, no juiz, na mulher, nos filhos, no cameraman e em si mesmo!!! Vamos lá, Gladiador! Pau neles!!! Nada disso. Antes de tirar a minha sambinha e ficar só de paletó e sapato na sala de cinema, vi que em "Luta Pela Esperança", Crowe, na verdade, encarna o espírito do povo norte-americano em sua dura luta na época da Grande Depressão. Você sabe o que foi a Grande Depressão? Não? Bom, vou facilitar as coisas pra você, seu estúpido: devido à quebra da bolsa de valores de Nova York, em 1929, uma crise econômica sem precedentes assolou os EUA. Assim, após um começo promissor como lutador, Braddock quebra a mão e também vai à bancarrota como todo mundo, até conseguir uma segunda chance. Você viu Seabiscuit ou "Alma de Herói" (eu preferiria "Marbiscoito"... muito melhor!), aquele filme do cavalo que carrega o homem-aranha nas costas? Bem, basicamente, é o mesmo cenário. Os EUA estavam falidos, levando milhões de cidadãos a ficarem na pior. O pangaré Seabiscuit simbolizava a esperança de um povo lascado, mas que por seu "espírito puro e valor nato", supera as adversidades. A mesma coisa vale para Jim Braddock. Tenha fé, pois você é um "americano na terra prometida" (e isso, para eles, faz a MAIOR diferença, acredite), agüente firme as porradas da vida que as coisas vão melhorar, meu rapaz. Nesse contexto, ele ganha o apelido de "O Homem Cinderela", o que, convenhamos não é a melhor das alcunhas para um cara que, todo mês, tem que enfrentar um outro querendo descer o cacete nele. Um nome desses é um puta incentivo psicoIógioco! "Oba, hoje vou lutar contra uma mulherzinha de vestido!" Imaginemos se a moda tivesse pegado :"E nesse canto, pesando 120 quilos, 130 lutas, 140 nocautes, o campeão dos estivadores do Alaska... Gata Borralheiraaaaaa!!!" "Não perca hoje sensacional decisão dos pesos -pesados: Chapeuzinho Vermelho contra Branca de Neve!" Não dá! É ridículo!
O filme não é simplesmente a biografia de James Braddock, mas tem seu foco na superação de uma época dura onde a falência da economia e o conseqüente desemprego arrasaram vidas e mais vidas. Tanto que, volta e meia, em "Luta Pela Esperança" é lembrado o fato de Braddock nunca ter sido nocauteado em sua carreira como lutador. Simbólico, não? Agora, olha só, se você também não viu Seabiscuit, não posso fazer nada, seu alienado sem vergonha...
"Luta Pela Esperança" tem seus méritos. O diretor Ron Howard é um especialista em películas comerciais e bem feitas tecnicamente. Ex-ator, trabalhou na clássica série de televisão "Happy Days". Não conhece também? Porra, mas tu é burro, hein? Já viu um o clipe do Weezer da música "Buddy Holy"? Pois é, é uma homenagem a essa série. Howard já dirigiu filmes como "Cocoon", "Apolo 13" e "Uma Mente Brilhante", este último com o mesmo Crowe-Magnon dando uma de matemático... patético... o filme tem a texana quase européia Renée Zellweger (mãe suíça, pai norueguês) em um papel aquém de suas possibilidades dramáticas, Paul Giamatti, que tende a fazer sempre o papel de... Paul Giamatti (!!!), uma tradicional fotografia em tons pastéis para remontar a uma época passada, alguns arroubos melodramáticos dispensáveis e, acima de tudo, um roteiro relativamente bem amarrado que tenta não delatar de modo prematuro o final. Agora, o que realmente impressiona são as coreografias de boxe... as lutas e a edição dessas seqüências são impecáveis fazendo que "Luta Pela Esperança" seja um filme inovador no aspecto de realismo do esporte. Veja toda a série "Rock, o Lutador" e irá perceber a diferença. É o mesmo que comparar o "Furacão 2000" com o balé Bolshoi. Quando o sr. Crowe solta a munheca na lata de um coitado qualquer há velocidade e impacto, coisas que nunca tinha visto tão bem feitas em outras produções que contenham a já mencionada "nobre arte" (que de "nobre" e de "arte" não tem nada... ). É tão perfeito que acho até que o Russel Crowe bateu de verdade nos colegas! E nem precisou de telefone nem nada!!!
Cheguei ao final de "Cinderella Man" / "Luta Pela Esperança" bastante satisfeito com o que vi, mas com a bunda gelada e com o chato do lanterninha me expulsando do cinema e dizendo que ia chamar a polícia, etc. Eles passam um filme com um título malicioso e dúbio como esse e eu é que tenho que ir pra cadeia... francamente!
Adolar Gangorra, 92 anos, é editor do site www.adolargangorra.com.br e, quando jovem, costumava ir ao teatro, mas depois que inventaram o cinema parou com essa merda.
terça-feira, 3 de março de 2009
MENDIGOS, MENDIGOS, NEGÓCIOS À PARTE
O sistema capitalista, assim como seu primo distante, o regime socialista, vêm sendo capazes de gerar, através dos anos, as mais inacreditáveis e bizarras anomalias sociais. Como toda utopia fanática, tais doutrinas nunca se cansaram de pregar uma retidão de princípios euclidiana à prova de incoerências. E assim, todos os naturais desvios de rota de ambas são ignorados da forma mais hipócrita possível pelos "governos" (vamos chamar assim por uma questão de etiqueta...) que os implantam. Claras imperfeições como, por exemplo, a mendicância, que há tempos imemoriais cresce avassaladoramente em progressão geométrica, é um bom exemplo deste descuido pantagruélico.
Os raros governos com alguma vergonha na cara ficam desesperados com a presença infame das legiões de pedintes existentes, não por preocupações humanitárias, mas sim porque os milhões de cidadãos paupérrimos representam a prova cabal de uma absoluta inaptidão administrativa e também a inexistência de uma teoria econômica perfeita. Numericamente, o mendigo é o atestado de incompetência dos políticos, administradores, tecnocratas e outros paspalhões do gênero.
Suspeita-se que se o patriarca Moisés tivesse esquecido de anotar nas tábuas sagradas o mandamento "Não Matarás", não haveria hoje um só esmoleiro sequer na face da Terra. Sim, pois os governantes não hesitariam um micronésimo de segundo em mandar "aquele mondrongo chato da esquina" para a fogueira se o homicídio fosse uma prática legalizada (se bem que, pelo panorama mundial contemporâneo, esteja faltando muito pouco para isso...)
Após estas constatações, o que fazer? Existiria uma solução eficaz para tal problema? O que fazer com a mendigada? Dar um trocado? Dar no pé? Dar um banho? O problema realmente é sério. Já que atualmente temos assistido a uma massificação da economia de mercado globalizado e a um recrudescimento descontrolado do sistema capitalista, nada mais justo do que aplicar esta mesma doutrina em seu próprio bojo, ou seja, nos seus inocentes filhos bastardos, com o chamado "Agenciamento de Mendigos".
Calcado nas leis trabalhistas vigentes e na mais pura ética profissional, o Agenciamento de Mendigos seria mais uma atividade econômica moderna que qualquer pessoa jurídica poderia exercer e, conseqüentemente, criar empregos, pagar impostos e gerar lucros. Uma Agência de Mendigos, depois de ser devidamente registrada e de posse de um alvará de funcionamento, contrataria um número determinado de pedintes. Estes trabalhariam nas ruas e domicílios, captando recursos direto da população.
Os contratados ganhariam um salário baseado em uma percentagem preestabelecida pela Agência, de acordo com o faturamento bruto de cada mendigo. Os esmoleiros seriam classificados em dez categorias diferentes, de acordo com a especialização de cada um (veja lista abaixo).
Como estratégia de marketing, as Agências de Mendigos poderiam designar um funcionário fixo para cada região. Assim, com o tempo, criar-se-ia um hábito de esmola seguro e confiável, pois a população acabaria se acostumando com o miserável que batesse regularmente à sua porta. Para reforçar essa relação, o pobretão usaria um crachá que sanaria a questão da segurança. E para incentivar o seu staff, estimulando a competição interna, as Agências poderiam oferecer bonificações extras. Tal como as cadeias de fast food fazem, poderia se afixar na empresa um quadro com a fotografia do mendigo de maior faturamento no período de trinta dias, com o título de "O Pé Inchado do Mês".
Tudo isso conferiria ao mendigão uma cidadania redentora, uma auto-estima inédita e o profissionalizaria, pondo-o no mesmo pé de igualdade de um trabalhador qualquer como, por exemplo, um deputado, de um apresentador de programas da tv aberta e, principalmente, dos colunistas sociais.
O Agenciamento de Mendigos é, indubitavelmente, a saída mais viável e indicada para a salvação da pululante multidão de parias do planeta. Já que, para o sistema, investir em Educação e Saúde é muito menos lucrativo e, por assim dizer, "excitante", eis uma solução realmente funcional para uma questão seriíssima que a sociedade insiste em ignorar e que tem dado mostras hemorrágicas de tender para o infinito. Com o Agenciamento de Mendigos, o capitalismo selvagem poderá mostrar que, sob sua incansável criatividade até mesmo problemas a serem resolvidos são capazes de dar lucro!
CATEGORIA - MODUS OPERANDI - LUCRO MÉDIO
CATEGORIA
Pobre-Miserável
MODUS OPERANDI
Conta história quilométrica recheada de desgraças apocalípticas. Quase chora.
LUCRO MÉDIO
15%
CATEGORIA
Bêbado
MODUS OPERANDI
Pede dinheiro totalmente encachaçado e ainda diz que é para comprar pão.
LUCRO MÉDIO
Não na cara
CATEGORIA
Pidão-Compulsivo
MODUS OPERANDI
Não aceita "não" como resposta. Pede qualquer coisa. Utiliza a seguinte ordem: jornal velho, prato de comida, roupa usada, "trocado pra interá a passage".
LUCRO MÉDIO
60%
CATEGORIA
Aleijado
MODUS OPERANDI
Geralmente trabalha em ponto fixo e conta com auxiliar inexpressivo. Às vezes toca algum instrumento. Varia de cego a homem-tronco.
LUCRO MÉDIO
80%
CATEGORIA
Mãe com Criancinhas
MODUS OPERANDI
Mulher de aparência etíope com, no mínimo, quatro crianças (sendo uma de colo). Explica que o marido morreu ou se pirulitou. Costuma atuar em semáforos.
LUCRO MÉDIO
65%
CATEGORIA
Imigrante
MODUS OPERANDI
Pede grana para poder voltar à terra natal pois foi roubado e não consegue arranjar trabalho. Costuma dar a bênção.
LUCRO MÉDIO
50%
CATEGORIA
Louco
MODUS OPERANDI
Canta todas a músicas do Raul Seixas e fala sozinho na rua, assustando a clientela. Não faz muito sucesso. Carrega saco.
LUCRO MÉDIO
5%
CATEGORIA
Mostra-Bilhetinho
MODUS OPERANDI
Inexplicavelmente apresenta um papel com hieróglifos solicitando algum auxílio monetário.
LUCRO MÉDIO
O papelzinho de volta
CATEGORIA
Velho
MODUS OPERANDI
Emite sons ininteligíveis, sempre com a mão estendida. Perde a paciência facilmente; resmunga, reclama e xinga.
LUCRO MÉDIO
30%
CATEGORIA
Grupo de Moleques
MODUS OPERANDI
Alguns gastam os rendimentos em balinha e outros em cola de sapateiro.
LUCRO MÉDIO
50% ou tiro na cabeça
Adolar Gangorra, 58 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não dá esmolas. Dá cidadania! Todas as moedinhas de cidadania que tiver no bolso...
Os raros governos com alguma vergonha na cara ficam desesperados com a presença infame das legiões de pedintes existentes, não por preocupações humanitárias, mas sim porque os milhões de cidadãos paupérrimos representam a prova cabal de uma absoluta inaptidão administrativa e também a inexistência de uma teoria econômica perfeita. Numericamente, o mendigo é o atestado de incompetência dos políticos, administradores, tecnocratas e outros paspalhões do gênero.
Suspeita-se que se o patriarca Moisés tivesse esquecido de anotar nas tábuas sagradas o mandamento "Não Matarás", não haveria hoje um só esmoleiro sequer na face da Terra. Sim, pois os governantes não hesitariam um micronésimo de segundo em mandar "aquele mondrongo chato da esquina" para a fogueira se o homicídio fosse uma prática legalizada (se bem que, pelo panorama mundial contemporâneo, esteja faltando muito pouco para isso...)
Após estas constatações, o que fazer? Existiria uma solução eficaz para tal problema? O que fazer com a mendigada? Dar um trocado? Dar no pé? Dar um banho? O problema realmente é sério. Já que atualmente temos assistido a uma massificação da economia de mercado globalizado e a um recrudescimento descontrolado do sistema capitalista, nada mais justo do que aplicar esta mesma doutrina em seu próprio bojo, ou seja, nos seus inocentes filhos bastardos, com o chamado "Agenciamento de Mendigos".
Calcado nas leis trabalhistas vigentes e na mais pura ética profissional, o Agenciamento de Mendigos seria mais uma atividade econômica moderna que qualquer pessoa jurídica poderia exercer e, conseqüentemente, criar empregos, pagar impostos e gerar lucros. Uma Agência de Mendigos, depois de ser devidamente registrada e de posse de um alvará de funcionamento, contrataria um número determinado de pedintes. Estes trabalhariam nas ruas e domicílios, captando recursos direto da população.
Os contratados ganhariam um salário baseado em uma percentagem preestabelecida pela Agência, de acordo com o faturamento bruto de cada mendigo. Os esmoleiros seriam classificados em dez categorias diferentes, de acordo com a especialização de cada um (veja lista abaixo).
Como estratégia de marketing, as Agências de Mendigos poderiam designar um funcionário fixo para cada região. Assim, com o tempo, criar-se-ia um hábito de esmola seguro e confiável, pois a população acabaria se acostumando com o miserável que batesse regularmente à sua porta. Para reforçar essa relação, o pobretão usaria um crachá que sanaria a questão da segurança. E para incentivar o seu staff, estimulando a competição interna, as Agências poderiam oferecer bonificações extras. Tal como as cadeias de fast food fazem, poderia se afixar na empresa um quadro com a fotografia do mendigo de maior faturamento no período de trinta dias, com o título de "O Pé Inchado do Mês".
Tudo isso conferiria ao mendigão uma cidadania redentora, uma auto-estima inédita e o profissionalizaria, pondo-o no mesmo pé de igualdade de um trabalhador qualquer como, por exemplo, um deputado, de um apresentador de programas da tv aberta e, principalmente, dos colunistas sociais.
O Agenciamento de Mendigos é, indubitavelmente, a saída mais viável e indicada para a salvação da pululante multidão de parias do planeta. Já que, para o sistema, investir em Educação e Saúde é muito menos lucrativo e, por assim dizer, "excitante", eis uma solução realmente funcional para uma questão seriíssima que a sociedade insiste em ignorar e que tem dado mostras hemorrágicas de tender para o infinito. Com o Agenciamento de Mendigos, o capitalismo selvagem poderá mostrar que, sob sua incansável criatividade até mesmo problemas a serem resolvidos são capazes de dar lucro!
CATEGORIA - MODUS OPERANDI - LUCRO MÉDIO
CATEGORIA
Pobre-Miserável
MODUS OPERANDI
Conta história quilométrica recheada de desgraças apocalípticas. Quase chora.
LUCRO MÉDIO
15%
CATEGORIA
Bêbado
MODUS OPERANDI
Pede dinheiro totalmente encachaçado e ainda diz que é para comprar pão.
LUCRO MÉDIO
Não na cara
CATEGORIA
Pidão-Compulsivo
MODUS OPERANDI
Não aceita "não" como resposta. Pede qualquer coisa. Utiliza a seguinte ordem: jornal velho, prato de comida, roupa usada, "trocado pra interá a passage".
LUCRO MÉDIO
60%
CATEGORIA
Aleijado
MODUS OPERANDI
Geralmente trabalha em ponto fixo e conta com auxiliar inexpressivo. Às vezes toca algum instrumento. Varia de cego a homem-tronco.
LUCRO MÉDIO
80%
CATEGORIA
Mãe com Criancinhas
MODUS OPERANDI
Mulher de aparência etíope com, no mínimo, quatro crianças (sendo uma de colo). Explica que o marido morreu ou se pirulitou. Costuma atuar em semáforos.
LUCRO MÉDIO
65%
CATEGORIA
Imigrante
MODUS OPERANDI
Pede grana para poder voltar à terra natal pois foi roubado e não consegue arranjar trabalho. Costuma dar a bênção.
LUCRO MÉDIO
50%
CATEGORIA
Louco
MODUS OPERANDI
Canta todas a músicas do Raul Seixas e fala sozinho na rua, assustando a clientela. Não faz muito sucesso. Carrega saco.
LUCRO MÉDIO
5%
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Mostra-Bilhetinho
MODUS OPERANDI
Inexplicavelmente apresenta um papel com hieróglifos solicitando algum auxílio monetário.
LUCRO MÉDIO
O papelzinho de volta
CATEGORIA
Velho
MODUS OPERANDI
Emite sons ininteligíveis, sempre com a mão estendida. Perde a paciência facilmente; resmunga, reclama e xinga.
LUCRO MÉDIO
30%
CATEGORIA
Grupo de Moleques
MODUS OPERANDI
Alguns gastam os rendimentos em balinha e outros em cola de sapateiro.
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50% ou tiro na cabeça
Adolar Gangorra, 58 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não dá esmolas. Dá cidadania! Todas as moedinhas de cidadania que tiver no bolso...
domingo, 1 de março de 2009
A SOLIDÃO DA VIDA PRIVADA
Está mais do que provado que o homem é um ser puramente social. Não vive sozinho nem à cacete. Por isso, foi adaptando todas as suas necessidades ao coletivo. Pode-se nascer, crescer, comer, dormir e até morrer com, pelo menos, alguém do lado. Entretanto, existe uma atividade fundamental que foi ocultada, sem explicação, do testemunho do grupo. Condenada a um exílio eterno e sem direito a julgamento. Refiro-me, com pesar, ao solitário ato defecativo, o famoso "fazer cocô", este eremita injustiçado pelo mundo.
O "cocô diário" é imprescindível para a boa saúde do organismo, porém é tratado como uma vergonhosa anomalia biológica. Todo mundo faz, mas ninguém admite: "Desculpe professor, cheguei atrasado hoje porque estava cagando sinistro em casa!" Esta frase não passa de uma utopia maravilhosa simplesmente porque a sociedade resolveu omitir o cagar por ainda não estar preparada para entender sua grandeza e importância.
Por que somos obrigados a fazer cocô sozinhos? Ninguém sabe realmente. A desculpa esfarrapada que cagar é nojento e repugnante não convence nem o mais ingênuo dos mortais. Certos programas de televisão que estão por aí são muito mais repulsivos. A verdade é que se o ser humano tivesse se habituado a obrar na frente do seu semelhante teria desenvolvido enormemente a virtude da tolerância e hoje não teríamos conflitos de nenhuma espécie: brancos abraçariam negros, judeus rezariam com árabes, palmeirenses incentivariam corinthianos, genros odiariam sogras e vice-versa. Porque ao cagar e ver cagar, o homem se humanizaria realmente. Aceitaria melhor o íntimo alheio. Não idealizaria a perfeição e assim seria incapaz de exigi-la do seu próximo. Ali, de cócoras, com as mãos na barriga e com a testa franzida, o indivíduo é apenas mais um cagão, desprovido de vontades, status, quimeras e paixões. É somente e tão somente um manso de espírito, de mente e reto abertos para o Universo. Poderíamos cagar de agachadinhos e de mãos dadas como irmãos... que lindo seria!
A todo o momento a sociedade tenta desesperadamente esquecer que todos os seus 6,5 bilhões de membros fazem cocô todo santo dia... e como fazem! É lei imutável da Natureza. Porém, tudo é arranjado para que nem você se lembre de defecar: "O que? Deve estar havendo algum engano. Eu não faço este tipo de coisa!", ou então: "Quem? Eu? Sinceramente, Fontana, eu nunca produzi um bostolete na vida!" A família, A Igreja, o Exército, a publicidade, todos teimam em ignorar o resultado da digestão custe o que custar. Ninguém gosta de imaginar a Xuxa fazendo uma força dos diabos na privada, só que a verdade nua e crua é que é que a rainha dos baixinhos também estrangula o moreno todo o dia no alto do seu "trono".
Gisele Bündchen? Linda... sexy... perfeita... demite o tolentino assim que lhe dão uma chance! Bruna Lombardi? É só lembrar do seu programa de tv para notar a sua enorme intimidade com a arte de pintar a louça de marrom. Julia Roberts? Caga. Cameron Diaz? Também caga. Sharon Stone? Faz mais cocô do que eu e você juntos! Até os objetos relativos ao universo merdal tentam inutilmente fantasiar a realidade. Veja só: vaso sanitário, toalete, papel higiênico, banheiro, etc. Banheiro? Como se o banho fosse a coisa mais importante a ser feita nesse aposento! Qualquer um pode passar 5 dias sem tomar banho, agora imagine esse mesmo período sem cagar! Hospital na certa! Banheiro, uma conversa! O nome certo deveria ser "cagueiro"!
Infelizmente, um retrato da farsa em que vivemos pode ser encontrado num famoso verso popular que diz: "Quando cago, sinto uma solidão profunda. A bosta bate na água e a água bate na bunda". Um dia, talvez, poderemos ler em uma prosaica parede de banheiro (ou cagueiro): "Quando cago, me sinto aliviado, pois posso olhar para esse cagão aqui do meu lado."
Adolar Gangorra, 58 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e faz na sua vida pública o mesmo que faz na privada.
O "cocô diário" é imprescindível para a boa saúde do organismo, porém é tratado como uma vergonhosa anomalia biológica. Todo mundo faz, mas ninguém admite: "Desculpe professor, cheguei atrasado hoje porque estava cagando sinistro em casa!" Esta frase não passa de uma utopia maravilhosa simplesmente porque a sociedade resolveu omitir o cagar por ainda não estar preparada para entender sua grandeza e importância.
Por que somos obrigados a fazer cocô sozinhos? Ninguém sabe realmente. A desculpa esfarrapada que cagar é nojento e repugnante não convence nem o mais ingênuo dos mortais. Certos programas de televisão que estão por aí são muito mais repulsivos. A verdade é que se o ser humano tivesse se habituado a obrar na frente do seu semelhante teria desenvolvido enormemente a virtude da tolerância e hoje não teríamos conflitos de nenhuma espécie: brancos abraçariam negros, judeus rezariam com árabes, palmeirenses incentivariam corinthianos, genros odiariam sogras e vice-versa. Porque ao cagar e ver cagar, o homem se humanizaria realmente. Aceitaria melhor o íntimo alheio. Não idealizaria a perfeição e assim seria incapaz de exigi-la do seu próximo. Ali, de cócoras, com as mãos na barriga e com a testa franzida, o indivíduo é apenas mais um cagão, desprovido de vontades, status, quimeras e paixões. É somente e tão somente um manso de espírito, de mente e reto abertos para o Universo. Poderíamos cagar de agachadinhos e de mãos dadas como irmãos... que lindo seria!
A todo o momento a sociedade tenta desesperadamente esquecer que todos os seus 6,5 bilhões de membros fazem cocô todo santo dia... e como fazem! É lei imutável da Natureza. Porém, tudo é arranjado para que nem você se lembre de defecar: "O que? Deve estar havendo algum engano. Eu não faço este tipo de coisa!", ou então: "Quem? Eu? Sinceramente, Fontana, eu nunca produzi um bostolete na vida!" A família, A Igreja, o Exército, a publicidade, todos teimam em ignorar o resultado da digestão custe o que custar. Ninguém gosta de imaginar a Xuxa fazendo uma força dos diabos na privada, só que a verdade nua e crua é que é que a rainha dos baixinhos também estrangula o moreno todo o dia no alto do seu "trono".
Gisele Bündchen? Linda... sexy... perfeita... demite o tolentino assim que lhe dão uma chance! Bruna Lombardi? É só lembrar do seu programa de tv para notar a sua enorme intimidade com a arte de pintar a louça de marrom. Julia Roberts? Caga. Cameron Diaz? Também caga. Sharon Stone? Faz mais cocô do que eu e você juntos! Até os objetos relativos ao universo merdal tentam inutilmente fantasiar a realidade. Veja só: vaso sanitário, toalete, papel higiênico, banheiro, etc. Banheiro? Como se o banho fosse a coisa mais importante a ser feita nesse aposento! Qualquer um pode passar 5 dias sem tomar banho, agora imagine esse mesmo período sem cagar! Hospital na certa! Banheiro, uma conversa! O nome certo deveria ser "cagueiro"!
Infelizmente, um retrato da farsa em que vivemos pode ser encontrado num famoso verso popular que diz: "Quando cago, sinto uma solidão profunda. A bosta bate na água e a água bate na bunda". Um dia, talvez, poderemos ler em uma prosaica parede de banheiro (ou cagueiro): "Quando cago, me sinto aliviado, pois posso olhar para esse cagão aqui do meu lado."
Adolar Gangorra, 58 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e faz na sua vida pública o mesmo que faz na privada.
CATÁLOGO URBANO-SOCIAL Porque rotular é preciso...
Desde que o filósofo grego Aristóteles iniciou o estudo das espécies conhecidas, passando pelas valiosas contribuições do naturalista sueco Lineu e chegando no importante sistema classificatório desenvolvido pelos Power Rangers, que o ser humano opta por "agrupar para entender". Sendo assim, Os Reis da Gambiarra, seguindo também a inexorável marcha da Ciência, apresenta agora sua relevante contribuição: o Catálogo Urbano-Social. Sim, pois a fauna urbana encontrada hoje nos grandes centros é ainda desconhecida e muito da escrota, por assim dizer. Veja nas fichas abaixo a qual grupo você pertence (apesar de todo mundo na sua rua já ter uma boa idéia a respeito disso... )
O GORDO
Nome científico: Saccus dibanhae
Nome popular - Gordo, Gordão, Gordo-Safado, Gordo-Sem-Vergonha, Porra,-Já-Comeu-Tudo?, Rolha de Poço, Cintura de Quibe, Mapa-Múndi, Chupeta de Baleia, etc.
Habitat - Em geral, à mesa. Mas ainda pode-se encontrar o Gordo na sombra, no gol, no fim da fila e abaixado fuçando na geladeira de madrugada. Também existem alguns Gordos dando um tempo em spas e clinicas de endocrinologia. Mas é só um tempinho mesmo...
Hábitos Alimentares - TUDO! O Gordo come de tudo! Não rejeita nada. Desde buchada de bode preto até Bala Juquinha, o Gordo é incapaz de rejeitar qualquer coisa digerível. "Incapaz"... esse é um adjetivo que combina muito bem com o Gordo.
Particularidades - O Gordo tem fama de ser simpático, alegre e brincalhão. Também pudera: alguém que vive sempre com o bucho lotado não tem nada do que reclamar mesmo!
O PLAYBOY
Nome científico: Hacefallus motoryzadus
Nome popular - Playboy, Boy, Boyzinho, Filhinho de Papai, Filhinho de Mamãe, Filhinho da Puta, etc.
Habitat - Basicamente, nos lugares da moda, boites, academias de musculação e jiu-jitsu. Regularmente, em lojas de acessórios para carro, corridas de carro e, principalmente, dentro de um carro. Constantemente, em cursinhos pré-vestibular e supletivos.
Hábitos Alimentares - Sanduíches, refrigerantes, batatas fritas, bebidas alcoólicas, pizzas, milk-shakes, etc. O Playboy não é muito exigente: no final, acaba comendo qualquer uma...
Particularidades - Pouco se conhece a respeito desse curioso animal, pois o Playboy além de ser uma criatura noturna, não consegue se comunicar direito, exceto com membros de sua própria espécie, isso devido a enorme pobreza de seu vocabulário e também porque ninguém é obrigado a passar o dia inteiro conversando sobre o Audi A-4.
O P. I. M. B. A.
Nome científico: Pseudo Intelectual Metido a Besta Associado
Nome popular - P.I.M.B.A., Esquisitão, Cabeça, Intelectuerda, Olha-Aquele-Viadinho-Ali-de-Preto!
Habitat - Você terá o desprazer de encontrar o P.I.M.B.A. em vernissages, cafés, festivais de cinema, shows de bandas de rock alternativas, performances de vanguarda e consultórios de proctologia.
Hábitos Alimentares - O P.I.M.B.A. a-do-ra devorar os 2ºs cadernos dos jornais, capas de revistas importadas e as orelhas dos livros mais vendidos. O P.I.M.B.A. é quase sempre, vegetariano. Gosta muito de cenoura, pepino e mandioca. Porém não considera politicamente incorreto o consumo de carne, sendo apreciador de um exótico cardápio aviário: encara com um sardônico sorriso reprimido e de olhinhos quase fechados, peru com ovos, pinto ao molho branco, pomba-rôla e ganso re-afogado. Na cozinha, o P.I.M.B.A.
revela-se um cozinheiro relapso, deixando a rosquinha queimar propositadamente. Todo P.I.M.B.A. come regularmente um baralho, para ter pelo menos, um rei na barriga. O P.I.M.B.A. prefere ter uma atitude passiva em relação ao verbo comer. Na verdade, todo P.I.M.B.A. é mesmo duro de engolir!
Particularidades - O P.I.M.B.A. é identificado por usar roupas escuras, óculos com armações grossas, sapatinhos esdrúxulos, costeletas da moda e por ter a postura cervical de uma seriema. O P.I.M.B.A. se considera muito culto e informado, mas ignora quem seja o Moreira da Silva ou o Ernesto Nazaré e antes do David Byrne falar a respeito, achava que Tom Zé era personagem de desenho animado. Segundo uma definição de um membro da espécie: "Nós procuramos revisitar um conceito pós-moderno a nível de releitura do belo e do viés do processo neoclássico do ser humano, enquanto ser e enquanto humano, em um olhar kantiano da poética existencialista fake e engajada tupiniquim". Resumindo: o P.I.M.B.A. é um escroto mesmo...
Na próxima edição, mais três fichas do Catálogo Urbano-Social para sua coleção: O Chato, O Nerd e O Toureiro Hindu.
Adolar Gangorra tem 54 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e luta para que hajam mais P.I.M.B.A.s no meio acadêmico... de musculação, é claro.
O GORDO
Nome científico: Saccus dibanhae
Nome popular - Gordo, Gordão, Gordo-Safado, Gordo-Sem-Vergonha, Porra,-Já-Comeu-Tudo?, Rolha de Poço, Cintura de Quibe, Mapa-Múndi, Chupeta de Baleia, etc.
Habitat - Em geral, à mesa. Mas ainda pode-se encontrar o Gordo na sombra, no gol, no fim da fila e abaixado fuçando na geladeira de madrugada. Também existem alguns Gordos dando um tempo em spas e clinicas de endocrinologia. Mas é só um tempinho mesmo...
Hábitos Alimentares - TUDO! O Gordo come de tudo! Não rejeita nada. Desde buchada de bode preto até Bala Juquinha, o Gordo é incapaz de rejeitar qualquer coisa digerível. "Incapaz"... esse é um adjetivo que combina muito bem com o Gordo.
Particularidades - O Gordo tem fama de ser simpático, alegre e brincalhão. Também pudera: alguém que vive sempre com o bucho lotado não tem nada do que reclamar mesmo!
O PLAYBOY
Nome científico: Hacefallus motoryzadus
Nome popular - Playboy, Boy, Boyzinho, Filhinho de Papai, Filhinho de Mamãe, Filhinho da Puta, etc.
Habitat - Basicamente, nos lugares da moda, boites, academias de musculação e jiu-jitsu. Regularmente, em lojas de acessórios para carro, corridas de carro e, principalmente, dentro de um carro. Constantemente, em cursinhos pré-vestibular e supletivos.
Hábitos Alimentares - Sanduíches, refrigerantes, batatas fritas, bebidas alcoólicas, pizzas, milk-shakes, etc. O Playboy não é muito exigente: no final, acaba comendo qualquer uma...
Particularidades - Pouco se conhece a respeito desse curioso animal, pois o Playboy além de ser uma criatura noturna, não consegue se comunicar direito, exceto com membros de sua própria espécie, isso devido a enorme pobreza de seu vocabulário e também porque ninguém é obrigado a passar o dia inteiro conversando sobre o Audi A-4.
O P. I. M. B. A.
Nome científico: Pseudo Intelectual Metido a Besta Associado
Nome popular - P.I.M.B.A., Esquisitão, Cabeça, Intelectuerda, Olha-Aquele-Viadinho-Ali-de-Preto!
Habitat - Você terá o desprazer de encontrar o P.I.M.B.A. em vernissages, cafés, festivais de cinema, shows de bandas de rock alternativas, performances de vanguarda e consultórios de proctologia.
Hábitos Alimentares - O P.I.M.B.A. a-do-ra devorar os 2ºs cadernos dos jornais, capas de revistas importadas e as orelhas dos livros mais vendidos. O P.I.M.B.A. é quase sempre, vegetariano. Gosta muito de cenoura, pepino e mandioca. Porém não considera politicamente incorreto o consumo de carne, sendo apreciador de um exótico cardápio aviário: encara com um sardônico sorriso reprimido e de olhinhos quase fechados, peru com ovos, pinto ao molho branco, pomba-rôla e ganso re-afogado. Na cozinha, o P.I.M.B.A.
revela-se um cozinheiro relapso, deixando a rosquinha queimar propositadamente. Todo P.I.M.B.A. come regularmente um baralho, para ter pelo menos, um rei na barriga. O P.I.M.B.A. prefere ter uma atitude passiva em relação ao verbo comer. Na verdade, todo P.I.M.B.A. é mesmo duro de engolir!
Particularidades - O P.I.M.B.A. é identificado por usar roupas escuras, óculos com armações grossas, sapatinhos esdrúxulos, costeletas da moda e por ter a postura cervical de uma seriema. O P.I.M.B.A. se considera muito culto e informado, mas ignora quem seja o Moreira da Silva ou o Ernesto Nazaré e antes do David Byrne falar a respeito, achava que Tom Zé era personagem de desenho animado. Segundo uma definição de um membro da espécie: "Nós procuramos revisitar um conceito pós-moderno a nível de releitura do belo e do viés do processo neoclássico do ser humano, enquanto ser e enquanto humano, em um olhar kantiano da poética existencialista fake e engajada tupiniquim". Resumindo: o P.I.M.B.A. é um escroto mesmo...
Na próxima edição, mais três fichas do Catálogo Urbano-Social para sua coleção: O Chato, O Nerd e O Toureiro Hindu.
Adolar Gangorra tem 54 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e luta para que hajam mais P.I.M.B.A.s no meio acadêmico... de musculação, é claro.
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